Oásis - Noart

06- Foi a melhor coisa que me aconteceu

SINA, KANSAS.

Estávamos na água há um tempo, Jacob e eu. Ele mergulhava e voltava várias vezes, mas nunca me olhava direito. Eu entendo, se eu não estivesse tão curiosa também não o encararia tanto como estou fazendo. Fiquei pelada na frente de um cara totalmente desconhecido e que só pelas roupas e pela expressão brava poderia muito bem ser considerado um perigo.

Délia me mataria...

— Você não é de falar muito, não é?- perguntei e logo coloquei minha boca debaixo d'água, deixando somente os olhos e nariz a mostra.

— Faz bem para a voz- explicou ele, revirei os olhos por saber claramente que era uma desculpa esfarrapada— qual o problema?- Jacob levantou os braços e passou a mão no cabelo, jogando seus fios molhados para trás.

— Isso é mentira- ele sorriu sacana, ignorei e continuei— você é todo misterioso, mas deve ser uma manteiga derretida por dentro. Quer saber? Você assistia "Marley e eu" quando criança, e cantava todas as músicas- Jacob balançou a cabeça negativamente— anda de moto.

— Ao menos uma coisa certa- me encarou, sorri com sua fala e ele virou o rosto.

— Tem alergia à emoções humanas.

— Não.

— Pois parece, porquê ignorou completamente o meu estado dentro da sauna.

— Queria que eu te desse um abraço para esquentar?- ri, pois era verdade, estávamos os dois na lama, totalmente ferrados.

— Certo. Você tem um ponto comigo.

— Só um?- ele perguntou me surpreendendo, achei que ele fosse debochar ou rir— te salvei de uma queda, não foi suficiente?

— Trabalhe duro mocinho, vou pensar no seu caso- mergulhei de novo, tenho certeza que o vi sorrir, sorrir de verdade.

Quando voltei a superfície, Jacob estava em pé, me permitindo ver seu peitoral de novo. Fiquei tão nervosa naquela sauna que até me esqueci das borboletas que dançavam no meu estômago quando eu o encarava, elas voltaram com força naquele momento.

— Você precisa parar de fazer isso, estou começando a acreditar que é uma psicopata.

Tirei os olhos dele e virei para o outro lado, já não dava para ver nada, tudo estava escuro. Apenas o céu estava claro, algumas estrelas brilhavam e a lua era a única coisa que me ajudava a ver Jacob. Seu cabelo insistia em cair em seu rosto, ele sempre levantava o braço para tirar os fios dali e jogá-lo para trás. Era impossível não admirar os movimentos dele, os músculos se contraindo e relaxando.

Lindo.

— O que significa "Jacob"?- eu tinha tantas perguntas, aquele garoto uma hora ou outra ia gritar comigo, mas ele só me encarou com o cenho franzido— gosto de saber, você sabe?

— "O vencedor"- ele virou e nadou para longe, mas nem tanto— não sei o que "Sina" significa...

— Nem eu, não gosto do meu nome.

— Por que não?- ele perguntou rápido, me dando um susto.

— Você gosta do meu nome?- sorri, ele esboçou um sorrisinho e mergulhou lentamente.

Quando fiquei de pé, meu corpo foi atingido por um vento gelado, que fez meu queixo tremer e meus pelinhos se arrepiarem. Nadei até a terra de novo e sentei ao lado das minhas roupas, sorri quando percebi que Jacob havia as colocado estendidas, ele se importou comigo.

Talvez ele fosse um perigo para mim, mas por enquanto, estava sendo a minha melhor diversão. Não falamos muito, bom, eu falei, mas ele não. E foi o suficiente para saber algumas coisas sobre ele, como: ele não gosta de falar. Não é muito, mas sinto que é um bom começo.