08- Não sabia se podia confiar em mim

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SINA, KANSAS.

Preciso confessar que quando vi Jacob pela primeira vez, eu jamais poderia imaginar que ele me faria rir tanto como fez. Nós falamos sobre sua família— não tudo, porquê ele é reservado e eu entendi isso—, sei que ele tem duas irmãs e um cachorrinho chamado "Milo". Seus pais são incríveis e ele ama a família, seus olhos brilharam enquanto falava sobre eles.

Jacob mora com o melhor amigo, que já passou por muita coisa difícil e o moreno o ajuda até hoje. Ele ama o amigo. Não disse diretamente, mas eu soube pelo tom de voz. E é muito mais do que eu poderia imaginar, sua voz é mais bonita quando ele fala mais, e... Jacob ama borboletas! Até tem uma tatuagem, que eu lutei para descobrir onde estava...

— Por favor!- implorei pela vigésima vez— eu não faço a mínima ideia!

— É tão óbvio!- ele tentou controlar a risada, por algum motivo Jacob era contra demonstrar suas emoções, mas parecia não ter controle nenhum sobre elas durante o tempo que passamos juntos— ok, última chance. Vai.

— Na panturrilha!- chutei, ele riu e deu um tapa na própria testa.

— É a quarta vez que você fala isso.

— Eu tenho uma péssima memória, ok?- me defendi— agora que você percebeu que sou péssima quando o assunto é tatuagens...

— E memorização...

— ... pode por favor me mostrar onde está a sua?

Ele me olhou com cada de tédio, fiz minha melhor carinha de cachorrinho pidão e juntei as mãos em forma de prece. Jacob bufou e tirou seu casaco, depois passou a camisa pelo seu pescoço e virou de costas para mim. Só então eu vi a borboleta em sua nuca, cobria toda aquela pequena região. Era linda, preta e seus traços eram finos. Era diferente da espécie que entrara na sauna e pousou no dedo dele, sua tatuagem era de uma borboleta azul.

— Wow‐ coloquei as mãos na boca e sorri, sentei em cima das minhas pernas e estiquei a mão até as costas de Jacob— eu posso... é...

— Pode Sina- ouvi uma risadinha escapar dele e sorri.

Devagar, encostei a pontas dos dedos em sua pele e contornei o desenho da bela borboleta. Já me imaginei várias vezes com uma daquela, mas eu jamais poderia fazer, seria tão politicamente incorreto.

È una bellissima farfalla (É uma linda borboleta) sussurrei e ri ao perceber que havia falado em italiano— desculpa.

Penso anche io (Eu também acho)- respondeu Jacob, ri por ter entrado na minha do italiano.

— Estou fazendo aula, meu cérebro está uma bagunça- expliquei, seus músculos se contraíram e ele me encarou.

— O presidente paga aulas pra você?

— Na-é...- engoli o seco, eu não queria mentir para ele, então encobri algumas verdades— paga, minha mãe é muito querida, já te disse.

— Então você também é, certo?

— Sim.

— É amiga da Maria?

— Não muito- não foi mentira.

— O que isso significa?

— Significa que eu não conheço ela direito, só isso. Eu estou com fome, você não?

Levantei e tirei meu celular do bolso, fiquei virada para parede até que senti Jacob se aproximar. Abaixei o celular e encarei a parede, fiquei nervosa em pensar na possibilidade dele descobrir quem eu era. Virei para ele, e percebi que havíamos voltado ao Jacob sério.

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora