33- Todo mundo tem um podre para chamar de seu

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NOAH, KANSAS.

Estava cedo, o dia mal tinha começado quando estávamos todos prontos para nos entregarmos para a polícia. Sabina, Pepe, Any, Lamar e Heyoon já haviam saído para a casa de Heyoon. Eles ficariam lá até que Sina conseguisse o dinheiro para comprar as passagens deles para que pudessem sair da cidade. Eu tive medo ao ver meus amigos indo embora com Krystian, mas eu confiava no cara, ele me prometeu que cuidaria de tudo enquanto eu estivesse preso. Prometeu também manter esse fato bem longe da minha família. Krystian era um bom amigo.

O único problema que ele não poderia resolver era a saudade que eu sentiria da minha menina. Passei a noite inteiro olhando ela dormir, eu precisava aproveitar minha última noite ao lado dela. Eu disse que não queria que ela fosse atrás de mim, mas meu coração sabia que era mentira. Aquela mulher era tudo o que eu sempre pedi para a minha vida, era a paz que sempre procurei, a felicidade que perdi há muito tempo atrás, era... Ela era tudo.

— Ei você- olhei para ela depois que ouviu sua voz rouca.

Meu Deus, eu morreria sem aquilo.

— Está na hora, não está?- sorri fraco e balançei a cabeça afirmando— eu não quero ir.

— Nem eu- Sina sentou na cama— quero que se cuide, ok? Não se arrisque amor, a segurança do país vai ficar toda no seu pé, não brinque com eles- os olhos dela se encheram de lágrima.

— Se cuida também- pediu com a voz tomada pela emoção, segurei sua mão e beijei sua pele, eu não poderia chegar mais perto, senão nunca mais a soltaria— não desiste, tá? Eu vou tirar você de lá. Eu prometo.

Lembrei de uma coisa que Haley me ensinou uma vez, levantei meu dedo mindinho e Sina rapidamente entrelaçou o dela no meu. Minhas irmãs, meus pais, meus amigos, minha garota. Eu pensaria neles durante tudo, e por eles, eu não jogaria a toalha. Sina pulou no meu colo e me abraçou enquanto chorava, a abracei de volta mas logo nos separei. Estava na hora, Josh já estavam lá fora para acabar com tudo.

— Não!- Sina segurou minha mão quando eu estava prestes a abrir a porta, nem olhei para trás, já estava doendo o bastante— por favor, não! Não quero mais, não faz isso!

— Para... por favor- soltei sua mão do meu braço com força, eu precisava sair dali logo, ou eu sentia que meu coração ia acabar com tudo.

Fechei a porta e segurei enquanto Sina tentava abrir, quando ela começou a chorar mais forte, desistiu. Me afastei devagar do quarto, não estava trancado, mas Sina já sabia o que fazer. Depois do tiro, eu teria que esperar vinte minutos para sair do chalé. Então, fui para perto do lado onde Josh estava e respirei fundo. Coloquei as mãos nos bolsos da minha jaqueta preta, Josh colocou o dedo no gatilho e levantou o braço. Três tiros seguidos. Foi o fim.

Olhei para o meu melhor amigo, seu maxilar estava trancado de raiva, mas eu estava orgulhoso dele. Segurei sua mão com força, só soltei quando começamos a ouvir as sirenes da polícia. Poucos segundos depois as viaturas se aproximaram, policiais armados, FBI, um monte de gente desceu dos carros com armas enormes e apontaram para nós. Levantamos as mãos, eles nem precisaram gritar para que Josh e eu nos ajoelhassemos no chão. Olhei para a porta do chalé, os caras invadiram e tiraram Sina de lá. Ela me olhou chorando enquanto eu era algemado.

Nunca senti tanta dor na vida inteira.

SINA, KANSAS.

Josh tentou lutar, eu vi quando me colocaram em uma viatura. Noah não, ele parecia estar conformado. Doía ainda mais, ver ele se entregar daquele jeito. Eu não conseguia parar de chorar, principalmente depois que jogaram Noah e Josh na parte de trás de um carro, como se eles fossem dois animais. Chorei durante todo o trajeto até a casa do presidente, fiquei surpresa quando percebi que o carro onde Noah e Josh estavam andava atrás do meu.

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