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— Bem vinda ao Santuário! — Ele estaciona o carro.

Olho para o grande lugar antes de voltar a encarar Negan.

— Diga algo cordeirinho. — Negan me olha minuciosamente.

— Deve dar trabalho para manter isso aqui funcionando.

— Exatamente, e para isso eu faço o que preciso fazer. Entende?

— Claro. — Digo num tom irônico, tentando não voar no pescoço dele.

— O que houve com sua mãe?

— Ela morreu no início do apocalipse, assim como meu pai. — Digo de forma simples por ser algo que não doía tanto como antes.

— Sinto muito Amber.

— Sim, claro que sente. — Debocho. — O grupo de Rick cuidou de mim, eles são minha família. Se você realmente se importa, pare com tudo isso. — O olho já sentindo as lágrimas novamente.

— Não foi eu que comecei com isso, foram eles.

— Não sei o que te fez mudar, tio. — Digo com desdém. — Mas eu vou fazer o que tiver que fazer para proteger quem eu amo. — Olho no fundo dos olhos dele.

Quando me viro para sair do carro ele agarra meu braço, não tão forte para machucar, mas forte o suficiente para me deixar intimidada.

— Não use esse tom de merda comigo novamente. Você está na minha casa, cordeirinho. — Ele sorri.
— Não seja tola em pensar que eu não faria algo apenas por ser minha sobrinha. Se eu tiver que te educar, vou fazer do meu jeito.

Negan solta meu braço e sai do carro. Ele me mostra onde eu iria dormir. Não era lá grande coisa, mas era no mínimo aconchegante.

— Vou providenciar roupas novas para você. — Ele avisa.

Concordo com a cabeça e finalmente fico sozinha no quarto. Olho ao redor e suspiro. Não iria me sentar na cama pois eu estava imunda. Meu corpo clamava por banho. No quarto havia outra porta que levaria para o banheiro. Era tudo simples e limpo.

Escuto toques na porta atrapalhando minha observação. Abro a mesma vendo Alan com algumas roupas e outros utensílios em mãos.

— Amber! — Ele me olha desacreditado. — O que faz aqui?

— Uma longa história, acredite. — Bufo. — São para mim? — Aponto para as roupas.

Alan concorda e me entrega.

Mesmo que eu de certa forma odiasse o garoto, não iria ser tola e ser uma cuzona com ele, pois no momento é o único rosto familiar que eu conheço.

— Daqui algumas horas vamos desce para o refeitório para jantar. É uma loucura la embaixo. Se quiser posso te mostrar como funciona. — Alan me olha.

— Ah... Claro! — Dou um sorriso. — Nos encontramos em algum lugar mais tarde.

— Eu passo aqui no seu quarto. — Diz.

Concordo com a cabeça. Alan avisa que tinha coisas para fazer e se despende.

Jogo as coisas sobre a cama, logo em seguida pego a toalha e adentro o banheiro. A água demora alguns minutos para chegar a uma temperatura aceitável. Quando termino o banho saio e observo meu corpo nu no espelho, meus cabelos estavam enormes. Procurou uma tesoura pelas gavetas, por sorte acho uma. Batidas na porta me tiram da transe. Suspiro fundo.

— Já vai! — Grito e me enrolo na toalha.

Abro a porta deixando apenas meu rosto aparecer. Negan observa que eu ainda não tinha me trocando e revira os olhos.

— Se troque logo. — Diz simples.

Concordo adentrando o quarto novamente. Coloco as roupa que Alan trouxe mais cedo, a calça tinha servido perfeitamente diferente da blusa que caberia duas de mim facilmente. Ignoro essas observações e saio do quarto ajeitando meu cabelo.

— Vamos onde? — Digo seguindo Negan pelo corredor.

— Vou te mostrar o lugar. — Diz.

Continuo o seguindo sem questionar. Meu tio me mostra algumas partes do lugar, como a enfermaria, refeitório. Paramos em frente a uma porta de ferro onde havia um homem grande e forte de guarda . Negan entra sem dizer nada.

Olho ao redor percebendo que o lugar era mal iluminado e sujo, sem contar que tocava uma música irritante.

— O que é isso? — Pergunto.

Ele para em frente a outra porta de ferro, coloca a chave, em segundos a porta estava aberta.

Fico boquiaberta quando vejo Daryl em uma situação deplorável. O Dixon estava em um canto encolhido com seus olhos fechados. O homem com cicatriz no rosto chega, vejo que em sua mão havia um lanche com algo de aparência péssima entre os pães.

— O que é isso? — Digo imediatamente indo próximo ao homem.

— Ração de cachorro. — Diz sínico e joga no chão próximo de Daryl.

— Vocês estão loucos? — Pergunto abismada.

Tento entrar onde Daryl estava, porém o homem de cicatriz me impede. Eu por impulso dou um soco em sua cara, ele recua alguns centímetros.

— Saia Dwight. — Negan manda.

O tal Dwight me olha com ódio e sai pisando duro.

— Daryl deu um soco na minha cara, igual você fez com Dwight. — Negan sorri. — Isso não é bacana, por isso seu amigo está aí.

Negan passava todos os limites existentes.

— Você não pode manter ele aí.

— Exatamente, só estou o deixando ali para ele pagar pelo que fez. — Negan diz como se fosse algum justiceiro. — Então se quiser acelerar o processo pode cortar um pedaço da orelha dele. — Ele me estende uma faca.

O olho indignada mas pego a faca. Aproximo-me lentamente de Daryl, e me abaixo próximo a ele. Coloco a faca em sua orelha e aproximo meu rosto perto da faca.

— Vou tirar você daqui. — Sussurro.

Me levanto e aproximo-me do meu tio que me olhou insatisfeito.

— Ia ser foda para caralho se você cortasse a orelha dele! — Negan vai a porta e a fecha.

Antes da porta se trancar novamente, Daryl me lança um olhar indecifrável. Suspiro e acompanho Negan para fora do local.

— Vou descansar, estou exausta. — Falo e dou as costas.

Sigo para o quarto e imediatamente deito na cama. Com minha mente cheia de pensamentos e dúvidas adormeço em um sono profundo.
[...]

Choices | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora