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Ferrus:

-Prefiro mijar pela janela!-falei dando de ombros o fazendo, foi até divertido. Comi pão com pessegada e o café não tinha gosto de café. O esperei por um bom tempo a moça veio levar a bandeja, mas não deixei ela levar o pão e a pessegada. Afonso deve ter se perdido pelo convés. Sai atrás dele. Havia risadas lá em cima, segui pelas escadas e encontro homens rindo enquanto jogavam carteado, não avistei Afonso. Comecei a percorrer a embarcação e o vejo sólito na proa. Recostei os braços na murada de proteção onde ele olhava o mar. Fiquei olhando o navio.

-Sabe, não vai. . .

Afonso me interrompeu vomitando, o olhei apavorado, passando a mão por suas costas.

-Nunca. . . mais. . . -ele respirou fundo.-Ando de barco.

Sorri ao vê-lo tentando brincar.

-Eu avisei pra não entrar naquele lugar.-falei.

-Preciso de água!-disse ele rouco.

-Não vai cair daí por favor, já volto com tua água.

Corri pra conseguir uma vasilha d'água, encontrei a moça escrava que levou o café, carregando bandejas.

-Por favor preciso de água!-falei.

-Por aqui sinhô!-disse ela me fazendo a acompanhar.

Ela pegou um jarro e o encheu de água do barril, me entregou.

-Obrigado!-falei e disparei em direção a Afonso.

Ele parecia esverdeado com os braços estendido pra fora da embarcação, a bochecha contra o braço, joguei um pouco de água em seu pescoço e umedeci as mãos pra passar no rosto dele.

-Criado com tanto mimo my lord!-brinquei.

-Olhe quem fala!-riu ele pegando o jarro e empinando, limpou a boca e falou.-Jamais o vi amarrotado.

Tive de rir.

-Está melhor?

-Hurum!-disse ele escorregando pela mureta sentando no piso, bebeu mais um pouco.

Sentei ao seu lado com as pernas esticadas, Afonso calçou os braços sob os joelhos dobrados me estendeu o jarro e bebi.

-Até o chiqueiro da estância tem um cheiro mais agradável que está latrina, vou cagar com a bunda pra gora da janela!

Comecei a rir o imaginando, Afonso riu estrondosamente ao meu lado.

-Acho que sua cor voltou!-falei o vendo mais corado.

-Estou melhor, mas juro que volto a cavalo pra casa, mesmo que leve mais tempo.

-Não!-falei me sobressaltando e ele me olhou sem entender.-Não quero que volte. . .

-Meu pai não tem mais ninguém Ferrus. . . não. . .

-Não vamos falar sobre isso agora, vêm eu guardei pão e pessegada pra você.

Me levantei e estendi a mão para puxa-lo. Afonso cambaleou e passei seu braço pelos meus ombros como se ele estivesse bêbado. O sentei em minha maca.

-Obrigado Ferrus.-disse ele quando estendi um pão cheio de pessegada.

-O café não guardei porque estaria nojento . . .

-Não, eu agradeci por cuidar de mim.-Seus olhos brilharam pra mim.

Me derreti como banha na brasa. Sorri e me ajoelhei diante dele, acarinhei seu rosto.

-Como consegue fazer meu coração bater tão forte?-sussurrei.

-Achei que seu coração batia forte por Madalena.

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora