•Matando para salvar•

305 48 13
                                    

Mais uma vez, eu me encontrava nas ruas, debaixo de um sobretudo preto que cobria meu corpo todo, me escondia na escuridão caminhando pela rodovia.

O único barulho audível era do atrito das minhas botas ao solo rochoso.
Saco a lâmina da manga do sobretudo, continuando a caminhada pela rua escura.

Meus cabelos loiros e longos voavam com a ventania que estava fazendo naquele momento, e meu olhar, bem, era determinado a matar sinto que nasci para isso.

Mas não mato pessoas inocentes, isso seria errado.
Eu mato nazistas pessoas que merecem a morte, pessoas que fizeram muito mal à minha raça, mas eles acham que estão certos, afinal, eles são da raça superior.

-raça superior, puta piadão- dei risada do meu próprio pensamento.

Ouço a aproximação de um veículo, e rapidamente me escondo nas sombras que um muro de tijolos proporcionava.
Dou uma rápida olhada, e consigo ver um caminhão dos oficiais, dois soldados saem do mesmo, tirando uma mulher dele, a moça parecia bem debilitada e estava muito machucada.

- nazistas filhos da puta- meus nervos fervem de ódio ao ver aquela cena.
Coloco a lâmina novamente na manga do sobretudo, e em seguida tiro minha pistola do cinto da calça.
Destravo a mesma e observo pelo muro, aponto a arma para um oficial, mirando na nuca do mesmo, e atiro duas vezes, vendo-o cair no chão.

O segundo soldado grita em alerta e começa a disparar tiros em minha direção, me escondo atrás do muro, encaixo a arma no cinto novamente, retirando em seguida a lâmina.
Pulo por cima do muro e corro em direção ao oficial, desviando das balas, pulo em cima do mesmo, desarmando-o e desferindo golpes com a lâmina em seu peito.

O sangue respinga em minha face, mas não me importo e continuo esfaqueando-o com raiva, o soldado gritava de dor e tentava se esquivar das facadas. Mas eu não o deixo sair, e golpeio o seu coração, fazendo pressão na lâmina e enterrando-a cada vez mais em seu órgão.

Alguns minutos após eu continuar pressionando a arma em seu coração, o homem da um último suspiro, e vai à óbito.

Me retiro de cima dele, e limpo o sangue da minha face com a manga do meu sobretudo, limpo o sangue da lâmina, e dou uma olhada no corpo do homem deitado no chão.

Me agacho até ele e checo sua pulsação, sim ele estava morto.
Tiro a faixa do nazismo da manga direita da sua farda, e também a boina da sua cabeça, assim eu poderia me disfarçar de soldado, saco também a sua arma, e jogo a minha fora pois as balas haviam acabado.

-você merecia a morte- levanto e cuspo em seu rosto.

Olho à minha direita, e a mulher que eu havia ajudado, me olhava assustada mas depois de algum tempo, ela sorri.

-obrigada-

Retiro a boina, e sorri em resposta

-apenas fiz o que era certo-

Ela balança a cabeça em afirmação, da meia volta e sai correndo, desaparecendo na escuridão.

Pobre mulher, ela estava com a aparência muito fraca e debilitada, não queria nem imaginar o que os nazistas fizeram com ela, de que maneiras a maltrataram.
Espero que ela consiga fugir, e que os soldados não a capturem novamente.

Ela sofreu tudo aquilo, apenas por ser judia.

Meu coração entristeceu ao pensar naquilo, não tínhamos culpa de nada, não tínhamos culpa de ser judeus e não havia razão para que as pessoas nos odiassem, é apenas a nossa religião.

Guardo a lâmina na manga do meu sobretudo, e saio andando pela rua escura novamente, mas claramente, tomando sempre muito cuidado para não ser visto por ninguém.

Minha atenção é desviada por um barulho estridente, e quando me por dei conta, a paisagem não estava mais ali, havia apenas poeira, pedras e destroços voando por todas as direções.

Eles estavam bombardeando a cidade novamente.

Corro o mais rápido possível para longe do bombardeio, me jogo no chão e rolo para debaixo de um carro, esperando o bombardeio cessar.

Cubro meus ouvidos com as duas mãos, e permaneço embaixo do carro, imóvel, enquanto bombas atrás de bombas eram lançadas pelos aviões de batalha.

Muitas pessoas eram prejudicadas por conta desses bombardeios, não apenas as pessoas poderiam ficar sem moradia, mas também seus locais de trabalho poderiam ser destruídos, além de que muitas vidas eram tiradas.

Logo, percebo que não poderia mais ficar me escondendo embaixo de um veículo, ou senão eu poderia ser atingido.

Conto até três mentalmente, abro meus olhos e saio rapidamente debaixo do veículo, e me pus a correr em meio às explosões.

Pouso o braço em minha testa, protegendo meus olhos da poeira e dos destroços que eram arremessados devido às explosões.

Acelero o passo, correndo para longe das bombas e dos mísseis que também eram armas que os soldados usavam para bombardeios.

Corro o mais rápido possível para longe do local, sigo o caminho na qual considero mais seguro, seguindo para as montanhas. As bombas não poderiam me atingir em tamanha altitude.

Caminho pela trilha rochosa, e vou me apoiando nas árvores que havia pela trilha, o caminho era muito íngreme e havia tamanho risco de desmoronamento, e esse risco apenas aumentava devido às bombas que eram lançadas no local, mas eu precisava me manter firme e chegar ao topo das colinas, onde o risco de ser solta uma bomba ou míssil ser lançado, caia drasticamente.

Chego na parte mais segura da trilha, e ali eu me pus a correr novamente, abraçando meu próprio corpo, continuando a correr.

Após ter percorrido todo o caminho, chego ao topo da colina, e permaneço ali, apenas visualizando o estrago que ocorria lá embaixo.

Em tamanha altitude, eu tinha a visão privilegiada, conseguia observar tudo o que estava acontecendo lá embaixo, e a visão que eu tenho me entristece.

A cidade estava completamente destruída, a bela paisagem que eu observava sempre que vinha nas colinas, não existia mais. Agora era apenas a visão de tragédia e destruição, bombas e mísseis caiam sobre a cidade, deixando-a inteiramente destruída e sem vida.

A chuva se misturava às lágrimas que agora caiam dos meus olhos, ao ter a visão daquela cena de morte e destruição.

Todos mortos, estamos todos mortos.

Classic • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora