Capítulo 26

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O cabelo loiro de Otto brilhava ao sol e a cara dele estava começando a me dar náuseas

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O cabelo loiro de Otto brilhava ao sol e a cara dele estava começando a me dar náuseas. Eu mal conseguia escutá-lo explicando como seria a nossa ida pra Ilhéus. Tudo o que eu conseguia pensar era em como eu havia me metido em uma situação tão...delicada. Quer dizer, vamos partir do ponto de que estou apaixonada e muito provavelmente não sou e nem serei correspondida (o que, se eu olhasse por um lado, poderia ser positivo, já que ele vai se mudar pra um lugar desconhecido e nem lembro se meus pais são liberais o suficiente pra me deixar ir visitá-lo com frequência), tirando a segunda família que eu tinha ali etc etc.

- Entendeu tudo?

- An? - ouvi a voz me tirando do transe. O que ele tinha dito mesmo?

- Ai- ele pôs a mão no rosto- você escutou alguma coisa do que eu disse?

- Ah...que a gente vai sair daqui 6 dias e que a estrada tem muitas curvas?- chutei

- Sim, mas isso eu te disse ontem, não agora- senti minhas bochechas queimarem, eu realmente não estava prestando o mínimo de atenção- olha...eu sei que não é fácil mudar assim, mas você tem que se acostumar com a ideia. Quanto mais confortável você ficar, melhor vai ser o processo.

Assenti e pedi desculpas antes de ir embora me afogar na minha própria melancolia. Cheguei em casa e topei Héctor saindo de lá (???), acho que ambos estávamos surpresos na mesma medida, porque nossas expressões foram bem equivalentes.

- O-oi Ana, e aí?- nunca na galáxia eu tinha visto Héctor tão tímido. Será que ele e a Luísa... não. Não era possível que eles estavam tendo um caso bem debaixo do meu nariz e ela não me contou!!! Respondi ele rápido e entrei em casa fingindo naturalidade frente ás minhas suspeitas, mas subi feito um foguete pro quarto para arrancar informações. Ela estava plena, sentada na penteadeira organizando os perfumes. Parou assim que me viu.

- Ana!! Que bom que voltou, como foi com Otto hoje? Nem me fale que se sentiu sozinha, já que você que quis ir sem ninguém e...

- Qual é a sua com o Hector? - perguntei logo, o falatório dela não ia me distrair naquele dia. Vi suas bochechas ficarem levemente vermelhas antes de responder

- Ele não veio aqui fazer nada, literalmente. Só chegou, sentou e começou a conversar- ela disse, tímida. Tímida.

- Ah...conversar, né? Vocês conversaram muito perto um do outro? - fiz uma cara maliciosa e ela jogou uma almofada em mim

- Não seja ridícula, Ana Alice! Eu e o Héctor somos....recém ex- inimigos, só isso- falou, cruzando os braços e sentando na cama.

- Aham, tá bom então- eu não estava nenhum pouco convencida. Sorri imaginando a cena dos dois andando de mãos dadas por aí.

- Pode tirar esse sorrisinho do rosto, você vai fazer um favor pra mim hoje- franzi a testa.

- É pra dar cobertura pra vocês dois?- outra almofadada na cara. Parece que não.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora