Capítulo 23

94 20 71
                                    

Eles estavam chorando

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eles estavam chorando. Meus pais. Estavam chorando desesperadamente. Eu simplesmente não sabia como reagir áquilo e as pessoas do quiosque nos encaravam sem pudor algum, o que só piorava a situação.

- Ai meu Deus! Ai meu Deus, ai meu Deus- era só o que minha mãe conseguia dizer, enquanto meu pai soluçava sem parar. Sendo sincera, tenho total consciência de que "perder" um filho por semanas é angustiante e o reencontro é um grande alívio, mas eles pareciam dois bebês!

- Ok, tudo bem- Otto falou, aparentando estar tão impaciente quanto eu- tio, tia, se acalmem, por favor. A Ana tá aqui pra ouvir vocês falarem, não chorarem. Tenho certeza que isso está entristecendo ela - na verdade, estava me matando de vergonha, mas ok - Sei que é muita emoção pra vocês, mas sejam fortes.

E como num passe de mágica, os dois limparam rapidamente as lágrimas e conseguiram falar alguma coisa de fato.

- Filha, meu amor! Que saudade! Meu Deus, se eu pudesse estar aí...- minha mãe falava, secando o rosto com um lenço

- Você não faz ideia do quanto te procuramos, minha filha! Te ver bem assim...é como se tirassem o maior peso do mundo das minhas costas- Meu pai arrumava o óculos, coçando levemente os olhos.

- Essa é a Cíntia? - perguntaram, desviando o olhar para ela

- Sou sim, é...um prazer conhecê-los- sua mão tremia levemente ao segurar o copo. Eu sabia que ela estava nervosa.

- Obrigada por cuidar da nossa princesinha! Te garanto que será bem recompensada.

- Ah não, não preciso, de verdade. A Ana me ajuda muito e é como se fosse filha pra mim. Não quero nada em troca disso.- sorri pra ela frente á aquela fala. Ir embora seria muito, muito mais difícil do que pensei.

- A senhora que sabe, mas seremos eternamente gratos por isso. De qualquer forma, esperamos que reconsidere - meu pai falava e olhava pra mim ligeiramente, como se buscasse alguma aprovação. Aquele era o homem com quem eu era extremamente apegada, então? Era quase como se eu fosse telespectadora de um filme tendo a oportunidade de ver os protagonistas pessoalmente.

- Mas, enfim- minha mãe, ajeitou o cabelo e me encarou- meu bem, não temos como ir aí te buscar, por mais que nosso coração deseje, estamos com pacientes inadiáveis aqui. Mas nós confiamos muito na família do Otto e temos certeza de que eles vão cuidar muito bem de você. Eles vêm pra Ilhéus daqui a uma semana, estão de carro então suponho que a viagem vai ser um pouco cansativa, mas assim que chegar só vai descansar.

Parecia tudo muito consistente, mas essa parte eu já havia entendido fazia algum tempo. Agora, eu precisava surpreendê-los, e fazer com que esclarecessem certas coisas bem específicas pra mim.

- Posso fazer duas perguntas? - falei, deixando todos, inclusive Cíntia, em alerta. Meus pais se olharam.

- Claro, pergunte o que quiser.

Por Água Abaixo Onde histórias criam vida. Descubra agora