18- Eu não pedi para ser a filha do presidente

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SINA, KANSAS.

Tive uma noite ruim aquele dia, um pesadelo me assombrou durante toda a madrugada. Era bem simples: toda vez que eu ia para a sauna encontrar Noah, ele nunca estava. Eu sempre ia, fui por vários dias mas o homem nunca apareceu. Até que um dia ele estava em meu quarto, o abracei com força e ele disse que me amava. Então ele se foi, meus pais entraram no meu quarto e tudo começou a girar.

Desci para tomar café sem conseguir esquecer meu sonho ruim, minhas irmãs me encheram de histórias enquanto comíamos, mas eu não consegui prestar muita atenção. Alex estava me matando com os olhos, e daquela vez eu tinha certeza que não tinha feito nada. Depois de comer minhas frutas cortadas, larguei os talheres e apoiei meus cotovelos na mesa, mantendo o olhar fixo para a mulher.

— A senhora quer me dizer alguma coisa?

Ela respirou fundo, bebeu um pouco do seu chá gelado e sorriu falsa para mim antes de dizer:

— Estou tentando formular minha fala do melhor jeito possível, para que você não tenha nenhuma pergunta sobre.

— Amor...- meu pai cochichou, ele sempre se fingia de mudo quando minha mãe me falava suas barbaridades— você prometeu que ia falar com jeitinho.

— Falar o que?- insisti e cruzei os braços na altura do peito, jogando meu corpo na cadeira.

— Aposto toda a minha mesada que estão te arranjando um casamento- Sav sussurrou em meu ouvido, ignorei e continuei encarando Alex.

— Você precisa de uma namorado- não consegui evitar rir, meu pai coçou a garganta e senti minhas irmãs ficaram desconfortáveis— e eu estou fazendo o favor de resolver isso para você.

— Não preciso da sua ajuda, achei que isso estava claro, já que eu tenho a minha vida amorosa controlada e estabilizada.

— Você é virgem, Maria, ou não?- Alex cerrou os olhos.

— E você tem treze anos??- bati na mesa e levantei— não é da sua conta se eu tranzo ou deixo de tranzar, você só precisa entender que perdeu o controle total da minha vida há dois anos trás, quando eu completei dezoito anos! Devia se importar com as suas outras filhas, as que realmente precisam da sua atenção!

— Você não devia me dizer o que acha que eu devo fazer- ela se levantou devagar, mais brava que antes— sente a sua bunda na cadeira e fale baixo comigo.

— Acho que eu devo sim, já que você parece não saber como ser uma boa mãe- sorri, fazendo Alex ficar mais vermelha.

— Sininho- alguma das minhas irmãs cochichou, mas eu estava puta demais para saber qual das duas era.

— Você está pedindo para...

— Apanhar? Você vai me bater? Então vem, é melhor do que ficar ouvindo você falando como se eu fosse seu robô!

— Você não é meu robô, é minha filha. Eu faço isso porquê te amo.

— Não diga que me ama!- apontei o dedo para ela, meu pai levantou de sua cadeira mas não falou nada— você não sabe nada sobre o amor, não sabe nada sobre mim porquê não me conhece!!

Meus olhos já estavam ardendo. Se ela me dissesse isso alguns dias atrás, eu até poderia acreditar. Naquele momento eu descobri que a minha mãe não me amava, e doeu, só ali minha ficha caiu. Eu sabia o que era amor graças à Délia, e agora, graças ao Noah. Descobri com ele que eu não podia aceitar menos do que ele me dava, eu sentia que era mais do que eu merecia, e assim tinha que ser.

Eu merecia mais do que uma mãe controladora.

— Você ama a sua filha que não existe, porquê você criou ela na sua cabeça- eu estava chorando, o que não devia estar acontecendo— eu não sou a Maria, a Maria é a filha perfeita de vocês. Meu Deus, vocês não me conhecem. Não sabem os meus sonhos, meu livro favorito, minha música favorita, vocês não sabem quem eu sou- limpei meu rosto e respirei fundo— eu me recuso a casar, me recuso a deixar que vocês controlem toda a minha vida por uma escolha que vocês mesmo tomaram.

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora