Ferrus:
Sai furioso, remanguei a camisa, mostrando os braços. Bati na porta da cabine do capitão.
-Buenas jovem gaiteiro.
-Em breve doutor!-brinquei com sarcasmo.
-Mas que bueno.
-Quero a Negra!-ordenei.-Aqui, pode comprar duas com isto.
-Pra que quer uma negra se pode comprar duas!-rebateu ele.
-Me apeguei a está, já conhece minhas manias, e a quero!
Ele levantou uma sobrancelha e o olhei com arrogância.
-Bueno, é sua.
-Quero a carta de compra dela.
Ele caminhou até uma escrivaninha e procurou entre os papéis, ele assinou a venda dela e assinei os papéis de compra, quando eu chegar vou dar um jeito de assinar a alforria dela. Entrei no quarto Afonso estava jogado na minha maca com o braço sob os olhos.
-Aqui, Monifa é sua!
-Ferrus tu conseguiu?!
-Por você eu faço tudo meu amor!
Afonso grudou os lábios nos meus me beijando com força, enlaçou os braços no meu pescoço e beijou todo meu rosto. Sorri contente.
Toc toc.
Afonso abriu a porta e Monifa estava com a bandeja do jantar.
-Moni pode por ali pra mim?
-Claro!
Moni entrou e depois que soltou a bandeja Afonso pegou suas mãos.
-Moni tenho uma proposta a lhe fazer.
-Eu. . . tenho dono Afonso. . .
-Não tem mais, Ferrus a comprou e assim que chegarmos ao Rio vamos lhe assinar sua carta de alforria.
-Isso quer dizer que estou livre?-Suas lágrimas escorreram manchando suas bochechas.
-Está!
-Pra onde vou? O que faço?
-Tenho uma proposta a lhe fazer!-disse Afonso lhe segurando o rosto.-Quer trabalhar pra mim senhorita Monifa, lhe darei um salário e cuidará de mim e de Ferrus, pelo menos até você achar um emprego melhor.
-Não terei patrões mió que vosmecês.
-Então aceita?
-Sim!
Afonso a abraçou e eu fiz o mesmo, abraçando aos dois.
-Junte seus pertences vai descer conosco amanhã quando chegarmos.-falei.
-Não tenho nada meu.
-Creio que teremos de ir as compras Afonso!
-Sim, lhe comprarei sapatos e vestidos.
-Nunca . . . sonhei tão alto assim. . .
-Isso não é sonhar alto Moni. Com o tempo vai aprender o que é sonhar alto. -lhe falei olhando em seus olhos de ébano.
Ela assentiu chorando.
-Vou terminar meu trabalho de hoje, para não ter nenhum problema.-Disse ela.
-Vá, nos vemos amanhã pela manhã Moni!
A beijamos cada um em uma bochecha e ela se foi contente. Afonso pulou em meu colo enlaçando as pernas em meus quadris. . .
. . .
Pela manhã arrumei minhas coisas ao lado de Afonso, atravessei a adaga em minha cintura nas costas. Afonso jogou a mala de garupa sob o ombro e fiz o mesmo, um último beijo antes de sair da cabine, olhei para ver se não ficou nada para trás.
-Está com o documento de Monifa?
-Em mãos!-falei tirando de meu bolso.
-//-.
Afonso.
É injusto que um ser humano tenha o mesmo valor de um cavalo, isso é abominável. Monifa nos esperava segurando a própria mão diante de seu corpo, com a cabeça baixa.
-O que ouve meu bem?-perguntei lhe levantando o rosto.
-Nada não!-disse ela fingindo um sorriso.
-Então vamos.-Coloquei uma mão em suas costas e Moni arquejou de dor.-Moni quem te tocou?
-Vamos simbora, não carece se preocupar cum eu.
-Monifa quem e quando foi tocada, exijo saber Monifa.
-O Capitão mandou eu levar três chibatadas por ter conquistado vosmecês.-Sussurrou ela.
Dei volta.
-Afonso?!-chamou-me Ferrus.
Mas não lhe dei ouvidos. Entrei na cabine do capitão que ria enlaçado com uma china.
-Mas o quê é isso?!-disse ele.
-Saia china!-falei pegando minha adaga e calçando no pescoço do capitão.- Por que bateu em uma Negra que não era sua?
-Bati enquanto era minha!
-Não, bateu depois, exijo saber por que tocou em alguém que não lhe pertencia?
-Baixe a arma rapaz.
-Pois bem!-puxei o relho que ainda estava preso a minha guaiaca.-Pagará por destruir a pele de Monifa!
-Chamarei a guarda, estão em um estado diferente de. . . ai. . . pare!
-Chame e lhe tirarei o couro com minha adaga! -lhe dei tanto relhaço que marquei as mãos e pernas do capitão.-Se der um pio sobre isso, não só sua reputação ficará manchada como também sua honra, sou a pior espécie desta terra Capitão.
-Nã-Não contarei, pare por favor!
Lhe dei um último relhaço antes de sair da cabine, ouvi o clic de uma garrucha e o grito de dor quando me virei de frente para Ferrus que estava as minhas costas. A adaga de Ferrus estava cravada na mão do capitão. Ele caminhou até ele lhe tirando a faca.
-Sabe Capitão, quando ele lhe disse que era a pior espécie, deveria ter deduzido que ele não andava sozinho.
-Os amaldiçoo!
-Guarde isso para seu juízo final Capitão!-disse Ferruz colocando a adaga na bainha das costas e jogando a arma para longe. Sai daquela embarcação de alma lavada.
-Vosmecês mataram o Capitão?
-Não, mas ele pagou pelo que fez com você!
-Posso saber o que fez?
-Afonso lhe deu de relho!-disse Ferrus orgulhoso.
Moni colocou as mãos sob a boca e depois começou a rir. Encontramos um albergue.
-Quero dois quartos por favor!-disse Ferrus.
-Pois não!-disse uma senhora.-Há uma senzala lá nos fundos para sua negra!
-Monifa é minha cuidadora, dormirá comigo!-disse Ferrus com aquele olhar arrogante que fazia qualquer um baixar a crista.
-Como desejar senhor.
-Não precisamos de empregados, Monifa cuidará de nós dois, apenas quero que os outros empregados sejam cautelosos com ela.
-Claro senhor.
-Aqui as chaves dos quartos, é um de frente para o outro.
-Obrigado, gostaria que providenciasse um banho para nós!
-Claro!
Acompanhamos a mulher até os quartos no fim do corredor que se foi antes de entrarmos. Ferruz jogou sua mala de garupa por cima de meu ombro piscando o olho pra mim e entrou no outro quarto com Monifa. O que será que ele deve de tá falando com ela. Joguei as duas malas sob uma cadeira. Finalmente uma cama de casal, com lençóis limpos, confesso que se eu não estivesse me sentindo tão sujo me jogaria neles.
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Quando seus olhos me encontram
RomanceAqueles olhos quando me encontram eu consigo sentir, consigo ver mesmo de olhos fechados que ele me encara, e não entendo por que luto contra isso. . . É como se já nos conhecêssemos de outras vidas. Está história arco-íris conta sobre uma vida pass...