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Cadu Becker Ivanov.

Depois de passar a noite falando do meu pai, recebo a notícia depois do café da manhã. Meu pai estava morto. Infelizmente não consegui sentir nada além de tristeza por minha tia, não deixei Anelise ir ao velório, não sobrou muita coisa, então nos restou a cremação. Eu não estava ali por ele, estava por minha tia, ele me apagou por completo da vida dele, tudo que ele tinha foi pra minha tia pois ele declarou apenas ela como membro vivo de sua família.

-Isso é tudo seu Cadu, por direito! - Disse ela.

-Não quero nada dele tia!

-Então tá! - Disse ela se levantando.-Como não tem mais nada dele, eu vou passar pra você o que ganhei, já que é meu, posso fazer o que eu quiser.

-Tia...

-Aceita pela Amira! - Disse ela segurando minhas mãos. - Sua filha vai estar bem assistida...

-Ela não precisa do dinheiro dele.

-Não seja teimoso Cadu! - Disse minha mãe. - Aceita logo e pronto, sua filha merece uma vida melhor, isso fica pelos anos que ele não nos ajudou.

-Tem razão mãe, tem razão.

-Ótimo! - Disse tia Flávia. - Amanhã vamos ao cartório e ao banco.

Estou fazendo isso por Amira, é por ela e não por mim. Só que tem uma coisa, tudo o que era dele vou doar e vender a empresa e trocar as casas ou vender, olhei para Niko que não saia do meu lado, puxou minha cabeça beijando minha fonte. Um jesto simples que demonstra todo o seu amor.

...

Ele tinha muita coisa, era absurdo o que ele construiu e como eu disse, vendi quase tudo, doei suas roupas e objetos, nada ficou dele, vendi a casa e o apartamento de Florianópolis, e fui com Niko pra praia do Rosa ver a tal casa que ele comprou por último, era onde ele moraria com a moça que o deixou. Chegamos quase que ao entardecer.

-Uau! - Disse Niko ao vermos uma varanda que dava pra vista o mar. - Isso é o paraíso.

-É sim! - Comentei sentindo aquele arrepio nos braços.

-Vai ficar com a casa?

-Você gostou daqui?

-Muito!

-Então vamos ficar com ela, Amira vai ser feliz aqui!

-Vamos morar aqui?

-Se quiser podemos vir depois de nos formarmos, por enquanto podemos vir nos finais de semana.

-Isso aqui é o paraíso -Ele sorriu vindo pega minha mão.-Vem vamos tomar um banho de mar!

A alegria em que ele ficou naquele lugar me fez querer mudar naquela mesma hora. Tirei a camisa num canto e ele fez o mesmo, tiramos pés descalço e no caminho até a praia Niko começou a choramingar por causa das espinhas e o carreguei nas costas.

-Voxê tem cascos nos péx, impossível voxê náo senthir!

-Me acostumei com elas .

Chegando na areia Niko me puxou pela mão correndo até o mar, me fazendo cair por cima dele na água. Comecei a rir e ele me beijou, então deu um longo suspiro olhando tudo aquilo.

-Liverdadji! - Disse ele abrindo os braços e se jogando.

Niko estava em êxtase naquele lugar e eu em êxtase por vê-lo assim. Saímos da água e peguei sua mão pra caminharmos até a outra ponta da praia. Niko olhava nossas mãos e apertava ou dava beijos em minha mão.

-Olha tem excola de surf! - Ele apontou para um deque.

-Quer colocar nossa filha?

-Náo, quero aprender para enxiná-la.

Depois de ir até o final da praia voltamos pra buscar dinheiro e trocar de roupa pra jantarmos num restaurante na frente daquele deque.

-Isso é muito gostoso! - Falei estendendo um camarão empanado pra ele, corado aceitou.

-Ax veiz voxê me deixa com vergonha!

-Não queria liberdade?!

-Sim...

-É o que vamos ter aqui.

Depois de jantar com música ao vivo, descemos pela praia e a Lua estava tão clara que a noite parecia dia.

-Isso é incrível! - Falei vendo minha pele sob a luz do Luar, Niko parecia um Deus esculpido.

Quase em frente a nossa casa o joguei na areia o fazendo rir.

-Tchi amu Cadu!

-Eu te amo Niko, além das estrelas.

O beijei sob aquele luar, me sentindo a pessoa mais privilegiada do mundo. Mais feliz do mundo, dúvido encontrar alguém mais feliz do que eu hoje.

...

As semanas passaram rápido e no meio da madrugada Anelise me liga e sai correndo até o quarto dela, abri a porta sem bater.

-Chegou a hora! - Disse ela segurando a barriga e respirando pesado.

-Já está tudo no carro! - Disse Niko colocando uma calça enquanto caminhava.

-Vou te pegar no colo Lise.

-Estou imensa, não vamos passar pela porta, me ajuda que eu consigo caminhar.

-Mama, tia! - Gritei.

Eu estava de pijama e assim a levei até o carro. Niko já estava na direção com o GPS ligado com a rota mais rápida pro hospital. Mama e a tia saíram em outro carro. Fui atrás segurando sua mão.

-Cadu... Se eu morrer...

-Não diga isso Lise a proibo de morrer! - Falei e ela sorriu.

-Eu deixei cartas...

-Anelise eu falei sério, você não pode morrer.

-Não é assim Cadu, você sabe...

-Você vai sair do hospital, vai se recuperar em casa com todos os mimos possíveis, vai fazer vestibular pra uma boa faculdade eu vou pagar a melhor faculdade do mundo pra você, agora tenho condições Ane, fica com a gente.

-Vamos deixar na mão de Deus.

-Ki faculdadji voxê quer fazer Lise? - perguntou Niko.

-Se eu pudesse escolher, seria teatro, amo teatro.

-Entáo vai ser uma arthista, vai extudar muito, vamox ajudá-la a extudar e vai ser incrível!

-Está bem, vai me ajudar a estudar...

-E vamos comemorar sua formatura com uma festa lá na nossa casa no Rosa.

-Estou louca pra conhecer!

-Vai ser incrível Lise.

Chegamos ao hospital e paguei tudo particular para que ela tivesse maior conforto.

-Quem é o pai? - Perguntou o enfermeiro.

-Nós! - Falamos.

-Os dois?

-Sim, Anelise é nossa barriga solidária.

-Podem me acompanhar!

Colocamos avental, toca e outras vestimenta apropriadas pra sala cirúrgica.

-Quem é o pai? - Perguntou o obstetra quando nos viu um de cada lado de Lise.

-Os dois são! - Disse Lise. - A bebê é deles.

-Então, papais escolheram um nome?

-Amira! - Disse Niko.

-Que ela venha com muita saúde então, vamos empurrar minha amiga?

-Estou pronta!

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora