Capítulo 9

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Ainda estava meio tonta quando me aproximei da cozinha pra tomar café e recebi um puxão

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Ainda estava meio tonta quando me aproximei da cozinha pra tomar café e recebi um puxão.
- Espera! Hoje a gente vai tomar café no jardim, meu pai está assinando os documentos da venda com o representante daquela empresa- olhei pra Luísa, ela não parecia animada, mas sua voz não carregava nenhuma raiva.

- Sinto muito- eu não sabia bem o que dizer á ela, nada parecia apropriado.

- Tudo bem, é pelo meu pai.

Fomos pro jardim e notei que estava um dia lindo lá fora, muito ensolarado. Lá dentro de casa, ao contrário, estava um tanto nublado. Pela janela de vidro lá fora pude visualizar com certa dificuldade três figuras conversando com o Sr Souza, o homem com a palavra naquele momento me deu um certo calafrio, ele era estranho, de alguma forma. Tomamos café sem trocar uma palavra, dava pra ouvir toda a conversa.

- O depósito será feito amanhã mesmo, não se preocupe.

- E a demolição?- Mesmo sem ver, conseguia sentir que o Sr. Souza fez aquela pergunta com uma tristeza enorme.

- Muito provavelmente daqui a dois á três dias. É o suficiente pra conseguirmos trazer toda a equipe pra se adaptar e examinar o local. - O tom de voz daquele homem não me trazia nada bom.

- Ah, claro, claro. - o desânimo do pai de Luísa era tão transparente, que até o homem esquisito notou

- Não se preocupe, você está fazendo um ótimo negócio, Sr. Souza. A Tigre Branco é uma empresa extremamente séria e que honra seus compromissos com muita responsabilidade.- Isso não deveria ser o básico de qualquer empresa? Ele parecia o típico marketeiro de plantão. Um momento. Ele disse Tigre Branco? Eu já tinha ouvido falar naquele nome, e não fazia tanto tempo não, estava meio vivo na minha memória, foi em Vila do Veleiro que ouvi, tinha certeza.

- Vamos levar os pratos, acho que não tem problema, a gente só deixa eles na pia e saímos- Luísa já se levantava, estranhamente séria. Entramos na cozinha tentando parecer invisíveis. Haviam dois homens e uma mulher sentados á mesa. O homem que falava com o Sr. Souza usava uma camisa social, mantinha um bigode fino, e o relógio de ouro que usava era quase do tamanho de uma maçã. O outro ao lado dele usava um óculos escuro e tinha o cabelo melecado de gel, e a mulher tinha o cabelo platinado e usava óculos no topo da cabeça, além de uma jaqueta preta muito bonita da Colcci. Pareciam mais uma gangue do que funcionários de uma empresa. A conversa ainda rolava, mas quando eu e Luísa entramos na cozinha, o silêncio que se instalou foi muito, muito constrangedor.

- Bom dia..- disse ela sem graça

- Bom dia- eu queria gaguejar, não pelas três figuras de caráter duvidoso á minha frente, mas pelo olhar daquele homem de bigode. Ele pareceu nos analisar pesadamente por tempo suficiente pra eu me sentir bastante incomodada.

- Luísa, Ana, vocês tem que ir agora, vão se atrasar pro colégio- Cíntia falou. Percebi que ela estava tentando me proteger também quando tocou no assunto colégio. Como é de conhecimento universal, eu não ia ao colégio, mas aquele dia seria uma excessão.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora