29- Eu sou tão humana quanto você!

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SINA, KANSAS.

Uma das garotas daquele lugar me buscaram no quarto, entregaram-me uma toalha e me guiaram até o banheiro. Quando percebi o era, peguei as roupas que Noah havia me entregado antes e segui a mulher até o lugar. Foi o meu primeiro banho em alguns dias, mas pareceu o primeiro banho em anos. Deixei a água correr pelo meu corpo e limpar minha ansiedade. Ela molhou o meu cabelo e refrescou meus pensamentos, deixando tudo claro novamente.

Infelizmente, tudo foi pelo ralo quando esmurraram a porta.

— Anda logo garota, eu tenho mais o que fazer!!

Desliguei o chuveiro, me sequei e vesti o short preto e a blusa larga. Eu mal havia terminado de secar meu cabelo quando a porta se abriu e eu fui arrancada do banheiro. A sensação de incerteza era ruim, eu não sabia o que poderia acontecer comigo no segundo seguinte. Todos ali me odiavam, e Jacob não parecia mais estar do meu lado. Ele me deixou sozinha depois que saiu do quarto, e eu não o vi pelo resto do dia. Senti saudades, mas senti raiva por sentir aquilo. Seria tão mais fácil se eu o odiasse.

— Deus do céu- a morena cambaleou para trás antes que pudesse segurar meu braço.

Me estiquei para frente e a segurei antes que pudesse cair feio no chão. Ela fechou os olhos e segurou minha mão, tentando voltar a respirar novamente. A mulher parecia indefesa, bem diferente de quando cheguei e ela brincou com a minha cara. Sorte dela que eu não sou rancorosa, pois se eu fosse teria a deixado mole no chão. Ao invés disso, esperei que se sentisse melhor e a ajudei a ficar em pé novamente.

— Quer que eu chame o Noah? Posso...

— Cala a boca Deinert. Fica quieta e colabora indo pro quarto- ela disse sem pestanejar, mas ao mesmo tempo eu pude sentir desconforto na sua voz.

Quando me virei para obedecer (porque eu realmente estava com medo dela), antes que eu pudesse dar um passo, meu braço foi puxado.

— Vai, anda logo- seu olhar firme não era tão firme assim, era como se ela estivesse pedindo para que eu a ajudasse a caminhar, mas não tinha coragem de pedir.

Acabei segurando seu antebraço até o caminho do quarto, e aproveitei para tentar bisbilhotar a sala. Joshua e outra garota estavam sentados no sofá, conversando algo em um tom onde era impossível entender qualquer coisa. Nem tentei ouvir e entrei no quarto com a outra garota. A ajudei a sentar na cama e de quebra, ainda peguei uma garrafa de água e entreguei pra ela.

— Não se faça de inocente, eu sei que você vai acabar com a minha vida- disse arrancando a garrafa da minha mão— meu Deus, eu vou vomitar.

Olhei ao redor, mas não tinha nenhum recipiente onde ela poderia colocar para fora o que estava lhe fazendo mal. Dei alguns passos e abri a janela do quarto, mas logo voltei a olhar para ela.

— Por que isso? Você me ameaça e depois se faz de boazinha! Para de parecer perfeita garota, não precisa mais disso, eu já te conheço.

— Você não me conhece- cochichei, o que fez a mulher levantar e me encarar com raiva.

— Então me conta, Sina, Maria, não importa como diabos você quer ser chamada! Me conta todos os problemas que você tem na sua vida perfeita dentro do...

— A minha vida não é perfeita!- fiquei nervosa, ver todas as pessoas ficarem repetindo a mesma coisa já estava me irritando— não tem como alguém ser feliz sem ser si mesmo! Isso não é bom, a minha vida não é boa! Eu tenho hora pra acordar, tenho hora para dormir, tenho hora pra comer e só posso ir no banheiro sem que as pessoas percebam. Meus pais não sabem quem eu sou, eles não sabem nada sobre mim. Ninguém nunca perguntou qual é minha música favorita, ou qual a coisa que eu mais gosto de fazer. Nenhum deles nunca... Nunca, nunca me desejou boa-noite ou me deu um beijo antes de dormir. Eu nunca fui... amada. Eu não sou apenas a filha do presidente, eu sou tão humana quanto você!

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora