E se, após uma tempestade caótica, você acordasse em uma praia deserta sem se lembrar de absolutamente nada da sua vida?
Tendo certeza que é a pessoa mais azarada que poderia existir, Ana Alice embarca numa aventura - chamamos assim para dar um ar...
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Eu não me lembro de muita coisa da minha vida, isso todos já sabem. Isso diz respeito a fatos, mas lembro de sensações. Algumas coisas que senti desde que cheguei em Vila do Veleiro eu sabia que eram familiares, outras, totalmente novas e imprevisíveis, mas, em sua maioria, muito boas. Porém, existem as exceções. E nada (nada mesmo), poderia explicar a sensação que tive ao ver Arthur com aquela garota na sorveteria. Os cabelos ruivos dela estavam perfeitamente presos num coque e ela balançava um milk shake como se estivesse entediada ou tentando seduzir alguém (até então, eu torcia com todas as forças pra ser a primeira opção), e ele parecia bastante entretido na conversa, o cabelo levemente bagunçado e usando a jaqueta de sempre. Eles poderiam ser só amigos, eu sei (e ja tinha quebrado a cara com isso), mas quando ela se levantou e sentou no colo dele, eu tive a certeza de que não. Estava a caminho da casa da Vanessa com a Luísa quando fiquei paralisada com a cena. Eu não saberia descrever ao certo, mas minhas pernas pareciam gelatina.
- Não é só mais um mal entendido, não é? - Eu disse me virando pra ela, com a certeza de que meu rosto me entregava. Eu e Arthur não tínhamos nada sério, então não tinha porque eu sentir o que estava sentindo naquela hora, mas não era como se eu pudesse controlar também. Luísa apenas pôs a mão no meu ombro e passou a caminhar o mais rápido possível comigo.
- Esquece isso. Hoje nós vamos nos divertir tanto que você vai esquecer isso tão rápido quanto viu.
Assenti, mas desci a rua toda processando. Fomos muito bem recebidas pelos pais da Vanessa, mas não ficamos muito na presença deles porque fomos escoltadas para o quarto rapidamente. O quarto da Vanessa era encantador. Um pouco menor que o da Luísa, na cor rosa chá, com alguns filtros dos sonhos espalhados e um mural decorado com flores, recheado de fotos de momentos especiais. Luma já estava deitada na cama, mexendo no celular, mas se levantou assim que chegamos - Ei! boa noite! - Disse vindo nos cumprimentar
-Acho melhor não enrolarem pra colocar seus pijamas, meninas. A noite vai ser longa! - Falou a anfitriã do dia, se enrolando em alguns cachecóis com glitter dramaticamente. Luísa e eu vestimos nossos pijamas rápido para nos adequarmos á programação da Vanessa.
Programação (Planejada minuciosamente por Vanessa Lins) - Preparar algo pra comer (doce) - Filme - Skin Care - Karaoke - O momento "Forrest Gump"
Ok, então estávamos no primeiro passo da noite, o "preparar algo doce pra comer". Optamos por fazer churros com doce de leite e chocolate, evitei ao máximo pensar em qual era a probabilidade de dar errado, tinha medo que pudesse me assustar. Fazer a massa não foi tão difícil quanto pensei, mas a modelagem....ah, esse foi o primeiro problema.
- Isso aqui está parecendo um ninho de minhocas pálidas- disse Luma, levantando e balançando o que era pra ser um "churros que não tinha como dar errado", segundo o título da receita que pegamos na internet.
- Ou larvas mutantes- Luísa complementou.
- Ai gente! Não tá TÃO ruim assim, vai? - Todas olhamos pra Vanessa com nossa melhor expressão de "sim, está"- Aff, tudo bem- ela falou, revirando os olhos- mas o que importa mesmo é a beleza interior, certo? Deve estar gostoso, pelo menos
