•o sonho•

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Depois de aceitado a proposta do Führer eu saio da sede dos soldados com o coração partido, e volto à me encontrar com Freddie e John, após aquele momento pouco conversamos, mas eles sabiam que havia algo que estava me incomodando, os soldados me levam até o meu quarto de hotel que o Führer havia pagado para mim, tomei um banho e fui logo me deitar para tentar escapar por algumas horas da realidade que me cercava.


Me encontrava em meio á névoa, havia um muro que me cercava não poderia escapar, o clima estava muito frio mas a farda me protegia da temperatura extrema.

Aos poucos a névoa vai abaixando, e pude claramente ver onde eu estava, estava em um campo.

O campo de Auschwitz, na Polônia.

Ouço um barulho estridente e dirijo meu olhar em direção ao som, um trem havia parado e do seu interior saem dois soldados, eram John e Freddie.

Os mesmos abrem o vagão do trem e começam a empurrar as pessoas que estavam em seu interior, e uma delas me chamou a atenção.

Era Roger.

Ele estava muito debilitado e machucado, Freddie e John não tinham nem  pouco de piedade com eles.
Eles empurraram Roger para fora e o mesmo cai de cara na lama.

John começa a rir, e se pôs a chuta-lo enquanto ele gritava por ajuda.

Começo a correr em sua direção para ajudá-lo, mas quanto mais eu corria, mas eu me afastava.

Até que enquanto eu corria, acabo tropeçando e caindo em um buraco.
Enquanto descia túnel abaixo, ouvia gritos e súplicas por ajuda, e no fim de descida, me vejo sentado preso à uma cadeira.

Havia uma porta na sala, a mesma se abre e uma silhueta alta masculina sai dela, o homem caminha em minha em minha direção e quando abre os olhos, pude ver Hitler em minha frente o mesmo da um sorrisinho, puxa a arma da cinta da calça e atira em mim.


Acordo assustado e ofegante, sentei na cama e tento me acalmar.

Aos poucos vou me acalmando, mas uma sensação de tristeza abrangiu meu peito, e não consegui conter as lágrimas que insistiam em cair, abraço minhas pernas e escondo minha face entre elas.

Não conseguia acreditar que havia aceitado a proposta do Führer, eu poderia ter recusado, mas o medo que me abrangia naquele momento era maior.

Confesso que fui covarde e medroso, eu poderia ter recusado e estar morto, ao invés de aceitar e agora ser obrigado a matar pessoas inocentes, eu seria um daqueles que eu tanto abomino.

Talvez eu poderia tentar burlar o sistema e ajudar essas pessoas, mas certamente nos meus primeiros dias, haveria pessoas me espionando, Hitler não é idiota de me convocar e me deixar solto por aí, com certeza ele deve ter contratado pessoas para me espionar no campo.

Levanto da cama indo até a janela e abrindo a mesma, ainda estava escuro, a única iluminação que havia na rua era dos postes de luz.

Nenhum carro passava mais aquela hora, a não ser os carros dos soldados, como em Paris.

Ao olhar para a paisagem, lembrei de quando eu e Roger nos encontramos pela primeira vez, quando ele escalou a janela da minha casa seguindo o som da vitrola.

Quando eu achei que ele era um soldado e me rendi... quem diria que agora eu iria me tornar um soldado.

Me apoio na janela e suspiro tristemente, mas a minha atenção é desviada com uma batida na porta, e fui abrir a mesma.

-soldado John?- ele estava parado em frente à porta, e fiz um sinal para ele entrar no quarto.

-obrigado- o mesmo entra e fecha a porta -por que não esta dormindo?-

-eu que faço essa pergunta a você-

Ele ri um pouco e volta a me olhar -eu não sou mais acostumado a dormir muito, e você?-

-eu... algumas coisas estão me preocupando- volto para a janela, olhando a paisagem.

-você foi convocado para ser soldado não é?-

Viro em sua direção e o encaro surpreso.
-como você sabia?-

-eu e Freddie já sabíamos disso, Hitler havia falado conosco, ele que mandou nós irmos te buscar, certamente-

Balanço um pouco a cabeça e ri de mim mesmo.
-ah claro, desculpe-

John se senta na cama e me encara com os olhos duvidosos.
-não é apenas isso que lhe preocupa não é?-

Suspiro derrotado e o encaro de volta -nao, mas prefiro não falar sobre esse assunto-

Ouço-o suspirar e ele vem até mim, colocando a mão em meu ombro -eu sei que há algo ou alguém que está lhe preocupando além do Hitler, se não quiser falar irei entender, mas saiba que pode falar comigo sobre tudo agora somos colegas- viro o rosto para olhá-lo e John sorri para mim.

-você acha certo isso que ele fez com os judeus, John?-

-não- o soldado responde em tom quase inaudível, abaixando a cabeça.

-então por que...- ele me interrompe

-eu fui obrigado a servir o exército Brian, foi mais ou menos igual ao seu caso, mas eu nunca achei certo o que Hitler faz.... na verdade...-

-na verdade o que John?-

-eu e Freddie somos soldados da resistência. Nós tentamos amenizar a dor dos judeus e se possível, o tiramos dos campos, foi exatamente por isso que nós dois insistimos a Hitler que lhe colocasse para trabalhar no campo de Auschwitz que é onde eu e Freddie servimos, nós precisamos de mais pessoas para nos ajudar a salvar os judeus-

Fito-o tentando decifrar se aquilo que ele estava falando era verdade ou não.
Talvez seja apenas um joguinho para tentar se redimir, mas... se eu parar para pensar, até agora não os vi fazendo mal a um único judeu.

-eu... tenho uma pessoa na França que é muito especial para mim... por isso não queria aceitar o cargo, além de ter que matar os judeus, talvez eu nunca mais o verei- suspiro lembrando do loiro que roubou meu coração, doia em mim saber que provavelmente eu nunca mais o veria.

-eu... eu sinto muito, eu sei bem como é perder alguém que você ama, ou não poder expressar o seu amor por ela...- John suspira melancólico, e levanta da cama -mas eu já vou, desculpe o encomodo- ele da meia volta e sai do quarto.

Agora uma pergunta pairava em minha mente... quem era essa pessoa tão especial para o soldado John?

Talvez se eu parar para pensar um pouco, eu já saiba a resposta.

Classic • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora