Sentimentos Perversos

26: 𝗮𝗹𝗲́𝗺 𝗱𝗼𝘀 𝘀𝗲𝗻𝘁𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼𝘀.

Narradora

— Eu odeio você... — Dizia Eva.

Kayo apenas manteve-se calado, não tinha muito o que fazer, ele não poderia rebater suas palavras e piorar ainda mais a situação.

— Está tudo bem. — O garoto dizia calmo.

O silêncio após sua fala foi algo aterrorizante, não havia nada a se dizer.

— Todo dia era a mesma coisa...risadas, exclusão, chacota, brincadeiras extremamente problemáticas. Todo dia por vários anos.

Charmont mais uma vez pensou no que poderia dizer, mas de novo falhou, assim como falhou com sua mãe. A verdade que o garoto também não conseguia rebater.

— Isso parece tão ridículo falando agora.

Ele se separou de Eva e a encarou, pegou nas mãos da mesma e ambas mãos estavam geladas.

— Eva — Kayo a chamou como se implorasse sua atenção — Eu não sabia disso, me perdoa, é sério! Eu juro por Deus que jamais teria feito isso. — O mesmo começou a se embaraçar em suas palavras e Eva o interrompeu.

— Okay, mas a gente precisa se afastar, entende?

— Eva, calma... — Kayo sorriu nervoso. — Não precisa ser assim.

— Eu acho que precisa.

— Eu o que eu posso fazer pra você me perdoar? —Charmont perguntou como se fizesse de tudo para saber a resposta.

— Eu não sei... — Sussurrou.

Kayo assentiu com a cabeça enquanto encarava Cooper.

— Eu posso sumir caso queira, se isso te fizer melhor.

— Não precisa sumir, só fica longe... como era antes, quando você fingia não me ver.

— Eu gosto muito de você — admitiu — eu espero que um dia você saiba que eu mudei e jamais faria isso novamente.

O mesmo passou a mão na cabeça da garota e saiu do banheiro. O sinal tocou avisando o encerramento da aula de inglês de Eva, a mesma entrou em uma das portas do banheiro e a trancou.

Agora sim ela percebeu que não cometeria mas nenhum erro, porque seu erro havia ido embora. Por que ela estava se sentindo ruim? Porque por mais que ela não quisesse, seus momentos juntos neste pouco tempo fizeram seus sentimentos despertarem novamente. Mas o seu rancor idiota era realmente maior.

EVA COOPER

Vamos respirar, pronto! Agora acabou tudo que tinha que acabar. Está tudo bem.

Limpei minhas lágrimas e então respirei fundo. Criei coragem e saí do banheiro indo em direção ao meu armário para guardar alguns cadernos. Alguém esbarrou em mim com força, busquei a pessoa e achei Jacob. Droga, pensei que ele havia saído da escola.

Ele era com certeza a pior pessoa que eu conheci, porque ele voltou?

— Espera? Eva Cooper? — O mesmo abriu um sorriso malicioso — A Eva que foi rejeitada.

Olhei para o chão e depois voltei a pegar meus cadernos.

— Own, como você está? O mal cheiro daquela água desapareceu não é? Isso é ótimo. — Jacob dizia com sarcasmo.

Jacob costumava me usar como alvo de suas piadas mais nojentas no início do ensino médio, ele havia sumido, até achávamos que ele tinha saído do colégio, por que caralhos ele está aqui logo agora?

Respirei fundo, continuando a fazer o que estava fazendo.

— Olha aqui, Evinha! — O garoto fazia uma voz chata.

Vi Charmont, mesmo viu tudo e começou a caminhar até nós.

— Kayo, não me— Não consegui terminar a frase porque o mesmo já estava socando a cara de Jacob sem parar.

Eu com certeza não iria intervir mais que isso.

— O que você acha disso?! — Questionava Charmont enquanto quebrava o nariz do garoto no chão.

Kayo sempre conseguia se superar em usar seu sarcasmo em situações não muito favoráveis para isso.

As pessoas ao redor, ou melhor, os garotos os separaram. Jacob continuo no chão mantendo sua mão em sua boca e nariz.

Ele se levantou enquanto o garoto no chão colocava a mão sobre o nariz. Kayo apenas passou a mão jogando o cabelo para trás, me encarou e então saiu. Jacob se levantou do chão antes que o diretor chegasse e provavelmente foi ao banheiro.

Senti James pegar em meu braço, o olhei confusa.

— Que porra houve aqui, mana?

— Não faço ideia. — Falei trancando meu armário.

Eu não me importo de ver Kayo socando a cara de alguém, ainda mais se esse alguém for Jacob, não me importo mesmo.

— Vem, a última aula vai começar. — Falou James enquanto me puxava para a próxima aula.