Afonso:
Mandei uma carta para meu pai.
"Estimado pai, estou voltando para casa com companhia, estou levando uma senhorita amável que cuida de mim desde que cheguei aqui, Monifa é negra, mas não é escrava, trabalha para mim. Também estou levando Ferrus Cortez como meu hóspede e amigo, fizemos amizade aqui a alguns anos e se isso for demais para o senhor me avise e eu ficarei por aqui."
Enquanto esperávamos a resposta de meu pai Ferrus negociava a casa por uma embarcação pequena.
"Estimado Filho, não direi que estou feliz por saber que você é amigo de um Cortez, mas pelo que aconteceu com sua família e o que está guerra está fazendo a todos não medirei esforços para aceitar isso, quanto a negra não vejo problemas, mandarei uma carruagem para pegar seus pertences."
Mandei outra carta avisando mais ou menos o dia que chegaríamos a Porto Alegre.
Era o suficiente para nós três e mais dois marujos que eram escravos, aprenderam a velejar e nos levariam direto a Porto Alegre.
-Você está bem Moni?-perguntei a vendo tensa.
-Não confio neles!-sussurrou-me.
Olhei para os dois negros musculosos que usavam calças em frangalhos, eles não tiravam os olhos de Moni. Pigarreei chamando a atenção dos dois.
-A senhorita Monifa é nossa irmã e exijo respeito com ela, se eu ver qualquer gracinha com ela vocês vão chegar em Porto Alegre e serão vendidos por qualquer ninharia, se nos levarem sem gracinhas e nos levarem o mais rápido possível o barco e a liberdade é de vocês!
Os dois me olharam boquiabertos e baixaram o olhar.
-Se eu descobrir que tentaram qualquer coisa com minha irmã vocês não vão chegar a Rio Grande pra contar a história.-Acrescentou Ferrus, passando a mão por sua espada.
-Venha minha irmã!-falei pegando sua mão e a levando a sua cabine.
-Moni, qualquer coisa você grita e nós vamos a proteger. Vou estar no encalço deles, mas tranque sua porta quando estiver no quarto.
-Obrigado irmão!
Mais de uma semana e eu não aguentava mais aquele barco, estava me dando nos nervos o jeito como eu pegava aqueles dois olhando minha irmã. Moni sentou no convés numa sombra para ler seu livro. Fingi não ver a troca de olhares dos dois e depois um deles foi sorrateiro até Moni, aguardei para ver suas intenções primeiro.
-Precisa de alguma coisa?-perguntou Ferrus atrás dele.
-Não Sinhô.
-O que faz perto de minha irmã?
-Só ia ver o cabo da vela sinhô, não ia nem fala cum ela.
-Hum.-disse Ferrus sentando ao lado de Moni e lhe dando um beijo na cabeça.-Sabe Moni, vou lutar por liberdade, mas não aceito um homem negro ou branco, vermelho ou amarelo, desrespeitar uma mulher.
-O admiro tanto Ferrus aos dois, tenho orgulho de chama-los de irmãos.
Sentei ao outro lado de Moni beijando sua têmpora.
-E nós também nos orgulhamos de você.
-Moni pelo visto só me sobrou as terras, eu vou vende-las e dar uma parte do dinheiro a você.-disse Ferrus.
-Não vamos nos separar Ferrus, não vamos morrer!-falei.
-Mas se acontecer quero deixar Monifa segura.
-Ela receberá minha herança, não tenho filhos e não terei e meu pai já está velho, vou deixar documentos passando tudo a você Moni.
-Eu não quero nada sem vocês. . .
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Quando seus olhos me encontram
RomantiekAqueles olhos quando me encontram eu consigo sentir, consigo ver mesmo de olhos fechados que ele me encara, e não entendo por que luto contra isso. . . É como se já nos conhecêssemos de outras vidas. Está história arco-íris conta sobre uma vida pass...