Capítulo 11

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Layla on.

Estava no hospital, minhas pequenas pernas balançavam na cadeira até que a enfermeira me chamou para entrar, saltei da cadeira e corri para dentro do quarto.

— mamãe?? Por que não me deixaram te ver?. -perguntei.

Ela sorriu, franzi o cenho para os vários aparelhos ligados a ela, os bipes do aparelho que contava seus batimentos faziam eu me encolher.

— estavam fazendo exames meu amor. -disse com uma voz fraca.

— você tá bem? Mamãe. -perguntei indo até ela.

— querida, eu quero que preste atenção, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. —fungou ela— e esse mundo não merece você, eu queria ter mais tempo, pra te ver crescer, tem ensinar tanta coisa... mas não posso, sabe aquela caixinha de madeira que tem no meu quarto?. -perguntou.

Eu assenti.

— quando você fizer quinze anos, você poderá abrir ela, e o que tem naquela caixa, é um presente meu para você, e de mais alguém, e quando você o pôr nunca deve tirar, quando se sentir só, olhe para o Alvorecer e o presente, você vai lembrar de mim e que nunca estará sozinha. -disse ela chorando.

Eu assenti.

Minhas pequenas mãos tocaram as suas e ela soluçou.

— não chora mamãe. —falei— se não eu choro também. -falei com a voz embargada.

— não meu amor, não chore, hum? Não quero lhe ver triste. -disse ela.

— vamos pra casa?. -perguntei.

Ela sorriu chorosa.

— eu vou para outro lugar meu amor, e nesse lugar você não pode vir comigo, você ainda tem muito tempo. -disse ela.

— por que?. -perguntei triste.

— porque eu vou dormir, vou dormir. -disse ela.

— por quanto tempo?. -perguntei.

— muito. -disse ela com a voz embargada.

— não mamãe. —falei a abraçando— se você dormir quem vai cuidar de mim? Quem vai me fazer cafuné pra dormir? Quem vai me dar beijinho de bom dia e boa noite? Quem vai tocar pra mim e ler historinhas??. -perguntei.

Ela chorou acaricando meus cabelos.

— quem vai me amar mamãe?. -perguntei.

— ouça, eu sempre, sempre vou amar você,  ouviu? Sempre não importa onde eu esteja, não importa para onde eu vá, você vai estar comigo, eu vou amar você pra sempre. -disse ela.

— então não dorme. -pedi.

— eu amo você. —sussurrou ela— toca pra mim?. -pediu.

Eu assenti e corri até a poltrona onde deixei meu pequeno violino, posicionei ele e seu arco, sorri pra mamãe que sorriu pra mim. ativar música acima.

Comecei a tocar, tirando cada nota do meu coração, e aquelas notas doíam, elas doíam, doíam quando saíam e seu som ecoava no quarto. Elas doíam fazendo meu coração ficar pequeno e se apertar.

As pinceladas do arco eram dolorosas e vagarosas, eu sentia dor, muita dor, e quando a música chegou ao fim, eu olhei para minha mãe que sorriu chorosa.

Corte do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora