Capítulo VI

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O sol nascia e outra vez Kakashi não havia conseguido dormir. Ele estava sentado na cama observando os primeiros raios rolares entrar pela janela aberta, clareando o quarto e o fazendo perceber que um novo dia já havia nascido.

Como de costume Kakashi perdera a noção de tempo enquanto vagava pelos seus pensamentos. Porém, agora era diferente, estava refletindo sobre a noite passada e em como Sakura parecia se sentir bem embaixo da chuva. Ele compreendia sobre aquele sentimento de ter algo 'seu', algo que mesmo não fazendo muito sentido para as pessoas ao redor, era reconfortante e de alguma forma ajudava Sakura a espairecer. 

Reconfortante… 

Espairecer… 

“Seu…” — Kakashi tocou o queixo enquanto pensava.

Lembrando de algo, o Hatake pulou da cama apressado e andou até o guarda-roupa, no canto do quarto. Começou a mexer no fundo do móvel a procura, e achou, uma caixa preta que estava guardada há muito tempo. Kakashi abriu a caixa e pegou de dentro uma peruca castanha e uma máquina fotográfica.

Andou até o banheiro e colocou a peruca. 

— Quanto tempo não nos vemos, Sukea. — disse para si mesmo ao se olhar no espelho. 

Suspirou.

Fazia muito tempo que não se disfarçava de Sukea, mas a noite passada o havia inspirado de certa forma. A ideia de ter algo 'seu' não saia de sua mente. Talvez, ele precisasse daquilo. 

Talvez.

                  ******

Sakura estava em sua sala, sentada em sua mesa assinando algumas altas de pacientes quando sua secretária, Fumiko, bateu na porta. 

— Com licença Sakura-sama — disse a mulher baixa e morena entrando na sala após Sakura ter concedido. — O Kazekage está lá fora e deseja vê-la. — O espanto da ninja médica era visível, ela não estava esperando a visita do Kazekage. De certa forma Sakura ficou nervosa. 

Ao perceber seu estado a Haruno pigarreou e se recompôs, não era uma boa ideia deixar transparecer sua insegurança assim na frente de Fumiko, mal conhecia a moça e não queria que ela soubesse da sua vida pessoal. 

Pediu para a secretária deixá-lo entrar, mesmo constrangida Sakura não tinha como fugir disso. 

O Kazekage entrou sério, e sem perder tempo fixou o olhar na médica a sua frente. Ela estava tentando o evitar, ele sabia disso estava claro. Mas Gaara estava engolindo o próprio orgulho para estar ali, por isso precisava ser firme. 

— Eu não sabia que ainda pretendia voltar para Konoha. — disse Gaara trancando a porta atrás de si e parando em frente a Sakura, assim que Fumiko saiu.

Ainda sem levantar do seu lugar a médica encarou os olhos, verde água por alguns segundos em silêncio e voltou ao que estava fazendo momentos atrás, não dando muita atenção ao homem a sua frente.

— Olá Kazekage-sama, no que posso ajudar? — sorriu educadamente fingindo que não ouviu a queixa de Gaara a pouco.

— Qual o motivo de me tratar assim Sakura? Pensei que fossemos amigos… — falou o homem fitando os olhos esmeraldas a sua frente, ela havia soltado os papéis e agora o encarava impassível. Ela não o devia satisfação. 

“Controle-se” — Sakura repetiu para si mesma. 

Entretanto, quando Sakura abriu a boca para rebater Gaara, percebeu o olhar de dor que o homem lhe direcionava; e de repente um sentimento de culpa passou a apertar o peito da ninja. Lembranças de como ele havia aberto seu coração a ela mesmo sem receber nada em troca povoaram sua mente. 

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