Classic • Maylor

•uma morte e duas fugas•

-estou...- não consigo olhar novamente nos olhos do oficial, que a essa altura já estavam inundados em lágrimas.

-pois bem, onde estão?-

Aponto para baixo, indicando que havia um sótão, onde eles estavam escondidos.

-ótimo, agora você vai fazer exatamente como eu disser...- e então o oficial inicia a citar o seu plano.

Encontrava-me em estado de desolação, agora Brian e Roger seriam capturados e mortos, me sentia culpado por não conseguir escondê-los direito.

-você entendeu Lennon?- questionou o oficial, que agora estava com seu fuzil em mãos apontado para o chão.

Apenas concordo, e seguro na mão de Paul por debaixo da mesa, em uma tentativa de apartar as lágrimas que insistiam em cair. Eu seria, em parte, responsável pela morte do meu melhor amigo, jamais me perdoaria por tal atitude.

- você não tem escolha Johny- o mesmo aproxima-se de mim, sussurrando tais palavras em meu ouvido. Gostaria de acreditar, de fato, que não havia escolha, porém meu subconsciente me acusava do contrário.

-foi um imenso prazer ter conversado com o senhor, Lennon, nos veremos em breve!- o oficial inicia seu teatro, e aponta para o sótão, sinalizando-me para chamar Brian e Roger.

Espero alguns instantes, pois eles estranhariam se não o fizesse, e então abro o sótão, chamando Brian e Roger para cima.

-venham Brian e Roger, eles foram embora- estendo minha palma até Brian mas o mesmo recua.

-você acha que sou idiota John? Eu sei que ele está aí, acha que eu não o ouvi? E sei que ele está o submetendo a tal ato, portanto não o culpo, pegue isso e atire- o cacheado supreende-me com tais palavras e sou novamente surpreendido quando o mesmo joga uma arma em minha direção.

-atire John!- grita Brian, e por impulso, viro na direção do tenente e atiro contra seu peito, não dando tempo para o mesmo reagir e nem pensar em que fazer, apenas atirei e em seguida atiro em seu companheiro também não lhe dando tempo para raciocinar, em poucos segundos os mesmos estavam caídos no chão, jorrando sangue de onde tais balas acertaram em seus corpos.

-John!!!!- Paul leva sua mão à boca e encara toda a cena surpreso mas ao mesmo tempo assustado.

-foi necessário- olho em sua direção e o mesmo apenas acena a cabeça em concordância.

-achei que dessa vez seria o fim- Roger olha em direção aos corpos e em seguida para Brian -achei que seria o fim- o loiro abraça seu corpo, buscando o conforto do seu amado, e o cacheado envolve seu corpo em seus braços.

-mas não foi meu amor... não foi- Briam deposita um selar em seus lábios, fazendo o mais novo sorrir.

-agora nós metemos em uma tremenda enrascada, pois quando os soldados sentirem a falta do tenente, sairão em disparada em busca do seu paradeiro- argumenta Paul.

O mesmo havia razão, não demoraria muito para que as autoridades sentissem falta do tenente, e então iniciariam uma busca intensiva em sua procura.

-vocês não podem mais ficar aqui Brian, é arriscado demais, não apenas para vocês, como também para nós- Brian concorda e então segura na mão de Roger.

-partiremos agora-

Concordo, e então vou até a cozinha, pego uma cesta e encho a mesma de comida para os mesmos passarem bem ao menos esta noite.

-não é necessário tudo isso John, ainda tenho um pouco do meu salário como soldado-

-não Brian, vocês precisam disso, e podem pegar um cavalo, não os deixarei a pé- entrego a cesta para Brian e o mesmo sorri em agradecimento.

-obrigado, serei eternamente grato a você e a Paul por tudo o que fizeram por nós nesses dias- agradece Brian, com sinceridade.

-eu também, obrigado John e Paul, adorei conhecê-los e serei igualmente grato a vocês, agradeço de coração- agradece Roger, que se emocionara e lágrimas começam a jorrar de seus olhos.

-oh Roger, por nada. Adorei reencontrar Brian e adorei conhecer você, carregarei vocês junto a mim em minha memória, boa sorte- sorri para ambos e os acompanho para fora de casa, até o estábulo onde já havia um cavalo pronto.

-podem ficar com ele- Paul desamarra o animal e segura-o pela corda que o prendia, Brian e Roger montam no mesmo, e então entrego a cesta com o alimento ao loiro.

-andem pela floresta, mas não sigam a trilha pois é muito provável que os nazistas façam patrulha por lá, vão pelas copas assim ficará mais fácil na camuflagem, sigam ao leste e encontrarão uma pequena vila, creio eu que não os conheçam por lá, então ficará mais fácil de arranjarem um emprego e se estabelecerem por um tempo- aconselho-os.

-agradeço pela informação John, e vocês ficarão bem?- questiona Brian, segurando nas cordas do cavalo.

-eu e Paul vamos sair daqui pois não é seguro para nós, visto que fui eu quem atirou no oficial. Os nazistas não irão tardar para descobrir tal fato, e logo seremos igualmente caçados- respondo, um tanto angustiado.

-mas não se preocupem com nós, iremos ficar bem, e quanto a guerra acabar espero reencontrá-los novamente- Paul sorri para os dois, que retribuem o sorriso, e começam a fazer o cavalo andar.

-Adeus!- os mesmos dizem em uníssono, desaparecendo rapidamente na floresta.

-adeus- respondemos, e rapidamente entramos em casa.

-precisamos sair daqui, agora- Paul concorda e dirige-se apressadamente para a cozinha, provavelmente a fazer algo para levarmos.

Eu por outro lado, apresso o passo e vou para o andar de cima, ajoelhando-me ao chão e retirando dele, duas tábuas soltas na qual escondiamos todo o dinheiro que tinhamos e duas armas.

Retiro-os do chão e encaixo as tábuas novamente, pego também os documentos meus e de Paul, coloco algumas roupas em uma sacola de pano, juntamente aos documentos e as armas, descendo apressadamente as escadas.

-vamos Macca? Está tudo pronto?- o mesmo assentiu, mostrando duas cestas fartas de comida em suas mãos.

-ótimo, agora vamos, não temos tempo a perder- saímos apressadamente de casa, indo até o estábulo e montamos em dois cavalos.

Demos meia volta e iniciamos a cavalgar para longe da casa, para longe do lugar.

O lugar em que compartilhamos tantas lembranças juntos, o lugar onde descobrimos nossos desejos e onde pretendíamos morar por toda a vida.
Infelizmente agora tínhamos que deixá-lo, rumo ao desconhecido.