33

1.9K 209 85
                                    

Já estava escurecendo. Eu estou exausta sentada no chão, ofegante, com dezenas de corpos de zumbis mortos a minha volta. Eu estava suja e com o sangue deles sobre meu corpo. Quando percebo mais um se aproximar, me levanto e apunhalo minha faca. Quando eu iria o matar, o zumbi cai morto com uma flechada na cabeça. Olho em meio às árvores e vejo Daryl sair, com sua crossbow e sua fisionomia não estava nada boa. Ele retira a flecha do zumbi e caminha até mim.

— O que pensa que está fazendo Amber!?

— Lidando com meu luto da única forma que eu sei lidar. — Digo sem muita importância. — Abraham falou que eu ia me sentir mal... Mas não tá acontecendo. — Suspiro fundo. — Só estou sentindo a merda de um vazio sem fim!

— Vamos para casa... — Daryl tenta se aproximar, mas me afasto.

— Eu achei que quando eu achasse vocês iria me sentir completa... Menos quebrada. — O olho.
— Mas isso não tá acontecendo.

Daryl fica em silêncio e olha pro chão.
— Eu já me senti assim... Quando perdi meu irmão. E quando meu pai me esmurrava. — Diz a última parte num murmúrio. — Todos temos cicatrizes Amber... A diferença é como cada um lida com elas.

— E acho que o jeito que eu lido não é dos melhores...

— Você não está sozinha. Em Alexandria tem pessoas que se importam com você. — Ele me olha.
— E sofreram com seu desaparecimento... Vai querer fazer eles sofrerem novamente?

Eu suspiro e nego com a cabeça.

— Vamos para casa.— Digo decidida.
[...]

Chego em Alexandria e sou recebida por Rick muito preocupado. Explico a ele que estava esfriando a cabeça, ele ao ver que estava bem se tranquiliza.

Após sair do banho, enrolo-me na toalha cor de rosa. Ficou analisando meu corpo em frente ao espelho, observando as gotículas de água secarem lentamente. Deixo a toalha cair sobre o chão, observando toda a extensão do corpo nu. Ao sentir o mesmo ficar arrepiado soube que era hora de sair da transe e ir vestir-me.

Visto uma calça de moletom e uma blusa regata. Estava me sentindo mais leve. Quando abro a porta, Carl estava na porta do banheiro. Engulo em seco.

— Eu sinto muito por Nina... Sei que ela era importante para você.

Balanço a cabeça em concordância.
— Sim...Era.

— Tenho que ir... — Carl fala e desce as escadas. Me perguntava onde ele ia.

Enquanto andava pelo corredor, de uma porta do quarto escuto pequenos murmúrios. Franzo o cenho e abro a porta. Ao canto do quarto vejo uma bebê sobre o berço, seus cabelos estavam todos bagunçados indicando que tinha acabado de acordar.

— Judith! — Digo e me aproximo dela.

A pego com um sorriso bobo nos lábios.

— Lembra de mim? — Sorriu.

Ela parecia tentar falar algo, mas saía algo completamente desconhecido para meus ouvidos. Jud começa a chorar no meu braço, eu tenho fazer ela se acalmar a chacoalhando.
Rick aparece na porta do quarto com com uma mamadeira em mãos, surpreso por eu estar ali. Ele da um pequeno sorriso, entrego sua filha e ele começa a alimentar.

Dou um sorriso a ele indo para o quarto que eu estava dormindo. Fecho a porta e me sento na cama de pernas cruzadas, olhando para um ponto nulo na parede.
Minutos depois escuto baterem na porta.

— Entre. — Digo olhando a mesma com o cenho franzido.

Rick aparece.

— Preciso te fazer 3 perguntas...

— Agora? — Faço uma careta.

— Se não quiser responder agora tudo bem...

— Não... Eu posso. — Dou um fraco sorriso.

— Quantos caminhantes já matou?

— Mais do que eu possa contar.

— Quantas pessoas você já matou?

— 4. — Suspiro.

— Por que?

— Uma era minha mãe que iria se transformar... E os outros 3... — Olho para o chão, logo volto olhá-lo no olhos. — Prefiro não falar sobre isso.

Rick balança a cabeça concordando sem questionar. Ele me dá boa noite e se retira do quarto. Me deito na cama e encaro o teto, tentando dormir.

Iria ser tola de disse-se que não sabia o motivo de Rick fazer aquelas perguntas. Era óbvio que ele estava curioso para saber o que eu passei nesses quase 2 anos na estrada.
[...]

No andar de baixo da casa, eu caminhava silenciosamente pois não podia acordar todos que estavam dormindo. Abro a porta lentamente e saio para o lado de fora. Do outro lado da rua vejo uma garota sentada na grama, apenas observando o céu. Aproximo-me dela.

— Oi... — Digo e dou um sorriso.

Ela abaixa a cabeça e sorri em seguida.

— Oi! — Sorri também. — Amber né?

Eu concordo.
— E você?

— Enid. Pode sentar se quiser...

Me sento ao seu lado na grama e ficamos em silêncio, apenas observávamos o céu enquanto os grilos faziam seu barulho característico cortando o silêncio da noite. Percebia algumas vezes Enid me olhando de relance.

— Você é Carl são amigos? — Ela quebra o silêncio com sua pergunta que transparência insegurança.

— Sim... Mas ficamos mais tempo afastados do que juntos. — Dou uma fraca risada.

Enid solta uma risada nasal, se tranquilizando. Bocejo involuntariamente.

— Foi bom te conhecer Enid... — Me levanto batendo as mãos pela roupa. — Boa noite. — Sorriu e me afasto dela, entrando novamente na casa.

Quando abro a porta, chego na cozinha percebo uma fraca luz vindo dali. Apunhalo minha faca que estava presa no sapato, caminhando até lá. Quando chego eu em rápido movimento, prenso a pessoa contra a parede com a faca próxima ao seu pescoço.

— Está maluca!? — Carl pergunta com os olhos arregalados.

Me afasto dele.
— Desculpe... O que está fazendo essa hora aqui?

— Eu que te pergunto Amber... Não é legal ficar atacando os outros assim. — Carl fala bebendo a água do copo que estava sobre a mesa.

— Achei que seria outra pessoa... — Me defendo.

— Aqui estamos a salvo... Pode baixar sua guarda.

— Igual estávamos seguros na prisão? — Digo sem pensar.

Carl me olha sério. Rapidamente me arrependo pelo que eu tinha dito.

— Aqui é diferente...

— Uhum. — Murmuro.

Não conseguia acreditar que nenhum lugar era seguro. Não depois de tudo.

— Eu senti sua falta. — Ele se aproxima colocando uma de suas mãos ao lado do meu rosto, colocando um fio de cabelo atrás da minha orelha.

— Eu também... — Sussurro fechando os olhos, sentindo seu toque.

Eu esperava que ele me beijasse, mas ele não fez. Carl apenas se afastou. Abro meus olhos novamente.

— Boa noite Amy... — Diz num tom chateado.

Franzo o cenho e fico plantada no meio da cozinha. Após alguns segundos de reflexão, volto a realidade subindo para o quarto.
[...]

Choices | The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora