Estar algemado poderia ser parte de uma fantasia sexual facilmente para Bowie, em contrapartida, a realidade era nua e crua: Estava preso.
O ego do mágico era algo que o atrapalhava constantemente, além do fato de querer trabalhar sozinho.
Ele se sentia estúpido por acreditar que aquela carta com o encontro seria algo especial, parte de algum propósito maior. Obviamente, não se deixaria abater por tal fatalidade, mantendo sua pose como se estivesse tudo fazendo parte do plano.O Agente Copérnico o observava atrás do vidro, sentindo uma pontada de orgulho e tentava não demonstrar nenhum sorriso vitorioso - afinal, ele deveria ser profissional e não deixar suas emoções extremas o atrapalhar.
- Bom trabalho, Agente. - A sua superior parabeniza, levantando sua destra para apertar a mão do mesmo.
O Agente se vira para a sua superior, apertando sua mão deixando-o com o ego ainda mais inflado. Mr Bowie estava na lista à anos para ser pego, até mesmo antes dele ter feito o grande roubo do cofre antes de ir ao banco. O golpista era um cara habilidoso e desconfiado. O segredo era não subestimá-lo.
- Obrigado, Senhora.- Responde, balançando a cabeça positivamente.
- Aqui está o arquivo. - Entrega para o Agente analisar.
Não seria fácil convencê-lo. Tentaria algo mais humanitário e suas habilidades para convencê-lo. Entretanto como qualquer Agente brilhante, tinha uma "carta na manga" - sentiu a ironia? - graças ao seu estudo durante dias sobre o mágico.
Enquanto a chefe Carter estava ajustando o que deveria ser feito, Mr Bowie estudava as possibilidades antes de alguém vir conversar.
Possibilidade 1: Não dizer nada e esperar algum advogado.
Possibilidade 2: Contar tudo e facilitar. Teria uma redução considerável da pena.
Possibilidade 3: Ouvir as ameaças deles e fingir que era maluco. Quem sabe ele iria para uma clínica psiquiátrica e poderia fugir depois.
Possibilidade 4: Debochar incansavelmente da cara deles.
E adivinha qual ele iria escolher?
- Olá, Mr Bowie. - O Agente Copérnico enfatiza o nome, esboçando um sorriso e dando uma olhada no arquivo em suas mãos - Ou deveria dizer: Daniel Montenegro.
Mr Bowie deu um sorriso irônico. Ele não escutava seu nome de batismo a muito tempo.
- Dandan para os íntimos. - Debocha - Mas ainda prefiro Bowie.
O Agente senta em frente a mesa, encarando os olhos do mágico. Ele percebe o jogo que teria que enfrentar.
"Seria um longo dia" – pensou.
- Poderia ter deixado o seu nome de verdade, achei de péssimo gosto "Mr. Bowie" - Enfatiza as aspas com seus dedos e volta a encarar os papéis, pensando rapidamente por onde ele poderia começar: Ameças ou explicações.
- Quis homenagear David Bowie, não tenho culpa de você não apreciar uma boa música. - novamente ironiza.
Na verdade o Agente Copérnico dificilmente ouvia uma música. A maioria das vezes era pelo rádio. Ele não tinha tempo para nada, era totalmente dedicado ao trabalho desde a morte de sua esposa para não se deixar abater por memórias dela - o que era inevitável.
- Você sabe porque está aqui? - Pergunta de forma retórica.
Mr Bowie sorrir e encosta na cadeira, tentando parecer despreocupado.
- Qualquer coisa menos para tomar um café. - Suspira de forma teatral - Falar nisso, vocês não são nada gentis. Como pode deixar um homem com meu porte sem café e cigarros?
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Mr. Bowie
ActionMr. Bowie é um golpista envolvido em diversos roubos por sua incrível habilidade de ilusionismo. Seu talento é notado pelo serviço secreto, tendo responsável o Agente Copérnico pelo caso. Após sua captura, o governo tem interesse de fazer um acordo...