37- Ele é a melhor pessoa que eu conheço

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NOAH, WASHINGTON D.C.

O tempo passava mais devagar quando eu não tinha absolutamente nada para fazer. Ficava horas pensando, pensando e repensando, e quando eu olhava pela pequena janela da cela, ainda estava claro e o sol ainda brilhava. O último beijo que eu havia dado na minha loirinha ainda estava quente nos meus lábios, pedia toda noite que aquela sensação não me deixasse, era bom sentir um pedaço de Sina ali comigo. A saudade estava me matando, rasgava meu peito todo dia que eu passava longe da mulher que mudou a minha vida, o meu lindo oásis.

— Noah?

Um sussurro no outro lado do corredor me fez levantar da estrutura que era minha cama e me aproximar da cela, Josh estava preso na minha frente, mas eu não conseguia vê-lo. Procurei melhor e o encontrei encolhido no canto da parede enquanto abraçava suas próprias pernas, fiquei preocupado mas nem tive tempo de fazer perguntas, ele logo começou a falar:

— Tem alguma coisa errada, irmão- disse e me encarou, só então eu vi o desespero nos seus olhos— eu não... Acho que perdi o controle.

Me ajoelhei e fiquei olhando para o meu amigo, segurei com força as barras da grade e desejei poder puxá-las. Josh escondeu o rosto nas mãos e tentou se acalmar sozinho, abaixei a cabeça para que ele não pudesse ver que eu estava chorando. Eu queria nunca ter aceitado a ideia ridícula de vingança, devia ter percebido que Sina era quem nós estávamos buscando e devia ter parado com tudo. Todo dia eu pensava em onde eu podia estar se tivesse pensado um pouco mais, se tivesse parado antes do fim.

— Josh, nós vamos ficar bem- garanti tentando parecer confiante— as meninas vão dar um jeito, nós não vamos ficar aqui pra--

— Eu prometi pra eles!!!- o loiro gritou ficando de pé rapidamente— prometi pra Any que íamos morar juntos no Brasil, falei para os meus pais que eu não ia acabar aqui, que não ia dar tudo errado mas deu!!! Agora eu estou aqui e você também está aqui, o que é ainda pior!

Josh puxou seu próprio cabelo e berrou internamente, fiquei de pé também e tentei pensar em um jeito de acalmar o meu amigo. Se eu estava sentindo dor? Claro que estava. Mas não era tão importante quanto a dor dele, eu conseguia aguentar mais um pouco.

— Temos que fugir- Josh sussurrou tentando ser discreto, tínhamos dois agentes penitenciários conosco, cada um de um lado— Noah, agora.

— Não viaja- neguei prontamente— você não faz ideia do que está falando, para com isso.

— Já chega de conversa!- um policial gritou batendo nas grades da minha cela— vocês têm visita, quem vai?

— Será que é a...- Josh não continuou, eu já sabia que ele estava falando da Any— ela não viria, não é?

— Eu acho difícil- respondi triste ao ver que o meu amigo também ficou mais triste— pode ir se quiser, mesmo se for a minha menina, vá.

— Ok- Josh respirou fundo— eu vou, cara. Me tira rápido daqui.

O policial abriu a cela de Josh e segurou os pulsos dele, mas Josh não deixou que ele colocasse as algemas nele e deu um soco no rosto do homem. Comecei a gritar para que ele parasse quando outro agente chegou para fazer Josh parar de lutar, começaram a bater no loiro e empurrá-lo contra a grade.

— JOSHUA, JÁ CHEGA!!!- gritei mas foi em vão, Josh continuou lutando para fugir— Joshua, eu preciso que você pare agora!!! Eu quero sair daqui também, você não quer acabar com tudo!

— Vamos levá-lo para o...

— Ele precisa de ajuda médica!- uma pontinha de esperança surgiu em mim de que alguém poderia ajudar Josh— ele precisava de ajuda, isso é tudo culpa da cabeça dele.

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora