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[...] Um bom tempo depois

Estávamos hospedamos em uma casa no campo da minha família longe da cidade, os dias passavam tranquilamente e nem parecia que lá fora tudo estava um caos. E como meu pai havia dito, o governo não resolveu nada.

Ando para fora da casa indo até o pequeno estábulo vendo Canela ali.

— Ei como você está? — Me aproximo passando minha mão sobre sua crina.

Abro a porta de madeira tirando Canela, coloco todos os equipamentos na égua e saio do estábulo galopando. Olho para o céu por alguns instantes, o horário não devia passar das 9:00 a.m, está manhã estava ensolarada com uma brisa suave.
Minha mãe havia me ensinado a andar de cavalo, então todos os dias ou pelo menos a maioria, eu usava para praticar. Sempre tentava os conversar a me deixar usar uma faca ou uma arma, mas eles sempre insistiam que era besteira e que estávamos em segurança. Então o que eu poderia fazer a não ser concordar?

Vejo minha mãe me chamando da porta de casa, vou com Canela até o estábulo a deixando ali.

— Até mais parceira.

Vou correndo ao encontro de minha mãe que estava parada no mesmo lugar.

— Está sua barriguinha não sente fome não? — Eu dou risada e me sento na mesa junto a meu pai.

Minha mãe havia feito panquecas usando os ingredientes que trouxemos de casa e outros que eles acharam em alguma busca ou algo do tipo.

— Bom dia pai. — Dou um sorriso.

— Bom dia filha, e Canela como está?

— Ótima.

Quando acabamos de comer ajudo minha mãe a tirar a mesa e depois ela foi me dar aulas, o que eu achava um saco.

— Mãe seria bem mais útil eu aprender usar uma arma do que saber fazer contas, isso não vai matar os monstros.

— Conhecimento é algo precioso Amy, não é porque o mundo está um caos que temos que ser cabeça oca. — Ela sorri, em bufo em frustração mas continuo a estudar.

Após tediosas horas a frente de um caderno vou para fora ao encontro do meu pai que lançava sua faca num alvo improvisado na árvore. Fico o observando achando aquilo um máximo, ele nota minha presença e faz sinal para que eu me aproxime.

— Quer aprender? — Me encara.

— Está falando sério? — Pergunto surpresa.

— Sim Amber, não é sempre que vou estar aqui para te proteger.

Mesmo que aquilo fosse verdade me doía ouvir, não quero nem imaginar a possibilidade de ficar sozinha. Mas a realidade agora é que a cada instante tínhamos chances de morrer, não por velhice, ou alguma doença, mas sim por mortos nos devorando.

— Quero. — Dou um fraco sorriso.

— Você segura desse jeito, joga seu braço para trás e com precisão lança no alvo, sem excitar. — Ele me estende a faca. — Sua vez.

Eu faço o que ele diz mas acerto o vento, e outras tentativas o cabo da faca batia no tronco.

— Com o tempo você pega o jeito. — Ele sorri.
— Pode ficar com você. — Se refere a faca.

— Obrigada pai. — Sorriu e o vejo se afastar.
[...]

A noite chegou mas rápido do que o imaginado, e eu já estava em minha cama pronta para dormir. Minha mãe adentra o quarto e ajeita a coberta que estava sobre meu corpo.

— Boa noite filha, bons sonhos. — Ela da um beijo suave na minha testa antes de sair do pequeno cômodo.

Fico olhando para o teto me remexendo na cama sem ter o privilégio do sono. Me estico para o lado onde havia uma pequena bancada, na primeira gaveta eu guardei a faca que meu pai me deu hoje mais cedo, a pego nas mãos e analiso minuciosamente.
Calço meus tênis e saio do quarto, a essa hora eles provavelmente não estão acordados. Observo o relógio com o ponteiro parado na parede, reviro os olhos e vou à cozinha, pego a lamparina e finalmente saio de casa fazendo o mínimo barulho possível. Assim que já estava ao lado de fora, solto um suspiro que nem eu sabia que segurava, observo ao redor e noto o quão assustador ali era de noite, balanço a cabeça afastando esses pensamentos e caminho até a árvore que meu pai treinava o arremesso de faca. Apoio a lamparina sobre um toco de árvore, e começo a tentar fincar a faca no tronco quando lançada.
[...]

Após muitas tentativas finalmente acerto a faca me fazendo dar pulinhos de alegria, caminho até lá e a puxo. Quando iria me preparar para lançar novamente o objetivo pontiagudo escuto grunhidos fazendo-me arrepiar dos pés a cabeça e um medo toma conta de mim. Giro meu corpo em 360° tentando identificar de onde vinha os barulhos porém o que eu enxergava era apenas uma vasta escuridão. Seguro a lamparina numa mão e a faca na outra e saio correndo para casa o mais rápido que eu pude, tranco a porta e afasto as cortinas, estreito meus olhos e tento ver algo, porém é inútil.
Deixo a lamparina na cozinha e corro para meu quarto, guardo a faca na gaveta, tiro meus sapatos e por fim me deito na cama cobrindo-me até a cabeça.
Controlo minha respiração. Amy, você está ficando louca! Não tinha nada lá fora. Tento convencer a mim mesma.

Me perco nos meus próprios pensamentos quando menos noto já estava adormecida num sono profundo.
[...]

Choices | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora