Capítulo 18

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   Capítulo mais longuinho porque não é sempre que esse garoto aparece com a visão dele aqui, então peguem a pipoca e aproveitem💖

               

- Nós vamos ser transferidos

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- Nós vamos ser transferidos.

- O quê? - eu e Erick falamos simultâneamente (um pouco alto demais). Não dava pra acreditar no que os meus pais estavam falando. Sempre soubemos que havia o risco de eles serem transferidos, mas já faziam tantos anos que tínhamos praticamente descartado essa possibilidade.
A minha vida tava toda ali. Olhei de relance pra Maria, que limpava algumas taças no móvel ao lado da mesa, vi suas mãos tremerem um pouco. Como eu ia viver sem a pessoa que sempre cuidou de mim?

- Vocês só podem estar zoando com a nossa cara- Erick disse, enquanto segurava com força o braço da cadeira.

- Não, ninguém está "zoando" com a cara de vocês- Disse minha mãe, terminando o suco dela calmamente - recebemos essa proposta, e é extremamente vantajosa. Ganharemos um salário maior e ainda teremos um tempo livre a mais, é uma grande oportunidade e temos menos de um mês pra fazer a escolha.

- Pra onde? - perguntei.

- Ainda não temos certeza, tem algumas opções, podemos escolher. - disse meu pai, com a coluna ereta- queremos que vocês participem disso.

- Eu não tô a fim de participar de nada - Erick parecia estar se segurando pra não atacar qualquer um dos dois. - Porque só estão avisando agora? Menos de um mês é uma droga de tempo.

- Olha como fala, Erick - minha mãe falou séria- só estamos pensando no bem de vocês.

- E Maria? - Não pude deixar de perguntar. Eles se entreolharam, dava pra ver que não tinha tido a decência de pensar naquilo.

- Bom, se ela quiser vir conosco....será muito bem vinda - olhei com esperança pra mulher que me criou, mas ela só balançou a cabeça discretamente, indicando que não seria possível. Droga. Eu não podia acreditar.

- Cansei dessa palhaçada- Erick se levantou, pronto pra sair- vocês nunca aparecem por causa de trabalho, e no dia que isso acontece é pra falar de trabalho, parece piada.

- Erick! Volta aqui, converse com a gente direito! - Minha mãe gritava enquanto meu irmão subia as escadas. Me levantei em seguida e o acompanhei, eu estava tão estressado que minhas costas pareciam pedra. Entrei no meu quarto e tranquei a porta. Pensei em caminhar na praia, mas nem isso adiantaria.
Sabia que a opção que mais manteria minha a cabeça em outro lugar naquele momento seria ver Ana Alice, mas eu não queria incomodá-la, ela já tinha problemas o suficiente pra aguentar os meus. Olhei pros braços e não pude evitar de ver as marcas começarem a ganhar cor de novo. Fechei os olhos, nunca melhorava 100%.
Peguei o violão e fui pra sacada do quarto. Aos poucos, uma melodia qualquer tomava forma.
Comecei a tocar violão e guitarra quando era criança. Quando meus pais começaram a brigar muito, eu tocava o mais alto que podia pra não escutá-los. Depois de qualquer briga, Maria sempre vinha no meu quarto ver se eu estava bem, ela sempre teve muito medo de eu crescesse traumatizado ou algo assim.
Além disso, Vanessa, Luma, Pietro e Héctor sempre fizeram de tudo pra me ver feliz.
E agora tinha a Ana Alice... Era bizarro dar conta de que alguém que conheci á algumas semanas já era bem importante pra mim.
Todas essas pessoas, todas as minhas experiências, estava tudo ali...droga, eu não queria ir embora.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora