•a viagem•

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Na manhã seguinte desperto mais cedo que o normal, provavelmente culpa do nervosismo que abrangia meu peito, era hoje.

Não tento dormir novamente, pelo contrário, já levanto e sai do quarto, me dirigindo até o banheiro para tomar um banho antes de partir para a Alemanha.

Me despi e entro na banheira já cheia d'água, relaxo todos os meus músculos na agua quente e me permiti pensar um pouco.

Pensei sobre o que Hitler queria conversar comigo, claro que isso também poderia passar apenas de uma desculpa para me matar. E também pensei em Roger.

Ele havia conseguido me acalmar um pouco no dia anterior, e agradeço eternamente por tê-lo em minha vida, não sei o que seria de mim se Roger não estivesse comigo.

Após o banho, escovo os dentes, me dirijo até meu quarto e visto a roupa que havia separado na noite passada.
Pego minha mala, mas rapidamente lembrei que deveria pegar algum dinheiro, talvez tudo desse errado e eu precisasse fugir da Alemanha.

Afasto o carpete do piso e tiro duas tábuas do chão, pegando todo o dinheiro na qual eu escondia, coloco os maços no bolso interno do casaco, encaixo as tábuas novamente em seu lugar e estendo o tapete no chão.

Agora estaria preparado, caso desse algo errado.

Desço com a bagagem, e sentei no sofá, brincando com as alças da mala, eu estava nervoso e estava com medo pois esse poderia ser o último dia da minha vida, e nem consegui me despedir de Roger.

Gostaria de mandar-lhe uma carta, dizendo que se eu não voltasse mais,  que ele seguisse sua vida e que tomasse cuidado para não ser pego, e que eu o amava.

Estava formulando uma possível carta de despedida em minha mente, quando a campainha tocou, eles chegaram.

Respiro fundo, levanto do sofá e fui abrir a porta, eram dois soldados, reconheci pelas vestimentas.

O mais baixo tinha cabelos castanhos até a altura dos ombros e olhos igualmente castanhos, sua face não era típica da Alemanha, ele parecia Britânico, analiso a sua roupa e percebi que em sua farda, havia o seu nome e sua posição no exercício costurado na roupa "John R. Deacon - cabo superior".

Já o mais alto tinha cabelos igualmente castanhos na altura dos ombros e olhos castanhos, sua face também não era típica da Alemanha, ele tinha o rosto meio exótico diria que também era britânico, leio o que estava escrito em sua farda "Freddie B. Mercury - sargento".

-Sr...- Mercury tira uma folha do bolso do seu sobretudo e lê a mesma -May?-

-o próprio- minhas mãos começam a suar frio, e limpo as mesmas na minha calça.

-recebestes uma carta do Führer, convidando-o para uma conversa na Alemanha, certo?- o soldado me olha nos olhos, confesso que aquele olhar me dava um tanto de medo.

-sim senhor, aqui esta a carta- entrego o envelope a ele, e o mesmo abre-o e lê a carta.

-certo, então peço para que nos acompanhe- os dois soldados se posicionam na minha frente e caminham até um carro, na qual Mercury entra na frente e Deacon abre a porta de trás para mim.

-por favor- o mesmo faz um sinal, e eu entro no veículo, colocando minha mala ao meu lado.

O soldado entra ao lado do passageiro, e Mercury da a partida, seguindo estrada.

Olho a paisagem através da janela do carro, após uns quinze minutos de estrada, saímos da cidade de Paris e passamos por uma estrada na qual eu conhecia bem, esse era o caminho para a estação de trem.

-han... desculpem, mas poderiam me informar em quanto tempo chegaremos na Alemanha?- pergunto meio nervoso, não queria irrita-los.

-são onze horas de trem, chegaremos lá pelas seis da tarde, e logo que chegarmos irá se encontrar com o Führer- disse John, que logo após pegou um livro e se pôs a ler, indicando que não queria mais conversa.

-obrigado- volto a olhar a paisagem através da janela, mas meus pensamentos estavam em Roger.

Se eu morrer, como ele irá receber a notícia da minha morte? Provavelmente nunca receberá uma carta, mas ele deduziria que algo havia acontecido pois eu nunca mais irei voltar, e alguns dias depois ele se dará por conta que se não mandei nenhuma carta, é por que algo deu errado, e com o passar do tempo, ele associaria o meu  sumisso à morte.

O carro para em frente a estação, eu pego minha mala e saio do veículo, Freddie e John fazem o mesmo.

Sigo eles, passando pela multidão de pessoas indo até o emissor de passagens.

-três passagens para a Alemanha por favor- Freddie vai à frente e fala com o vendedor, o mesmo rapidamente providencia as passagens, e o soldado o paga.

-ótimo agora vamos, logo o trem irá partir- diz John, saindo na frente se dirigindo até o trem.

Deacon entra primeiro e Freddie em seguida, entro por último e escolho um assento o mais longe possível das pessoas, encontro um no fundo do trem, e sento ao lado da janela.

Freddie e John sentam nos dois assentos vagos em minha frente, e logo o trem começa a se locomover, iniciando sua trilha até a Alemanha.

Observo a paisagem através da janela do trem, não sei por que mas tudo parecia mais cinza e triste, talvez a guerra trouxesse esse clima mesmo, essa nuvem de depressão.

Arrisco a olhar discretamente no banco de Freddie e John, talvez eu tenha visto rápido demais e me confundido, mas me pareceu ver Mercury de mãos dadas com Deacon.

Volto a olhar para a vista na janela, e dessa vez meus pensamentos estavam em Roger, na maioria das vezes meus pensamentos estavam em Roger, tinha medo de quando eu voltasse, se voltasse, ele tivesse sido capturado ou morto, e então eu nunca mais o veria.

Me aconchego no banco do trem e fecho meus olhos, tentando dormir.

Noite passada não havia tido uma boa noite de sono pois estava muito preocupado com a viajem e o meu encontro com o Führer, então estava realmente muito cansado.

Não demora muito, e logo eu acabo pegando no sono com a cabeça encostada na janela do trem.



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