Capítulo 35

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"Hoje é o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida

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"Hoje é o aniversário de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Agradeço todos os dias por ter você, por sua convivência diária e seu companheirismo. Quero que saiba que sempre estarei aqui pra você, seja pra passar raiva jogando uno, colocar fogo na cozinha fazendo s'mores, escutar suas ideias mirabolantes para novas coleções e acompanhar cada uma delas sair do papel (mesmo que eu tenha que acordar ás 4 da manhã para assistir modelos sendo fotografadas), viajar pra todos os cantos do mundo e eventualmente roubar roupas da vovó.
Estarei para sempre ao seu lado, vivendo e revivendo tudo quantas vezes for preciso.
Te amo, prima-irmã"

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Abri os olhos lentamente. Esse foi o texto de aniversário das fotos da Maria Cecília. Ceci. Vários momentos nossos eternizados num post, um post que me salvou. Ou quase.

Quando li o texto, foi como se uma parte de mim tivesse despertado. Uma parte que não conseguiu voltar com nenhum flashback, pois tudo ali era embaçado. Aquelas fotos não eram. Cada foto era uma pontada em mim: meu coração acelerou, minha pressão foi nas alturas e desceu aos confins da terra naquela sequência. Os tio de Otto (ou seja lá quem fossem aquelas pessoas) não demoraram pra notar que alguma coisa estava errada e arrancaram o celular de minhas mãos enquanto eu passava mal compulsivamente. Eu já sabia que estava com problemas aquela altura, mas tudo se concretizou quando vi a mulher olhar pra tela, mostrar pro companheiro, pegar um pano, por no meu rosto e me apagar.

Tarde demais, era tarde demais.
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Acordei num ambiente fechado e úmido. Havia areia pra todo lado e eu sentia o cheiro de mar inundar meu nariz.
O único som que eu ouvia claramente eram as goteiras que caíam da superfície de pedra numa espécie de pequena lagoa ali dentro.

Eu estava ou em uma caverna, ou em um cenote. De qualquer forma, nenhuma das opções era agradável naquele momento.

Tentei me sentar, ignorando que tudo doía. Meus olhos alcançaram uma pequena saída de luz na superfície rochosa, provavelmente por onde tinha me colocado ali, e por onde eu jamais conseguiria sair sozinha.
Deslizei na pedra e fiquei sentada por um bom tempo, tentando entender o que raios tinha acabado de acontecer.

O que aconteceu durante todas aquelas semanas.

Fechei os olhos, apertando meus joelhos, e pela primeira vez, não tive um flashback espontâneo não-intencional.

Eu me lembrei.

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O dia estava absurdamente chuvoso. Mal conseguia ver a paisagem lá fora pelo vidro do carro, embaçado pela névoa.

- Eu amo chuva- falei, distraidamente- me inspira.

- Me inspira também- Ceci disse, enquanto mexia no celular- a dormir como se não houvesse amanhã.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora