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<~> (avanço temporal)

— Por que está me evitando desde aquele dia?
— Ravi segura meu braço.

Olho para ele e tiro meu braço do seu aperto.

— Porque foi um erro Ravi!

— Amy...

— E não posso me envolver com você pois vou embora! — Digo e saio andando pelo mercado que estávamos saqueando.

— Achei que depois de tudo iria ficar... — Ele diz num tom chateado.

Me viro para ele e coloco minha arma no coldre.

— Eu queria... Mas preciso de respostas.

— Respostas para o que Amber!? — Ele diz num tom alto.

— Eu tenho um grupo... Minha família. — Sorriu com meus olhos cheios de lágrimas, olho para o chão antes de voltar a encarar o garoto. — E não sei se eles estão vivos. Não posso viver sem saber o que aconteceu.

— Você mentiu! Disse que era sozinha.

— Eu não confiava em vocês Ravi! Pelo amor tenta me entender.

— Vai embora então Amber! Esquece que eu e minha irmã existimos. — Ele grita.

— Ravi...

— Não! Não venha se desculpar por algo que você não sente muito. Você por acaso em algum momento considerou ficar!?

— Claro que sim! A todo momento!

— Eu queria conseguir acreditar em você. — Ele suspira.

Ravi vai para fora do mercado e eu o sigo chamando seu nome. Ele coloca seu skate no chão.

— Ravi por favor para. — Seguro a manga da sua blusa porém ele se afasta rapidamente.

— Espero que encontre as respostas que procura Amber.

Ele sobe em seu skate, eu fico parada o observando se afastar. Caio em lágrimas ali no meio da rua. Suspiro as secando fico um tempo olhando para a rua. O céu estava nublado, um vento gélido batia em meu rosto. Uma fina garoa começa a cair, coloco a toca do meu casaco.

Começo minha caminhada em ritmo lento, minhas mãos seguravam as alças da minha bolsa. Meus pensamentos viajam enquanto minhas pernas andavam no automático.
[...]

Adentro a floresta pois na estrada tinham muitos caminhantes. O céu vai escurecer mais cedo devido ao dia nublado. Apunhalo minha faca e mato um zumbi que vinha em minha direção. Limpo a faca na barra da calça e a guardo no cinto. Escuto barulhos se galhos sendo pisados atrás de mim, em um movimento rápido pego minha arma e viro meu corpo para trás.

— Alan!? — Franzo o cenho e depois reviro os olhos, tantas pessoas para eu encontrar.

— Já se recuperou do tiro que eu dei em sua perna... — Ele olha minha minha e volta a me olhar nos olhos. — Aqueles adolescentes fizeram um bom trabalho não te deixando morrer.

— Como você sabia deles? — O encaro confusa.
— Você estava me seguindo!?

— Estava gostando da novela mexicana entre você e aquele garoto, Ravi não é? — Ri. — Só não sei se a Agnes vai estar muito bem.

— O que você fez com ela seu psicopata!? — Destravo minha arma e coloco o dedo no gatilho.

— Ei relaxa, estou só brincando. — Ele sorri. — Pode abaixar esse negócio agora?

— Não mesmo. — O encaro. — Se você continuar me seguindo... Se eu perceber QUALQUER sinal de sua presença, a próxima vez que eu te ver, vou te matar. — Travo a arma. — Isso não é um blefe. — A guardo no coldre e dou as costas.

Começo meu caminho novamente, quando me viro para trás Alan não estava mais ali. Espero que ele tenha entendido o recado.

<~>

— Mortos chatos!

Digo a mim mesma enquanto corria para os despistar. Paro ao lado de uma árvore, olho para os dois lados e rapidamente subo nela, os zumbis passam por de baixo e nem se quer notam minha presença. Coloco minhas pernas suspensas no galho e dou um um gole na água respirando fundo para recuperar meu fôlego.

Assim que eu pulo da árvore, uma faca é lançada em minha direção porém acerta o tronco.

— Precisa praticar mais sua mira Nina. — Sorriu para a garota entregando a faca da mesma. O cachorro de Nina vem até meus pés e começa a lamber minhas canelas. — Iae Boris — Sorriu fazendo carinho em seus pelos.

— Ah Amy, queria ser boa igual a você! — Ela bufa colocando a faca em seu cinto.

— Se treinar pode ser até melhor que eu. — Sorriu e bagunço seus cabelos voltando a andar.

— Impossível. — Ela suspira caminhando ao meu lado.

Nina tinha 11 anos, eu a encontrei exatamente 1 ano atrás...

Flashback on

Esfaqueava um zumbi descontroladamente descontado toda a linha raiva e frustração da vida. Lágrimas caiam descontroladamente dos meus olhos. Paro e me sento ali no lado chorando até chegar a soluçar. Quando olho para cima vejo que havia uma garotinha me encarava assustada e um morto estava prestes a morder.

— Cuidado! — Grito.

Lanço minha faca acertando em cheio o crânio do morto. Quando ele cai a menina me olhava em agradecimento e me abraça. Fico meio sem jeito mas devolvo o abraço.

— Onde estão seus pais? — Me separo dela pegando minha faca do crânio do morto, limpo na barra da minha calça antes de a encarar.

— Foram mortos... — Ela chora.

Seguro também minhas lágrimas e a abraço. Sei a dor que ela sentia.

— Um homem mau matou eles. — Ela funga limpando seus olhos.

— Você está segura agora.

— Meu nome é Nina. — Dá um sorriso tímido.

— Eu sou Amber, mas você pode me chamar de Amy. — Sorriu para a garotinha.

Coloco meus braços sobre seu ombro e começo a caminhar ao seu lado.

Flashback off

Nina devolveu minha humanidade. E agora estou em um acordo comigo mesma de a proteger custe o que custar.

Rick é um assunto delicado... Passei longos meses os procurando, mas não obtive nenhum sinal de que estavam vivos. Então antes que enlouquecesse de vez, resolvi aceitar pois iria doer menos.
Desde sempre está sendo eu, Nina e Boris. E está ótimo desse jeito.

Abro a porta da casa permitindo a entrada do cachorro e da menina. Tranco a mesma e coloco o sofá na frente.

— No que tanto está pensando? — Nina fala deitando-se num colchão que tinha ali na sala.

— Nina já disse para não tirar esse colchão do quarto. — Reviro os olhos.

Nina dá de ombros e chama Boris para deitar-se com ela.

— Amanhã vou sair para procurar por suprimentos.

— Eu posso ir? — Lanço um olhar que ela rapidamente entende. — Tá, entendi. Cuidar da casa. — Bufa.

— Vou lá para cima, vai ficar aí? — Arqueio uma sobrancelha.

— Sim. — Balança a cabeça. — Já já eu subo.

Concordo e subo as escadas. Adentro meu quarto e encosto a porta. Coloco minha mochila sobre a cômoda. Vejo a garrafa de whisky... Balanço a cabeça espantando todas as memórias referente aquela bebida. Abro a janela e a jogo o mais longe que eu consegui. Suspiro e tranco a mesma.
[...]

Choices | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora