•Führer•

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O soldado John abre a porta após bater, e eu entro na sala, onde Hitler se encontrava sentado atrás de uma escrivaninha.

-boa sorte- John sussura para mim, e sai da sala.

Eu entro na mesma, fecho a porta e me dirijo até ele.

-olá Sr. May, é um prazer conhecê-lo- ele vem até mim e aperta a minha mão, iria ter que desinfetar ao chegar em casa.

Queria dizer a ele que não era um prazer para mim estar frente a frente com o assassino de milhares de pessoas inocentes, mas ainda era muito cedo para me entregar à morte.

-digo o mesmo- forço um sorriso e aperto sua mão também.

-sente-se por favor- sento na cadeira de frente para ele e Hitler faz o mesmo.

-então May, inicialmente eu gostaria de me desculpar pessoalmente pelo mal entendido de quinze dias atrás, realmente não tivemos uma boa impressão um do outro... mas gostaria de mudar isso ao ter essa conversa-

-sim, eu também- a quem eu queria enganar! Se eu pudesse eu mataria esse ditador desgraçado, eu só queria voltar para a França e ver Roger.

-certo, gostaria de perguntar a você, o que acha do meu governo?- o mesmo começa a dedilhar na mesa de madeira, produzindo um barulho irritante com os dedos, tudo nele era irritante.

-eu acho ótimo, mas até agora não entendi o que os judeus tem a ver com isso tudo?- ao ouvir a pergunta, Hitler me fuzila com o olhar, e pude sentir a morte vindo.

-os judeus Sr. May...- ele levanta e vem até mim, colocando a mão em meu ombro e me encarando com um olhar ameaçador. -são pessoas sem vida, sem amor a pátria, os judeus estão ali apenas para destruir, eles não querem o bem e sim o mal, onde o Judeu passa, ele deixa um rastro, um rastro ruim, de destruição e pavor, eles devem ser extintos da terra-

Novamente me veio em mente o loiro, e tentava associar toda aquela fala do Hitler à Roger, nada disso fazia o menor sentido, Roger nunca faria mal a ninguém, nunca desejaria o mal a ninguém, o ato de matar soldados não o incrimina, pelo contrário ele salva judeus das mãos desses vermes sujos, Roger era o contrário de tudo que Hitler havia dito, na verdade parecia que o Führer estava descrevendo a si próprio.

-mas o senhor não acha que podem existir judaicos que exercem o bem?- arrisco a pergunta.

-onde o senhor está querendo chegar com essa conversa Sr. May?-

-não, apenas perguntei- abaixo a cabeça e me calo, não poderia negar Hitler me dava medo sim, pois ele era um louco, psicopata, não seria muito trabalho para ele pegar uma arma e atirar em mim.

-tudo bem, tem todo o direito de esclarecer suas dúvidas sobre o meu trabalho, muitos ainda ficam em duvida sobre esse assunto, mas não é apenas para conversar sobre esse assunto que o convoquei aqui Sr. May, gostaria de lhe fazer uma proposta- Hitler serve-se de uma dose de whisky e leva o copo á boca.

-pode falar senhor- minhas mãos começam a tremer novamente e escondo as mesmas embaixo da mesa, não poderia deixar transparecer que estava nervoso.

-naquele dia que nos encaramos, eu percebi que você é um homem forte. Poucos tem a coragem de me lançar um olhar ou de não retribuir a saudação, mas sei que você é a favor da pátria e do meu governo, o que eu queria esclarecer com essa conversa foi esclarecido, mas agora vem a hora da proposta... o senhor gostaria de fazer parte do meu exercício, Brian?-

Quase me engasguei com minha própria saliva ao ouvir aquilo e arregalo os olhos, o mesmo me olhava com uma expressão neutra, ele não perdeu a postura nenhuma vez.

-eu...- respiro fundo e solto o ar, eu não poderia recusar uma proposta desse nível, mas também não queria aceitar, eu com certeza não iria sobreviver muito no exército e seria pior se eu fosse para a guerra, seria responsável por matar pessoas inocentes... judeus.

Roger.

O que Roger pensaria de mim quando eu voltasse para a França e diria a ele que aceitei a proposta do Hitler para ser do exército alemão?
Ele ficaria completamente arrasado, magoado, bravo, e muito triste comigo, talvez nunca me perdoaria e nós dois nunca mais iriamos nos ver... talvez eu fosse obrigado a matá-lo.

Mas eu nunca o machucaria e nem lhe faria mal, Roger é o amor da minha vida, mesmo que ele ficasse magoado, arrasado e triste comigo, coisa que provavelmente aconteceria, eu ainda teria uma chance de protegê-lo, e agora poderia fazer isso melhor pois seria soldado.

-eu aceito sua proposta- doeu... doeu muito em mim dizer aquilo, Hitler deu um sorriso vitorioso, tirou um papel e uma caneta da gaveta da escrivaninha e se pôs a ler o documento.

-ao assinar este documento, o Sr. Estará se comprometendo de corpo e alma com a pátria, deverá fazer o possível para defender a nossa nação, e terá que estar inteiramente disponível caso for convocado para guerras, conflitos, e participação em mortes.
O sr. Receberá todo o treinamento necessário que um soldado deve receber, e terá que se mudar para a Alemanha, receberá o uniforme de soldado e o certificado, caso quebre a promessa de proteger a pátria a todo custo, o senhor será automaticamente taxado como traidor, e será condenado a morte- Hitler entrega o documento e a caneta a mim.

Leio novamente todo o conteúdo do documento, e com os olhos inundado pelas lágrimas, assino a folha, e entrego o mesmo à ele.

-ótimo Brian! Deverá se mudar para a Alemanha em uma semana, receberá todo o treinamento necessário, mas o seu posto será mais nos campos de concentração, e será transferido para a Polônia-

-nos campos?- meu coração aperta ao ouvir aquelas palavras, e coloco a mão na boca em sinal de espanto, eu nunca teria coragem de matar um judeu.

-sim, nós campos. Então, temos um acordo?- o mesmo levanta e estende a mão em minha direção.

Eu levanto também e aperto a mão dele, em seguida dou de costas e saio do seu escritório, sento no chão do corredor e finalmente desabo em lágrimas.

Classic • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora