Capítulo 36

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Dizer que estávamos todos em pânico era quase um elogio

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Dizer que estávamos todos em pânico era quase um elogio. Estávamos muito, muito além disso. A coluna do meu pai simplesmente travou quando soubemos de tudo, e minha mãe chamou uma ambulância ás pressas. Ela o acompanhou até o hospital, mas prometeu que não largaria o celular e voltaria assim que pudesse.

Nossa casa ficou trancada por precaução, então estávamos todos enclausurados na sala: eu, Vanessa, Luma, Héctor e Arthur.

Eu precisei de toda a força de vontade pra não estrangulá-lo assim que apareceu na porta. Vanessa ligou pra ele e disse apenas que a Ana Ali...Mariana foi sequestrada. Não, ela não contou a identidade da nossa amiga pra ele, ele só descobriu quando chegou em casa (em tempo recorde, devo dizer)

- Você sempre disse que ela combinava mais com "Ana"- disse Héctor pra ele- parece que acertou, em partes.

Dei uma leve cotovelada nele. Héctor estava sendo um grande apoio, desde a hora em que vimos aquelas fotos até ali, mas certas besteiras não dava pra deixar passar. Arthur não respondeu. Na verdade, ele não falou nada o tempo todo, mesmo depois que contamos toda a história.

Vanessa estava abalada demais com o sequestro para pensar que passou o último mês ao lado da pessoa que criou metade do guarda roupa dela.

 Bem, eu passei um mês morando com ela. Era surreal pensar naquilo. Mariana Tigre Branco, alguém que numa vida normal eu jamais teria chance nem de ver de perto, morou na minha casa. Lavou a louça da minha casa. LIMPOU a minha casa. Meu Deus, ela provavelmente nunca deve ter feito isso na vida antes.

Pensar nas coincidências do mundo também não estavam me ajudando. Pesquisamos sobre a empresa da família dela porque ELA estava querendo saber se era de confiança.

 Meu pai viu o pai dela, e, meu Deus, nós falamos sobre o pai dela.

 Apoiei minhas mãos na cabeça e Héctor pôs as dele em minhas costas. Eu não conseguia entender. Depois de descobrir, fomos pesquisar fotos dela, e chegou a ser engraçado por que eu não enxergava a grandiosidade daquilo. Não conseguia. Nem nas fotos em outros países, nem em grandes eventos, nem em nada. Tudo o que eu via era a pessoa que o destino (e uma tempestade) me presenteou. Que me ajudou com o colégio, ajudou a superar meus traumas relacionados ás pessoas, me fez querer socializar novamente, ouviu meus desabafos, suportou meus ataques nervosos e assistiu incansavelmente meus filmes preferidos comigo. Independente do que ela era antes (e sempre foi, mas não se lembrava) ela tinha se tornado minha irmã.

Naquele momento, estávamos em casa esperando uma coisa só: a família dela.

 Pelo que a prima, Maria Cecília, disse, ele poderiam chegar ali a qualquer momento. Os pais dela disseram que queriam nos conhecer, queriam saber de tudo sobre a estadia da Mariana aqui.

 Meu Deus, como pudemos cair em uma história tão fajuta? Aqueles pais falsos que diziam não ter tempo pra buscar a filha DESAPARECIDA, sendo que os pais verdadeiros não pensaram duas vezes em vir até nós. Eu me sentia burra, estúpida de não ter percebido nada.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora