Capítulo LIX

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Shizune abriu a porta e entrou devagar no pequeno apartamento que Hana morava. Já se fazia alguns dias que as duas não se falavam diretamente, e a morena quis saber o que estava acontecendo com sua filha adotiva. Ela se encontrava distante e desanimada ultimamente. Shizune suspeitava que isso teria a ver com a morte de Hideki.

Hana amou tinha esperanças verdadeiras de um dia ter o amor do pai.

Ao fechar a porta atrás de si e se virar, a médica se assustou ao se deparar com a jovem Haruno parada a sua frente. A garota apareceu tão de repente que Shizune não a percebeu.

— Que susto! — levou uma mão ao peito — Estava me esperando?

— Ele me amava? — perguntou a garota que só agora Shizune havia percebido estar com olhos tristes.

A morena ficou comovida.

— Quem?

— Ora, quem? — disse áspera — Quem mais? O meu pai droga!

— Hana meu am…

— Amava? — perguntou com olhos os marejados.

Shizune poderia mentir, mas não faria isso. Estava cansada de ver a garota se iludir com um amor paterno ao qual nunca teve. Desde que conheceu o pai, Hana havia mendigado o seu amor de uma forma nada saudável e até ridícula, por assim dizer. A médica nunca quis o mal de sua filha adotiva, mas agora via que seu silêncio diante das ilusões que Hana alimentou durante muito tempo não havia sido a coisa certa a se fazer.

— Desculpa. — a mulher disse por fim.

Hana abaixou a cabeça e deixou que lágrimas escorressem por seu rosto.

Triste por ver Hana chorando, Shizune largou no chão as sacolas ao qual segurava e abraçou a garota que agora soluçava. A médica nunca havia a visto chorar daquela maneira. Hana sempre foi uma garota que não gostava de chorar na frente dos outros. Aos poucos, o choro da Haruno foi diminuindo e Shizune sentiu poder larga-lá de novo.

— Por que decidiu perguntar isso agora? — perguntou fitando os olhos da mais nova.

— Eu me sinto vazia Shizune! — seu tom era baixo — Sinto que não sou importante para ninguém e isso… — abaixou a cabeça — Está me machucando. A minha mãe teria me amado?

Os olhos de Shizune brilhavam numa intensidade nunca vista.

— Esqueça ela! Esqueça Hideki! — disse em um tom de voz que surpreendeu a garota. Parecia brava, mas seus olhos mostravam que ela estava apenas determinada — Eu que sou a sua mãe! — vociferou — Te amo e faria qualquer coisa por você! — afirmou — Escute — deu um passo a frente e colocou uma mão no ombro de Hana — Eles não importam mais, e você precisa procurar a sua própria felicidade. — tocou no rosto da Haruno — Independente do amor que eles nunca te deram.

— Não é tão fácil. — sussurrou, com os olhos ainda presos nos de Shizune.

— Ah criança! — a morena sorriu — Você precisa tentar… Me prometa que não dependerá do amor de ninguém para isso.

Hana continuou a encarar por algum tempo.

— Realmente quer que eu prometa? — arqueou uma sobrancelha, mas Shizune estava com a mesma expressão.

— Prometa. — repetiu.

— Por quê?

A morena suspirou e se afastou.

— Você precisa entender que o amor é para todos, mas nem todo mundo o tem dentro de si. — pegou as sacolas no chão — Nem sempre o amor das pessoas será recíproco ou verdadeiro. Nem mesmo quando se tem o mesmo sangue que você. — fitou a mais nova — E eu não quero que você dependa do amor dos outros, isso é um grande erro.

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