05- Você acha que ela é uma vadia?

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SINA, KANSAS.

Ele não era baixo, mas era mais alto que eu. Seu corpo era forte e a camisa azul escuro marcava o peitoral. Seu cabelo não estava penteado, não do jeito certo, mas ainda sim era bonito. Eu tinha medo de pessoas desconhecidas, talvez meus pais tenham colocado isso na minha cabeça. Mas dele... eu não sabia o que sentir sobre ele.

— O que diabos você fazia lá dentro?- o homem apontou para a grade, onde eu olhei pouco tempo depois apenas por não ter coragem de encará-lo diretamente.

— Eu...- coçei a garganta, sua voz não me dava nem um pouco de medo, eu só estava nervosa com a situação— eu não estava invadindo, se é isso que quer saber.

Primeiro fato: será que ele realmente não me reconheceu ou só estava fingindo? Segundo fato: aquilo era a coisa mais interessante que acontecera comigo.

— Isso é parte do que eu perguntei.

Ele não parecia estar se fazendo de bobo.

— É só isso que eu posso responder.

— Então, eu vou dizer ao meu amigo segurança que uma garota encapuzada está tentando inva...

— Não!- estiquei a mão para frente, ele deu um passo para trás— eu não estava invadindo, só não posso sair pela porta da frente- expliquei, implorando mentalmente para que aquilo o convencesse.

Ele fez um bico pensativo, olhou para cima e encarou a casa. Depois deu um passo para frente e praticamente encostou na minha mão, nenhum de nós dois pareceu querer desfazer o contato, eu menos, já que seu braço era quente e aqueceu a minha mão. Bobo, mas foi bom.

— Qual o seu nome?- perguntamos juntos, ele inclinou a cabeça e me encarou com cara de tédio.

— Fale o seu- ordenou o homem, cruzei os braços, negando— eu posso fazer isso o dia todo.

Um sorrisinho descarado e provocativo me fez bufar. Aquele recém conhecido era diferente de todas as pessoas que já troquei palavras, como se ele fosse um dos personagens que vi nos livros. Era interessante e eu, curiosa, precisava saber mais.

— Eu...

— Você conhece a Maria?- ele perguntou olhando para a janela do meu quarto, percebi depois que segui seu olhar.

Quem diabos é Maria?

— Maria Deinert- ele especificou.

Ah é, sou eu.

— Ãnn... talvez.

— É amiga dela?

— Depende de quem você seja- foi a minha vez de afrontar, ele suspirou e voltou a olhar para mim.

— Um admirador.

Oh! Interessante...

— Conhece ela?- questionei— o que você acha dela?- ele jogou os ombros.

— Não a conheço, queria fazer isso hoje.

— É uma pena, eles não estão aqui.

Ele balançou a cabeça e voltou a encarar a janela, parece que a minha diversão não duraria por muito tempo. Fechei a grade até que ela parecesse perfeita, depois me virei e saí caminhando devagar na parte de trás da casa. Tinha uma sauna ali, que eu não havia visto antes, e um horizonte lindo onde o sol caía. Eu nunca havia visto tão de perto. Nunca fora tão lindo e gracioso.

Me perdi naquela luz, só me lembrei que eu tinha compainha quando vi a sombra mais alta que a minha no chão. Olhei para ele, e quando recebi um olhar em troca, desviei.

Oásis - NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora