20- Ninguém merece ouvir o que eu ouvi

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SINA, KANSAS.

Noah era a encarnação da palavra amor. Em cada toque, cada palavra, cada beijo, eu podia sentir que ele me amava de verdade. Aquele homem com ar de perigo preenchia todos os buracos que eu tinha no peito, ele era realmente o que eu precisava para mim. Queria saber se havia sido bom para ele como foi para mim, mas algo me impedia de perguntar. Talvez o medo da resposta, não sei.

Fui até a moto pegar sua mochila, mas quando abri o compartimento de trás, percebi que não seria tão fácil. Parecia um armário de tralhas, tomei cuidado para não quebrar nada quando puxei uma mochila preta que estava escondida no fundo. Acabei derrubando algo de lá, uma fita cassete e um envelope branco. Peguei as coisas nas minhas mãos e o nome me assustou.

— "Um agrado de um funcionário"?- não passou pela minha cabeça abrir o envelope, mas aquelas palavras não me eram estranhas e estavam mexendo comigo.

"— Foi...- o presidente me devolveu o colar, Joalin pegou e colocou de novo ao redor do pescoço— foi um agrado de um funcionário."

— Hey!- olhei para Noah na porta da casa, ele estava sorrindo antes de ver meu rosto— o que foi?

— De quem é isso?- caminhei até ele com sua mochila nas costas e meus achados nas mãos, a frase estava me deixando intrigada.

— Do meu amigo. Por que?

Noah puxou meu braço e juntou seu corpo ao meu, continuei estudando a letra no envelope, as palavras do presidente rodavam em minha cabeça. Podia ser só uma coincidência, era a única explicação.

— Toma- entreguei a ele sua mochila e as coisas que estavam em minha mão— estou com fome, o que você trouxe?

— Ãnn... um sanduíche do Subway, você disse que gosta.

Sentei no balcão e comecei a comer meu lanche, Noah largou suas coisas no sofá e se aproximou lentamente, até ficar no meio das minhas pernas. De repente, senti uma vontade enorme de chorar. Continue comendo calada, ele subiu sua mão até meu cabelo e jogou os fios que estavam no meu rosto todos para trás.

— Por que você está me olhando assim?- deixei meu sanduíche de lado e abaixei a cabeça— eu não sei o que você está esperando que eu faça.

— Nada- ele sussurrou.

Seus braços me rodearam lentamente, afundei a cabeça em seu pescoço e, sem querer, comecei a chorar. Noah afagou meu cabelo e beijou minha cabeça. Ele era doce e inteligente, soube exatamente o que fazer e quando fazer.

— Ela tentou me abortar!- me afastei e olhei em seus olhos— eu sou só um erro? Sou o resto de algo que não deu certo? Ela não tinha o direito de me falar aquelas coisas, posso ser uma péssima pessoa, mas ninguém merece ouvir o que eu ouvi.

— Você não é um erro baby, não mesmo- disse com a voz baixa e calma— o único erro foi terem tentado te abortar, a culpa não é sua. Eu sinto muito se eles não te dão o valor que você merece, se eles não te amam como deviam, mas eu... eu...

— Eu sei- sorri e segurei seu rosto— e eu agradeço muito.

— Eu queria...- ele bufou— é tão difícil, devia ser bem mais fácil. Descul...

Juntei nossos lábios para que ele não continuasse. Noah não precisava me falar o que sentia, eu sabia, não me restavam dúvidas. Aprofundei nosso beijo depois de um tempo, aquilo estava me curando assim como nossos atos tinham feito mais cedo. Jacob mordeu meu lábio antes de nos separarmos, sorri e beijei a ponta do seu nariz.

— Por que você não veste uma calça, hm? Não que eu realmente queira, mas nós precisamos ir embora, não quero arranjar mais motivos para brigarem com você.

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