Após o bombardeio ter cessado, eu volto para a cidade, seguindo a mesma trilha que me levou até as colinas.
Chegando lá, a visão que eu tenho não é das melhores. Tudo estava morto, tijolos e destroços estavam espalhados pelo chão, casas estavam destruídas, árvores haviam caído, e o gás tóxico das bombas matou toda a vegetação que ainda restava, a cidade estava devastada.
Caminho pelo local, apenas observando a cidade destruída pelas bombas, ou melhor, pelos nazistas.
Os nazistas haviam feito isso, eles que deveriam sofrer! Eles que deveriam ficar sem moradia e sem comida, não os cidadãos, que não tem culpa de nada.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma doce melodia que chega até meus ouvidos.
Era estranho haver música no estado que a cidade ficou após o bombardeio, por essa razão, tomo a decisão de seguir a melodia, e averiguar de onde saia o doce som.
Era uma música muito calma e doce, música clássica.
Provavelmente Mozart ou Chopin, meu estilo musical favorito.A melodia me guia até uma casa, e nela, consigo ver a silhueta de um homem apoiado na janela do segundo piso.
Talvez fosse um nazista, minha chance de acabar com mais um.
Corri em direção a casa, me escondendo nas sombras, assim o rapaz não poderia me ver.
Me mantenho imóvel, esperando o homem sair da janela, para eu escalar a mesma e entrar na casa.Ouço os passos do mesmo se afastar do local, logo em seguida eu escalo o cano do escoamento da água, me infiltrando na residência.
A casa por dentro era simples e aconchegante, um lugar que eu gostaria de ter para morar, mas por enquanto deveria me contentar com as grutas nos locais mais afastados da cidade, já que a cabana que era meu refúgio havia sido bombardeada.
Ouço um grito em minha direção e o homem me olha assustado, levantando as mãos em sinal de rendimento.
-eu não tenho nenhum judeu a esconder ok? Há dois dias, oficiais igual você vieram revistar minha casa e não acharam nada! Eu não tenho nada a esconder!!!-
-calma! Eu não sou um soldado! Nunca mais me confunda com aqueles vermes sujos- tiro a boina e a faixa do nazismo do meu braço direito, jogando-a no chão e em seguida pisando em cima da mesma.
-então... o que você é?-
-eu sou judeu- nos encaramos por alguns minutos e o rapaz me olha de cima a baixo.
-eu não posso esconder você aqui-
-não vim pedir abrigo, apenas me senti atraido pela doce música, e decidir averiguar de onde vinha esse som- meus olhos percorrem o local, a procura de onde vinha a música, e em cima da janela, havia uma vitrola que através dela, saia a música.
-você gosta de Chopin?-
-gosto- sorri em direção ao homem, e o mesmo sorri de volta.
-você me parece com fome, aceita um pão com geleia?-
-sim, por favor-
O moreno sai do cômodo e ouço seus passos descendo uma escada.
Eu não poderia permanecer aqui por muito tempo, apenas iria comer o pão com geleia e logo depois iria continuar minha caçada por soldados, hoje não havia matado nenhum ainda, preciso voltar ao meu trabalho.
Após alguns instantes, o moreno volta com um prato contendo dois pães recheados de geleia de uva e um copo d'água, meu estômago roncou, só ai percebi que hoje não havia comido nada.
-aqui, pode comer- o maior me entrega o prato, e em seguida se apoia na parede.
Só ai que eu percebi, meu Deus como eu fui ingênuo! Ele poderia muito bem chamar as autoridades, eu não deveria ter falado que era um judeu.
Coloquei o prato na mesinha ao lado e levanto.-olha, me desculpe mas eu tenho que ir-
Ele suspira, e se senta no sofá que havia no cômodo.
-eu sei que você está pensando que posso te entregar para as autoridades, e eu realmente poderia faze-lo pois eles pagam uma puta quantia de dinheiro para quem entregar um judeu a eles. Mas tem um porém, eu não sou um filha da puta! então pode comer e ficar tranquilo ai, eu abomino tudo isso-
Encaro ele, demonstrando desconfiança.
-como posso confiar em você? Como posso saber que não ira chamar as autoridades para me prenderem?- o mesmo solta o ar lentamente, e fecha os olhos devagar, abrindo-os em seguida.
-olha, não posso fazer nada nesse momento para ter sua confiança, mas pode acreditar na minha palavra. É a única coisa que posso oferecer nesse momento-
Tiro a arma da minha cinta e aponto em sua direção, o mesmo levanta as mãos na altura dos ombros e me olha assustado.
-bom, se tentar qualquer gracinha eu mato você- pego o pão com geleia e como o mesmo, e em seguida tomo toda a água.
O moreno me olhava compreensivo.-eu entendo você, como eu disse, abomino tudo isso e você tem todas as razões para desconfiar de mim na verdade você fez bem, deve desconfiar de todos na situação que nos encontramos, mas mesmo que não acredite na minha palavra, eu estou sendo sincero-
Vejo a sinceridade em seu olhar, e guardo a arma em meu paletó.
-qual seu nome?-
-Brian May, e o seu?-
-Roger Taylor- termino de comer o pão com a geleia, e limpo minha boca com a manga do sobretudo -olha, eu agradeço pelo pão e a água, mas eu tenho que ir.
Brian sorri, e balanca a cabeça em afirmação.
-verei você novamente?- sorri de volta, e pego do chão a faixa do nazismo e a boina.
-possivelmente- coloco a boina em minha cabeça, e a faixa no braço direito.
-por que você usa isso?-
Suspiro, olhando em seus olhos.
-eu preciso me disfarçar- tiro a lâmina da manga do sobretudo e vou até a janela.-você irá ficar bem?- havia preocupação em sua fala.
-irei- arrumo a boina em minha cabeça -Até logo, Brian May-
-até logo, Roger Taylor-
ambos sorrimos, e eu pulo a janela, chegando ao chão e me ponho a caminhar novamente.
Sim, nós nos veríamos denovo.
E isso iria acontecer mais cedo do que ambos imaginávamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Classic • Maylor
Romance1940, o mundo sofria com o acontecimento da segunda guerra mundial, a nação francesa sofreu com o avanço das tropas nazistas no seu território, logo os alemães tomaram conta do país, tornando-o mais uma conquista nazista. • Brian May é um jovem fran...