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Acordo ofegante e desesperada, olho para todos os lados e noto que Alan estava abaixado ao lado da minha cama. Me perguntava como ele entrou no meu quarto.

— Você está bem? — Pergunta num tom preocupado.

Franzo o cenho e lembro-me dos acontecimentos passados. Suspiro e concordo com a cabeça.

— Tive um pesadelo. — Falo envergonhada.

Ele sorri me tranquilizando. Sigo Alan para fora do quarto até o refeitório, pois de acordo com o mesmo já era hora da janta.
O local estava cheio de pessoas, todos atrás de uma única coisa, comida. Me junto na fila logo atrás do garoto que me acompanhava.

— Ei você é sobrinha do Negan, usa isso ao ser favor. — Alan fala.

Fico surpresa por ele já saber, as notícias rodavam rápido. Se eu quisesse viver em paz, sem pessoas folgadas se aproveitado teria que mostrar respeito, ou ao menos tentar. Olho para ele duvidosa, porém fico no mesmo lugar. Não queria problema com nenhum dos Salvadores, não por enquanto.

Longos minutos depois consegui colocar minha comida na bandeja, Alan acha um lugar e sento ao lado dele. A comida não era das melhores, mas só de não passar fome já temos que agradecer.

— Não vai me contar como veio parar aqui? — Me encara com uma sobrancelha arqueada.

— Sou de Alexandria.

— Puta merda, sério!? — Diz surpreso.

Balanço a cabeça em concordância.
— Uma merda né? — Suspiro. — Fiz um acordo com Negan, se ele não matasse um amigo meu iria vir com ele. E cá estou eu.

— Ele gosta de você. — Alan diz. — Conheço Negan a bons anos, se ele não gostasse de você, não te ouviria.

— Ele é um cuzão. — Digo com raiva. — Não reconheço mais meu tio.

— Todos mudamos Amy.

— E eu não sou obrigada a tolerar mudança de gente igual a ele. — Falo e levanto-me da mesa. — Preciso esfriar a cabeça, até mais tarde.

Viro as costas e saio andando para fora do local. Abro a porta e imediatamente sinto o vento frio bater contra meu rosto. Abraço meus próprios braços. Observo algumas motos estacionadas, uma delas era a de Daryl. Não tão longe de onde eu estava, vejo um rapaz de costas, dava para perceber que ele fumava devido ao cheiro e a pequena fumaça que subia e se dissipava.

Retiro os olhos dele e caminho até a moto de Daryl, a chave estava na ignição, eu a tiro e guardo no meu bolso.

— Isso se chama furto. — Escuto uma voz conhecida.

Levanto a cabeça e fico espantada com quem vejo a minha frente, em carne e osso.

— Ravi!? — Exclamo boquiaberta.

— Sentiu saudades gatinha? — Dá um sorriso divertido.

Me perco em suas covinhas. Como era possível ele estar mais bonito do que anos atrás?

— Eu... — Tento formular alguma frase que faça sentido.

— Que mundo pequeno, quem diria em? — Ele se aproxima. — Está bonita. — Me olha de cima abaixo.

Eu estava parada no mesmo lugar, devia estar completamente pálida. Nesse momento me sentia igual a garota de anos atrás.

— Obrigada... — Forço minha voz a sair.

Ele sorri e balança a cabeça ao perceber na situação que eu estava. Conto até dez mentalmente e me recomponho.

— O que faz aqui? — Pergunta curioso.

— É uma longa história, acredite. — Suspiro.

— Sim, eu sei. Alguma coisa com o lance de Alexandria... — Diz despreocupado.

Fico de cara com sua falta de compaixão. Resolvo ignorar.

— Agnes está aqui também?

Ele nega.
— Infelizmente ela morreu, alguns meses depois de você ter ido embora.

— Sinto muito Ravi...

— Claro que sente. — Ri irônico e se aproxima mais um pouco.

— Eu realmente sinto, você sabe disso. — O olho com raiva. — Depois de anos ainda guarda rancor por eu ter ido embora?

— Não Amber. — Ele fica a centímetros do meu rosto. — Eu guardo mágoa. — Diz e solta a fumaça no meu rosto logo em seguida se afastando.

— Você fala como se eu fosse culpada.

— E você fala como se não tivesse opções, você poderia ter ficado, mas decidiu não ficar. E eu escolhi ficar chateado com você, ponto.

— Mas agora eu estou aqui...

— Não seja tola Amber, você sabe melhor do que eu que não vai ficar por muito tempo. — Ele me olha com sua feição neutra.

Fico em silêncio, não poderia descordar. Eu não queria estar ali. Seria só uma questão de tempo para eu voltar a Alexandria.

— Foi bom te encontrar Ravi. — Suspiro e viro as costas.

— Já vai? — Fala receoso.

Me viro e dou um pequeno sorriso.
— Não era você que estava me apedrejando até agora?

— Vêm aqui porra. — Ele me puxa e me envolve num forte abraço.

Quando nos separamos Ravi olhava-me com um olhar perdido. O rapaz abre um sorriso curto e depois desvia o olhar pro chão.

Escutamos a porta se abrir, revelando Dwight. Eu e Ravi o observávamos. Ele caminha até a moto que era de Daryl e não vê a chave.

— Onde está a chave daqui? — O homem pergunta estressado.

Dou de ombros, e Ravi me acoberta na mentira. Dwight adentra novamente o Santuário. Solto um suspiro tenso e dou uma gargalhada. O garoto sorri e nega com a cabeça.

— Nos trombamos por aí Ravi. — Me despeço dele.

— Não vejo a hora. — Escuto o dizer.

Sorriu a mim mesma e volto para dentro. Passo pelo refeitório que ainda estava lotado e alcanço rapidamente o corredor. Subo a grande escadaria rapidamente sem dar importância para as pessoas que cruzavam no meu caminho. Quando chego ao andar do meu dormitório, tinha umas pessoas dispersas pelo corredor. Passo entre elas, conseguia perceber que me olhavam com julgamento e cochichavam algo com seus companheiros. Ao final do corredor adentro meu quarto e tranco a porta.

Não tinha nenhuma notícia de Carol, espero que minha amiga esteja bem. Assim como Maggie, se ela perdesse o bebê não quero imaginar como ela e Glenn ficariam. E Carl... Ele deve estar agora com Enid, ou ele deve estar sofrendo e puto com minha partida, espero que seja a primeira opção.

Retiro meus sapatos e jogo-me na cama. Em poucos minutos adormeço sem muito esforço.
[...]

Choices | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora