E se, após uma tempestade caótica, você acordasse em uma praia deserta sem se lembrar de absolutamente nada da sua vida?
Tendo certeza que é a pessoa mais azarada que poderia existir, Ana Alice embarca numa aventura - chamamos assim para dar um ar...
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Acordei ofegante, havia sonhado a noite inteira com relógios. Tinha um compromisso e estava atrasada, sabia disso. Levantei rápido, corri até o banheiro e joguei água no rosto. Era hoje, era hoje, era...olhei no espelho, e de repente me toquei de onde estava. Casa da Luísa, Vila do Veleiro. De repente eu já não me lembrava mais porque estava com tanta pressa, quer dizer, me lembrava que tinha um compromisso, mas a minha mente enevoou e ocultou o que era. Saí do banheiro meio tonta e me deparei com Luísa já sentada no sofá. Ela não deveria estar no colégio?
- Bom dia! Nossa, sua cara tá péssima- colocou a xícara em cima do centro de vidro- seu celular não para de apitar, Cinderela, você e o Arthur tem assunto pra falar dia e noite, né? Vai pensando que ninguém reparou que você foi dormir ás três da manhã ontem- ela me olhava com um sorrisinho malicioso- atípico.
De fato, meu encontro com Arthur fora três dias antes, e desde então não paramos de conversar no whatsapp por um minuto sequer. Eu estava com uma certa vergonha de ter que admitir isso pra Luísa, então mudei radicalmente de assunto.
- Sabe o que mais é atípico? você em casa numa terça feira de manhã, não deveria estar na escola? - falei, roubando uma das bolachas de chocolate que ela estava comendo.
- Não, estamos em recesso, graças a Deus terei 30 dias de paz!
Ah, isso explicava o fato de Arthur me responder tão rápido pela manhã, no horário que seria de aula. Peguei o celular rápido e voltei pro quarto pra me trocar, a verdade é que eu estava começando a ficar com uma dor de cabeça latejante por causa do compromisso misterioso. O que raios poderia ser? Eu ia salvar o mundo, por acaso? Que compromisso era aquele que nem perdendo a memória eu esqueci a data? Meu raciocínio (ou a falta dele) foi interrompido pelo bip do celular.
Arthur- Escuta esse som que e me fala o que achou. Áudio🎶.
Arthur fazia composições musicais. No começo, encarei como um hobby dele, mas depois de escutar algumas, percebi que se ele quisesse, elas poderiam ser muito mais do que aquilo.
Ana- Meu Deus!! Tá incrível, juro. Tem mais de onde veio?
Arthur- Ter, tem. Mas você sabe que é hobby, esse foi o melhor até agora
Ana- Se você começar a levar a sério, eu diria pro Conan Gray se preocupar com seu posto.
Arthur- KKKKK, não acho que eu vá (nem levar a sério, nem desbancar o Conan Gray), mas obrigado
Ele estava enganando a si mesmo e eu sabia, porque quando sugeri que tivesse uma banda no dia em que saímos, sua expressão entregou o quanto ele gostaria que aquilo acontecesse.
Ana- Vai escrever letra pra ele?
Arthur- Não sei, tô pensando ainda... Se eu for escrever, você vai ser a primeira a ouvir
