O hospital estava pouco movimentado, Arthur me passou a numeração do quarto e não demorou para uma enfermeira vir nos chamar, porém, quando levantamos, ela alertou
- Só pode entrar uma pessoa por vez. vocês podem decidir quem vai primeiro- olhei pra Luísa só pra confirmar o óbvio. Ela me esperaria lá fora.
Enquanto andava pelo corredor, precisei me encostar na parede por um segundo. Minha mente "relampejou" um pouco, antes de um flashback vir á tona
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Eu estava passando por um corredor semelhante, porém maior, com a menina dos cabelos cacheados ao meu lado, ela parecia um pouco mais branca que o normal.- Obrigada por ficar aqui comigo, eu sei que hospitais são um saco- disse ela
- O que eu poderia fazer? Isso também está no contrato de melhores amigas- ela gargalhou - Mas, sério- continuei - você precisa entrar numa aula de natação. Onde já se viu morar em litoral e não saber nadar? Sorte sua que Otto nada rápido, eu nunca teria chegado a tempo.- ela parou e suspirou
- Eu sei. Eu sempre tive dificuldade, te falei que entrei na natação quando tinha 8, lembra? - assenti- mas não foi muito eficaz, por mais que o professor tivesse paciência. Eu sou péssima, mas prometo que vou entrar de novo, e dessa vez vou aprender de uma vez por todas.
- É bom mesmo- estreitei os olhos pra alguma coisa lá fora- Sua mãe já tá lá no carro, corre e me manda mensagem quando chegar- falei, e ela me abraçou
- Pode deixar. Obrigada por ser a melhor amiga do mundo
- Eu não sou a melhor, eu fiz o que tinha que fazer- falei, fazendo ela rir
- Não seja modesta, não combina com você- e me mandou um último aceno. Acompanhei enquanto o carro sumia pela rua á beira-mar. Fiquei um tempo parada olhando a imensidão azul até me tocar de algo.
- Ai meu Deus- falei comigo mesma- como eu vou embora?
E aí eu estava no corredor do hospital em Vila do Veleiro novamente. A enfermeira me olhava curiosa.
- Moça, tá tudo bem? - me ajeitei, passando o máximo de tranquilidade possível.
- Está sim, foi só...uma queda de pressão. Acontece com frequência- então comecei a andar rápido em direção ao quarto do Arthur enquanto ela gritava lá atrás "Com frequência? Então temos que examiná-la! Moça? Moça!!"
Quando cheguei, havia uma mulher e um médico conversando. Ela se parecia um pouco com Luma e tinha um "quê" de arrogância na expressão.
- Como assim ele não pode ter alta agora? - ela exclamava
- Senhora Lins, a pressão do seu filho baixou a níveis preocupantes, os níveis de adrenalina dele estavam bastante alterados e o fluxo sanguíneo também. Apesar da recuperação estar acontecendo relativamente rápido, ele só poderá ter alta amanhã. Não é nada grave, mas ele precisa ficar em observação- a mulher suspirou
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Por Água Abaixo
Novela JuvenilE se, após uma tempestade caótica, você acordasse em uma praia deserta sem se lembrar de absolutamente nada da sua vida? Tendo certeza que é a pessoa mais azarada que poderia existir, Ana Alice embarca numa aventura - chamamos assim para dar um ar...