38- Plante as flores e espere por ele.

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3...

SINA, ALABAMA.

Tentando entender como o pai de Josh era meu pai, fiquei parada por longos segundos olhando para ele. Enquanto eu pensava, agarrei com força a pedrinha do meu colar. Ron olhou para o meu movimento, mas não disse nada. Ele tinha um sorriso torto no rosto e às vezes sua mão subia até o meu rosto, mas acho que ele não sabia se realmente queria me tocar. Ignorei aquilo, minha cabeça estava focada em tentar juntar as peças para encontrar a verdade.

Alex odiava falar do ex-funcionário do meu pai, e com tudo que me contaram sobre como o presidente trabalha, deduzi também que em algum momento Sebastian tentou chantagear Ron, mas não conseguiu ter sucesso. Tudo aquilo me deixou feliz quando percebi que era mais do que suficiente para formar um conjunto de provas muito bom para denunciar o presidente, tão bom que ele não poderia negar ou fingir que era mentira.  Mas, ainda sim, não me explicava como eu acabei virando a filha do presidente. Me senti culpada ao pedir a Deus para que eu fosse filha da mãe de Josh, mas era inevitável. Eu faria de tudo por outro sobrenome...

— Sina- senti meu corpo ser puxado delicadamente para trás, bati contra o peito de Andrew e olhei para ele— vamos lá pra fora.

Ele disse sério, talvez até um pouco assustado. O agente Davis pediu licença para a família de Noah e o pai de Josh e me puxou para fora da casa. Eu continuei calada, sem conseguir achar um espaço no meu cérebro para formar uma frase coerente. Alex não era minha mãe? O presidente não era meu pai? Eu não tinha o sangue das piores pessoas que eu conhecia?

E, era tão ruim assim da minha parte pedir para que todas as respostas para aquela pergunta fossem "sim"?

— O que está acontecendo?- ouvi Andrew perguntar, mas não consegui responder— Sina, o que está rolando? Quem é aquele homem e por que diabos você está tão pálida?

Olhei para ele e abri a boca, mas não falei nada. Só depois de mais alguns segundos eu consegui me organizar e explicar.

— Temos nosso relatório, agente Davis.

Minha voz estava feliz, mas não era o que eu estava sentindo. De qualquer jeito, o que eu disse e como eu disse fez o homem ficar feliz.

— Aquele homem já foi diplomata do presidente, mas ele foi demitido há alguns anos atrás porquê não aceitou fazer algo que Sebastian pediu.

— Algo podre, provavelmente- balançei a cabeça confirmando— então... Você não devia estar pulando de alegria?

— Acho que aquele homem é meu pai.

— O quê?

— O quê?

— Você falou muito baixo, eu não escutei.

— Acho que aquele homem é meu pai!- gritei assustando Andrew, mas tampei a boca em seguida— ele é meu pai.

— Como? O quê?- o agente piscou várias vezes e colocou as mãos na cintura— você está louca de alegria ou algo assim? Eu queria te ver alegre. Me diga que você está enlouquecendo porquê está muito feliz, por favor.

— Tenho que voltar para lá- apontei para a casa de Noah— tenho que entender como puderam mentir para mim por tanto tempo. Preciso entender por que eles me odeiam tanto a ponto de...- engoli o choro e um nó se formou na minha garganta— de novo!!! Mentiram de novo!!!

— Calma, Sina.

Andrew tentou pegar a minha mão, mas eu me afastei. Estava difícil respirar. O homem não desistiu e segurou meu antebraço, me puxou para perto e me abraçou. Eu já sabia que minha vida inteira foi escrita por duas pessoas que nunca fizeram questão de tentar me amar, mas doía mais ainda pensar que poderia ter sido diferente. Eu poderia ter sido criada do mesmo jeito que Josh, e talvez as coisas tivessem sido diferentes para todo mundo. Se eu não tivesse sido criada de jeito nenhum também seria mais fácil para todo mundo...

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora