•Cruz vermelha•

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Desde o dia em que Brian fora convocado para servir o exército alemão, eu tomei a decisão que voltaria a matar nazistas.

Ainda dói em mim saber que não tenho mais Brian comigo, eu ainda passo pela sua moradia e todas as vezes dirijo meu olhar para a janela, que agora estava quebrada, mas nunca mais vi sua silhueta passando por ela, ou ouvi o doce som da sua vitrola tocar um disco.

O maior arrependimento que tenho, foi o de ter brigado com Brian sendo que aquela seria a última vez que nos veríamos.

Mas em minha cabeça, Brian poderia ter sim recusado a proposta de Hitler, assim agora nós estaríamos juntos, mesmo que nessas condições, mas estaríamos juntos.

Talvez eu esteja errado, se Brian recussase Hitler poderia sim liberá-lo, mas também poderia matá-lo, e ele estava ciente disso, por essa razão aceitou o cargo.

Nesse momento, estava novamente a caminhar pelas ruas escuras de Paris, já era noite e o vento gélido atingia violentamente a minha face.

Agora eu continuava a vigiar as ruas, á procura de judeus que estivessem sendo maltratados pelos soldados, intervir na situação e por um fim ao sofrimento do judeu.

Caminhando pelas ruas de pedra, eram audível os gritos estrondosos dos prisioneiros vindos do outro lado do muro de tijolos. Todos os dias eu passava por ele, e todas as vezes eu me arrepiava com os sons que eram audíveis do outro lado.

-vamos, entra!-

Ouço vozes masculinas, e rapidamente me escondo atrás de uma pilha de destroços na rua.
Dou uma espiada para ver o que estava acontecendo, e tenho a visão de dois soldados empurrando uma criança para dentro do trem que tinha como destino os campos.

Tento me aproximar mais, eu não poderia deixar que uma criança tão pequena, com uma vida inteira pela frente, fosse levada para aquele lugar.

Pego a minha arma da cintura, miro e atiro em um soldado, mas infelizmente o tiro não foi certeiro, o seu colega grita em alerta e dispara tiros em minha direção.

Um deles acaba acertando no meu ombro e eu grito de dor, mas mesmo assim não me rendo e continuo a atirar nos oficiais, acabei acertando um tiro na cabeça de um, e o outro infelizmente conseguiu fugir.

Prendo a arma em minha cintura novamente e caminho até a criança, que estava encolhida no chão com as mãos tampando seus ouvidos, a mesma chorava e aquilo partiu meu coração.

-ei... pequena, não se preocupe não vou fazer mal a você- me agaicho ao chão, ficando do seu tamanho.

-eles levaram a minha mãe...- ela começa a chorar -eles a colocaram naquele trem! E iam me colocar também se você não tivesse chegado... obrigada por ter me salvado- ela me olha com os olhos cheios de lágrimas, mas mesmo assim, sorri em agradecimento.

-apenas fiz o que era certo, mas vejo que você também está muito machucada...-

-tudo bem, mas você levou um tiro! Precisa cuidar dos ferimentos-

Me permitir rir, e dou a mão pra ela.
-pelo o que parece, nós dois estamos machucados, vem comigo vou te levar para um hospital aqui perto e lá farão um curativo em nós dois, ok?-

Ela balança a cabeça em afirmação, e me pus a caminhar junto a ela, até o hospital da cruz vermelha.

O hospital da cruz vermelha era o único lugar em que atendiam judeus, fugitivos de guerra, poloneses, gays, negros e outras raças que não eram toleradas.

O mesmo foi criado em 1863 na Suíça, mas á medidas que os conflitos foram ocorrendo e a população mundial necessitava de hospitais que atendessem às pessoas intoleradas, decidiram atender em várias partes do mundo, tornando-se assim uma rede de resistência hospitalar.

Classic • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora