Capítulo IV

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" — Cuidado com as costas! — sussurrou alguém em meio a escuridão, fazendo com que Sakura se virasse para procurar de onde vinha aquela voz, mas não encontrou ninguém, apenas um grande espelho. 

Ao olhar bem para o objeto a sua frente, Sakura viu a própria imagem refletida, porém não com a aparência de agora e sim como a alguns anos atrás, estava mais nova.  Seu outro eu estava chorando desesperada em posição fetal, repetindo várias vezes algo que ela não conseguia entender. De repente, sentiu uma dor dilacerante atravessar seu peito e algo quente escorrer pelo mesmo, a Haruno olhou para baixo e tocou no local da dor…  

Era sangue. "

A ninja médica acordou em um rompante, estava ofegante e molhada de suor; levou uma das mãos até o peito e não tinha sangue nenhum. Tentando se acalmar Sakura olhou ao seu redor e percebeu haver dormido no sofá da sala. Foi apenas um sonho. 

Suspirou aliviada.

Ela havia se jogado no sofá da sala algumas horas antes após ter chegado cansada de mais plantão exaustivo. Aquele havia sido um dia corrido no hospital — e como médica chefe, Tsunade não tinha a poupado — ela passou a madrugada inteira entrando e saindo de cirurgias. 

Fazia alguns dias desde a sua chegada, e ela ainda não havia esquecido do seu encontro tão repentino com o Sasuke. Não que aquilo a afetasse emocionalmente como antes, mas as palavras “Tenho a impressão que essa não será a última vez em que nos veremos.” que ele dissera ainda estava martelando em sua cabeça. Qual teria sido a verdadeira intenção dele ao dizer aquilo? 

Para qualquer outra pessoa haveria sido apenas palavras simples e sem muita importância, mas para Sakura  que conhecia muito bem o antigo companheiro de equipe e ex noivo aquilo soava no mínimo suspeito. O brilho incomum que ele carregava em seus olhos naquele momento ao proferir tais palavras diziam algo.

 Havia algo de errado.

Com certeza aquele sonho havia sido culpa sua, já que ela estava tendo aqueles pensamentos momentos antes de pegar no sono. Sakura sentou-se repreendendo a si própria, estava dando importância demais ao que não devia. 

Ou não

Talvez devesse ficar alerta. 

Não sabia ao certo, estava confusa. 

Sakura balançou a cabeça espantando esses pensamentos. Talvez estivesse ficando louca, fantasiando, devia ser fruto de seu ressentimento por aquele homem; mas de qualquer forma, invenção ou não de sua imaginação, não confiava nele…  

Levantou-se e olhou pela janela, era noite. Ela também não acreditava em como a semana havia passado tão rápido, estava tão ocupada no trabalho que não percebeu os dias se passando.

 Teria que se arrumar para ir ao jantar na casa do Naruto, que seria essa noite. Ela havia prometido a Hinata que iria. 


                   ******

Sakura parou em frente a casa dos Uzumakis e bateu na porta. Estava vestindo um vestido simples vermelho de alças finas e com um decote discreto, que ia até à altura do joelho. Ela carregava uma garrafa de vinho em uma das mãos. 

Ouviu barulho de vozes e música; e quando Hinata abriu a porta, a Haruno teve certeza que aquilo não seria um jantar. Parecia que eles haviam chamado Konoha inteira.

Ela entrou e entregou a garrafa para a nova Uzumaki, comprimentando a todos com um sorriso educado. 

— Sakura! — Chamou Tenten se aproximando e lhe dando um abraço. — Sinto muito pelo que aconteceu, nós não sabíamos — sussurrou apenas para Sakura ouvir. 

— Isso é passado. — devolveu lhe retribuindo o abraço. — Me perdoe por ir sem me despedir. 

— No seu lugar eu faria o mesmo. — disse piscando cúmplice e se afastando, havia mais pessoas que queriam abraçar a ninja médica aquela noite.

           

                 *****

A festa estava animada, tinha pessoas bêbadas por toda parte

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A festa estava animada, tinha pessoas bêbadas por toda parte. A música estava alta e as pessoas conversam entre si, havia visto até Karin em um canto qualquer discutindo com Suigetsu. Sakura tinha a impressão que nem todos estavam ali por causa dela, já que não conhecia uma boa parte daquelas pessoas. 

Estava conversando na cozinha com Kiba e Naruto, quando Naruto foi chamado na sala por Hinata, deixando Sakura sozinha com Kiba, que estava com uma garrafa de saquê na mão bebendo direto do gargalo. 

— Olha — começou Kiba assim que Naruto virou as costas ele, dava sinais claros de embriaguez pela voz. Ele foi chegando cada vez mais perto dela. — Eu sempre te achei gatinha, mas devo confessar que você se superou esses últimos anos. 

Sakura revirou os olhos, ele havia esperado Naruto sair de perto para retornar com as cantadas, definitivamente o Inuzuka não sabia a hora de parar. 

— Dá para você parar com isso? — era nítida sua irritação. 

— Por quê? Não gosta de ser elogiada? — perguntou Kiba fingindo inocência, viu quando Sakura apertou os punhos — Vai me bater? Ótimo, gosto de apanhar de mulher bonita — riu com sensualidade mostrando suas presas. 

— Calma Kiba, o soco dessa além de te matar derrubaria essa casa, e isso não seria nem um pouco justo com os anfitriões da festa. — interrompeu Kakashi surpreendendo os dois, estava parado e encostado na parede logo atrás deles com as duas mãos no bolso. — Sakura, está tudo bem? — falou olhando para Sakura. 

Kakashi estava tentando fugir do barulho quando entrou na cozinha, demorou um tempo ali, e quando se preparava para ir embora do local entrou Naruto, Sakura e Kiba que vinha logo atrás com os sem tirar os olhos da bunda da médica. O líder de Konoha ficou quieto ouvindo toda a conversa, até que Naruto saiu. 

Kiba o olhou abismado. 

— S-sim, sensei. — disse Sakura se perguntando a quanto tempo ele estava parado ali.

— Se importa em vir comigo? 

Ela poderia muito bem colocar Kiba no lugar dele sozinha, mas como Kakashi havia dito isso não seria nada bom para Naruto e Hinata. Então preferiu seguir Kakashi, deixando Kiba irritado. 

— Obrigada Rokudaime-sama. — agradeceu Sakura assim que chegaram na sala. — Foi muito gentil da sua parte. 

— Sakura acredito que já tenha te pedido para me chamar apenas de Kakashi. — disse Kakashi fazendo Sakura corar envergonhada. — E sobre o Inuzuka não precisa agradecer, aquele garoto quando bebe não conhece limites, só quis que ele não a incomodasse mais. — Kakashi falava em tudo em tom sério e educado, mas Sakura se sentiu estranhamente nervosa perto dele. 

Talvez fosse a seriedade com que ele dizia cada palavra ou a expressão impassível por baixo da máscara, mas aquele não era o mesmo Kakashi que havia sido seu sensei. Esse era distante, sombrio. 

— Certo, Kakashi. — Sakura também ficou séria. — Eu já vou indo. 

— Eu também estou de saída. Posso acompanhá-la? — perguntou Kakashi. 

— Seria um prazer, vamos?

Os dois saíram sem se despedir de ninguém, a festa estava uma loucura e eles não conseguiram achar Naruto e Hinata. 

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