17- É a coisa mais linda que eu já vi

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NOAH, KANSAS.

No desenho eu estava sem camisa e até suava, como na primeira vez que nos vimos. Alguns fios do meu cabelo caídos em meu rosto, enquanto eu parecia estar no meio de uma puxada de ar, a cabeça um pouco erguida e os olhos fechados. Era como olhar uma foto, a perfeição do desenho era assustadora. O melhor era que bem no meio do peito eu tinha uma borboleta. Suas asas pareciam estar em 3D, pois elas cobriam boa parte do meu corpo.

Era a coisa mais linda que já me deram.

— Então? O que você achou?- Sina deitou a cabeça no meu ombro, sentada no meu colo enquanto eu não conseguia deixar de olhar para sua obra— nunca fiz algo parecido, até porquê nunca vi alguém como você, então é uma chuva de novidades!

Ela riu, ri baixinho junto com ela. A borboleta em meu peito era uma monarca, aquele que eu sempre vi como um sinal de que tudo ficaria bem, por mais que tudo estivesse uma droga. Elas apareciam raramente para mim, mas apareceram quando Sina e eu estávamos na sauna. Sina era um sinal de que tudo ficaria bem, o sinal que eu sempre busquei.

A paz que eu queria.

— É incrível- sussurrei ainda anestesiado— eu... parece... parece bonito.

— Você? Você é bonito- ela acariciou minha bochecha, enquanto sua outra mão alisava meu cabelo— é isso que eu vejo quando olho pra você. Beleza interior e exterior.

— Você me vê assim?- balançei o papel e a encarei— o que isso significa?

— Liberdade. Sua alma e livre e você é um mar de possibilidades. Você pode acordar bem em um dia, e no outro não querer sair da cama. Às vezes você perde o controle, mas no outro dia você me dá uma direção quando eu não tenho nenhuma. Sua alma é uma bela borboleta, ela atrai verdades e coisas boas, é uma chama, e Noah... é a coisa mais linda que eu já vi.

Meu coração parou. Um nó se formou em minha garganta e me impediu de processar frases completas e que fizessem sentido. Minha única reação foi beijá-la do jeito mais delicado que eu conseguisse, queria que ela se sentisse assim como suas palavras fizeram com que eu me sentisse. As borboletas estavam por toda parte dentro de mim, no peito, na barriga, na cabeça. Quando olhei para Sina, a boca avermelhada e o sorriso curioso de sempre, eu tive certeza.

Eu amava aquela garota.

Então por que eu não consegui falar? Por que as palavras que eu queria dizer não saíram? A única coisa que fiz foi deslizar os dedos entre seu mar de cabelos loiros, olhar para ela e sentir uma alegria que nunca senti antes. Toquei seu rosto, sua boca, seu nariz e seus olhos perfeitos. Ela segurou meu rosto delicadamente, riu para dentro antes de me dizer:

Eu também te amo.

Dizem que o silêncio às vezes fala muito, mas eu sabia que nem todos eram capazes de ouvir. Eu, por exemplo, entendia o silêncio da minha irmã Haley. Seu silêncio era barulhento, ela não falava muito, porquê não conseguia ouvir sua própria voz. Algo assombrava minha irmã, Linsey e eu apenas ajudávamos como conseguíamos e ficávamos ao lado dela, ouvindo o seu silêncio.

Sina me ouviu quando olhou nos meus olhos, e graças à Deus entendeu o que eu queria dizer mas não consegui. Talvez eu realmente tivesse um bloqueio para dizer o que eu sentia, e ao invés de tentar derrubar minhas paredes, ela pulou o muro e ficou ao meu lado.

Ela poderia ficar para sempre.

— Eu estava pensando...- eu não conseguia parar de sorrir—... em ter uma casa longe daqui, onde a gente poderia passar dias juntos.

— Oh- ela desanimou, talvez por achar insano demais— eu queria, de verdade, mas não dá. Tenho que voltar pra casa daqui a pouco, não sei quando vou poder sair de novo por tanto tempo assim.

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora