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Ferrus:

1 ano depois.

-Hoje é o aniversário de seu amado, quer vê-lo?

-Quero!

Ela passou a mão sob a água e lá estava a criança chorando no berço, vendo a mãe morta a sua frente.

-O que ouve?

-1 minuto! -disse ela fechando os olhos as imagens no lago voltaram, regrediram até o nascimento.

-Não entendo a língua deles.

-Nem eu, mas pelo que vi, o pai não aceitou a criança pela cor do cabelo, ambos têm cabelo claro como o de Alexandra e ele nasceu de cabelos pretos, ele acha que não é o pai da criança, a mãe apanhou dele e fugiu com a criança para outro lugar, veja está é a cidade. -Ela parou a imagem na noite aonde ela chegou em uma carroceria sem cavalos, desceu muita gente, ela caminhou com o bebê embrulhado passaram por uma torre com um relógio gigante. -Ela foi morar na casa de alguém e mesmo assim o homem a encontrou e a matou. Agora ele ficou só novamente.

-Quando vou encontrá-lo?

-Quando crescer!

-Não posso deixá-lo sozinho até lá, veja, ele sofre. . .

-Sim, e essa é a sina dele até encontrar você.

-Me lembre dele princesa, quando eu voltar, me lembre dele.

-Ele vai reconhecê-lo pelos olhos.

-Mas os olhos daquela mulher são de um azul. . .

-Você vai herdar tudo de ambos, menos os olhos para que ele possa te reconhecer.

-Como vou poder lhe agradecer princesa?

-Sendo feliz meu amigo! -sorriu ela e me abraçou.

Aquele mês todo, torci para que passasse rápido, mas os dias se prolongaram. Exatos um mês depois sai em volta da gruta para ver se ela havia voltado e sim, lá estavam eles montando acampamento. O Homem não me parecia muito contente de estar ali, mas ela estava radiante como o sol. Não fiquei para observar o resto voltei a gruta pra relatar o que vi.

-Seu pai não. . . não será bom com você. . . ele nem mesmo queria estar aqui.

-Tudo bem, não me importo, só quero voltar.

-E se ele te machucar?

-Ela vai me proteger!

-Vou me certificar que sim.

Passamos a noite conversando, e pela manhã abracei a princesa com força.

-Vou sentir sua falta! -falei.

-Não vai não! -brincou ela. -Nem vai lembrar de mim.

-Creio que 150 anos de amizade não se esquece asi nomás.

-Veremos! -ela beijou minha testa e então Alexandra entrou na gruta.

-Senhora? -chamou Alexandra e Teiniaguá ficou visível para ela.

-Olá Alexandra.

-Fiz o que me pediu, ainda está dentro de mim.

-Pois bem, deite-se sob aquela pedra! -apontou Teiniaguá e ela obedeceu. -Vou adormecer você está bem?

-Sim!

Teiniaguá estalou os dedos e ela dormiu.

-O que vai fazer?

-Primeiro tenho que curar seu ventre e ainda não está na hora certa.

Teiniaguá pousou as mãos tocando o ventre de Alexandra, luz branca emanava de suas mãos. Depois de um tempo ali. Ela fechou a mão como se segurasse algo.

-Venha Ferrus, ajoelhe-se ao meu lado.

-O que segura aí?

-Sua nova morada por um tempo.

Ela segurou minha mão.

-Espere! -falei.

-O que foi?

-Antes eu preciso te dizer princesa. . .

-Não temos tempo Ferrus, sinto o laço do acordo se desmanchando.

-Só quero que saiba que amo você, aprendi a amar você, como amiga, irmã, mãe. . .

Senti o laço se desmanchar e sua mão me puxou com força para uma luz branca.

. . .

-//-

Teiniaguá:

Não só o laço do acordo foi quebrado, outro laço também. Meus grilhões. Minha maldição. Depositei sua alma no ventre de Alexandra. E minha magia se extinguiu. Minha maldição e meus dons sumiram. Tudo. Estou livre. Livre de verdade. Chorei de verdade, senti a água salgada me correr ao rosto. Beijei o ventre daquela mulher estranha.

-Senhora?

-Fostes a última que abençoei Alexandra, estou livre.

-Eu a libertei?

-Não, quem carrega em seu ventre me libertou.

-E o acordo?

-Estarei aqui aos 5 aos 10 e aos 15 anos dele. -Peguei suas mãos e a ajudei a se levantar. - Eu fui a riqueza de meu povo antes de ser amaldiçoada, seu filho foi meu guardião por 150 anos. Cuide dele com tudo o que você tem. Seu parceiro não será um bom pai, proteja seu filho.

-Protegerei, prometo!

-Vá Alexandra e seja feliz, faça meu amigo feliz!

-Farei. Para onde vai?

-Não sei. Mas não se preocupe.

-Até mais senhora!

-Até Alexandra.

Quando ela saiu me joguei na água daquele lago e brinquei na água. Eu só precisava ser amada?

-Não, você precisava ouvir para se libertar. -disse uma mulher de branco parecida comigo. -Oi filha, vim buscá-la.

-Mas eu tenho que estar aqui. . .

-Sim, estará aqui, eu mesma vou trazê-la.

-Promete?

-Prometo.

Dei a mão a ela e a segui para a luz.

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora