Oásis - Noart

13- Você é a única coisa certa na minha vida

NOAH, KANSAS.

Compramos hambúrguer em um drive-thru, já que o bar onde íamos estava cheio demais, e nós não tínhamos tempo para perder. Sina não se importou em sentar na calçada do estacionamento da lanchonete para comer, ela com certeza era diferente de todas que eu conhecia. Nenhuma menina antes nem sequer pensou em sair assim comigo, tudo que elas querem é cama, sexo, cama e... sexo.

Sentamos lado a lado no meio-fio, Sina pôde continuar adorável até com os lábios lambuzados de molho. Ela falava quando não estava mastigando, e em certo momento colocou um lado do seu fone de ouvido no meu ouvido, me permitindo ouvir sua playlist, assim como prometera.

— All I am is a man, I want the world in my hands...- cantei baixinho quando terminei de comer, Sina olhou para mim com os olhos arregalados e sorriu de boa fechada— o que foi?- ri fraco da carinha dela.

— Você canta bem- disse Sina quando já não tinha mais comida na boca.

— Eu estava cantarolando, é diferente.

Estiquei as pernas para frente, meu corpo todo estava doendo, eu estava cansado e com sono. A garota ao meu lado limpou suas mãos e sua boca com o guardanapo, até se esticou por cima do meu corpo e usou o meu. Não consegui não sorrir com o ato, era bom saber que ela se sentia confortável ao meu lado.

— Ok, por favor, me diga seu maior sonho- ela pediu olhando para mim.

— Paz.

— O meu sonho é dormir fora de casa.

A encarei assustado, soube desde que a conheci que ela precisava sair mais de casa, mas nunca pensei que era naquele nível. Aquela menina poderia ter o mundo aos seus pés se quisesse, só precisava conhecê-lo primeiro.

— Isso é uma merda.

— Eu sei, mas sonho é tipo gosto, não se discute. Se o seu sonho fosse roubar a Estátua da Liberdade, eu diria que é um sonho e tanto.

— Não diria não- sorri.

— Sim, eu diria. Eu te apoiaria em qualquer coisa que você quisesse fazer.

Não Sina, você não apoiaria.

Naquele momento eu lembrei do quanto eu era indigno de ter alguém tão legal como ela ao meu lado, acompanhando essa minha vida de merda, meus problemas de merda que não nos levariam para lugar nenhum. Eu mereço todas as vezes que acordei sozinho na cama, mereço os socos que já levei por fazer coisa errada e o tormento na minha cabeça. Eu mereço tudo de ruim que tenho, mas ela não, ela não merecia fazer parte da minha vida.

Saí de perto dela, me apoiei na minha moto e acendi um cigarro. Sina observou meus movimentos atentamente, mas não falou nada. A encarei de volta, senti um pedacinho de mim se despedaçar quando ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado, completamente angelical. Eu queria ficar, mas, porra... ela merecia alguém que pudesse e devesse ficar com ela.

— O que se passa na sua cabeça?- a loirinha perguntou baixo, talvez não tenha sido intencional, mas foi como música ouvir sua voz rouca.

Abaixei a cabeça, envergonhado por não poder contar o que passava na minha cabeça. Melhorei minha expressão e voltei a fumar. Sina parecia ter desistido de tentar me decifrar, pois levou sua atenção para as pequenas folhas de grama no chão. Até que um suspiro cansado escapou de seus lábios, a encarei preocupado e ela também olhou para mim.

— Um dos convidados do presidente...- uma pausa eterna.

— O que?- pedi por uma continuação, pois minha mente viajou para várias realidades horríveis— o que? O que aconteceu?