•O lugar•

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- Brian, eu gostaria de lhe mostrar um lugar na qual é muito importante para mim- Roger estava segurando em minhas mãos, brincando com meus dedos, me fazendo sorrir.

É incrível como em tão pouco tempo conseguimos pegar intimidade e confiança tão forte um pelo outro, isso me deixava feliz, pois agora eu tinha alguém comigo, não estava mais sozinho.

-pode me mostrar Roger, irei com muito gosto!- sorrimos um para o outro, e o loiro pega em minha mão.

-bom, se é assim então vamos!- ele me puxa para fora da cama e eu acabo caindo da mesma.

-ai!!- sento no chão e coloco a mão em minha testa.

-oh!!! Me desculpe Brian- o loiro pega em minha mão e me ajuda a levantar -você está bem? Se machucou Bri?-

Me apoio na janela, e começo a rir.

-não Roger, eu estou bem- Roger sobe na janela e se apoia no cano d'água, pela qual ele subia todas as noites ao vir me visitar.

-vem Bri!-

-eu... eu acho que prefiro sair pela porta Roger- o loiro sorri meio debochado.

-tem medo Bri?- ele se apoia no cano e desce pelo mesmo. -vem Brian!!! É divertido!-

Coloco minhas mãos na janela e olho para baixo, não era tão alto mas também não era baixo, eu poderia muito bem cair e quebrar uma perna, um braço, ou poderia quebrar o pescoço e morrer. Incrível como Roger faz isso com tanta facilidade e sem medo.

-ok, lá vamos nós- falo pra mim mesmo, seguro firmemente no cano, e pulo da janela, e em pouco tempo chego ao chão.

-foi difícil?- Roger estava de braços cruzados e rindo.

-foi!- limpo minhas vestimentas com as mãos.

O loiro revira os olhos, pega novamente em minha mão e se pôs a correr junto a mim, óbvio que sempre tomando cuidado para não passar pelos enormes
faróis e sendo cauteloso onde pisava, pois haviam várias armadilhas espalhadas na rua, que serviam exclusivamente para capturar judeus fugitivos.

-vem Bri!!! Vem me pegar!!- Roger vira a cara para mim enquanto corria e ria, o mesmo se solta da minha mão e começa a correr para longe, as vezes virando a cara para me olhar e soltando aquela sua risada que era como música para os meus ouvidos.

Seus cabelos loiros e longos voavam com o vento, e a lua lhe iluminava de uma forma que eu não achava que seria possível.

Roger continua seguindo a trilha, e a essa altura já estávamos na trilha das árvores, o loiro se apoia em uma árvore e repete a frase que ecoava em minha mente.

-vem me pegar Brian-

Acelero o passo e me pus a correr, indo atrás dele e acompanhando seu corpo com o olhar, seu sobretudo aberto voava com o vento, fazendo o mesmo movimento que os seus cabelos cor de ouro.

Roger se camuflava entre as árvores mas sua risada sempre entregava sua localização.

-você não me pega Bri!-

Sua voz ecoava em meus ouvidos e sua silhueta brilhava mais que o normal, fazia muito tempo que não tinha um momento tão bom com alguém, tinha medo de que fosse um sonho e acordar a qualquer momento.

Depois de uma boa caminhada pela trilha, chegamos ao topo da colina, e me supreendi com a visão que tive.
Era lindo, tive toda a visão de Paris, que infelizmente não estava nas melhores condições.
O lugar havia sofrido muito com a guerra. A maioria dos prédios foram bombardeados e agora o que restava deles eram apenas destroços, assim estavam as casas, os comércios e as demais construções.

-isso é tão triste...- suspiro melancólico, e sinto Roger pousar sua mão em meu ombro.

-é mesmo Brian, a guerra está destruindo com tudo...- Roger senta no chão, e da dois tapinhas no chão ao seu lado, me convidando para me juntar a ele.

Sento ao seu lado no piso terroso, e sinto o mesmo pousar a cabeça em meu ombro, sorri com o ato.

-mas não ira destruir com nós-

Roger rapidamente levanta a cabeça para me olhar, e sorri com as minhas palavras.

-existe um "nós"?- olho para os seus olhinhos que agora brilhavam transbordando alegria.

-sim Roger, agora somos eu e você, somos nós- sorri de volta para ele, e o mesmo se joga em cima de mim, derrubando nós dois ao chão.

Por mais que Roger tentasse passar a falsa impressão de assassino que caçava nazistas, por dentro ele era frágil e amoroso, ele era uma boa pessoa e precisava de cuidados.

Se ele permitisse, eu iria ser essa pessoa que iria cuidar dele.

-eu... eu te amo Brian- mesmo com o ambiente escuro, sob a luz da lua, percebi que a face de Roger adquiriu um tom avermelhado ao dizer aquelas palavras.

Pouso a mão em sua face e sorri para ele.

-eu também te amo Roger-

O loiro fecha os olhos, e já sabia pelo o que ele estava esperando.
Me inclino até ele e me aproximo devagar, levo minha mão até sua face, colocando suas mechas de cabelo loiro atrás da orelha, e a outra mão seguro em sua cintura.

Aproximo nossos corpos cada vez mais, até estar perto o suficiente para ouvir sua respiração acelerada em minha face, Roger abre minimamente a boca, pedindo pelo encaixe da minha.

Lentamente, levo meus lábios aos seus, e peço passagem com a língua, o mesmo permite, e começamos a nos beijar.

Um beijo calmo e lento, mas ao mesmo tempo assustado e necessitado, as autoridades poderiam aparecer aqui agora, nesse momento e matá-lo.

Roger intensifica o beijo, levando sua mão até meus cachos e afundando a mesma, percorro minha mão pelo seu torço até chegar em seu pescoço e acariciando o mesmo.

Infelizmente, tivemos que nos separar pela ausência do ar, e o loiro me olha ofegante.

-eu...- percebo que Roger é tomado pela vergonha, e esconde sua face em suas mãos.

Sorri para ele, e o puxo para um abraço.

-não ache que isso foi errado Roger, não pense em uma coisa dessas-

-não pensei nisso, eu apenas estou com medo...-

-medo de que Roger?- o menor pousa sua cabeça em meu peito, e começo um carinho em seu cabelo.

-do que virá a seguir...-

-nós iremos permanecer juntos, isso que virá a seguir- beijo sua testa, mas o loiro parecia assustado.

-promete que não irá me deixar? Independentemente das circunstâncias?- ele segura em minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus.

-prometo- deito na grama, e coloco Roger deitado ao meu lado, abraçando seu corpo.

Naquela noite, dormimos nas colinas, na grama mesmo, sem se importar se alguém iria aparecer ou com o que viria a seguir.

Naquele momento, apenas nós dois importavamos.

Classic • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora