Capítulo-4

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Estou em Duluth, Minnesota, comendo uma rosquinha com glacê e observando um professor de biologia de quarenta e quatro anos de idade andando de lá para cá na frente da varanda da casa onde vive sua melhor aluna de biologia, uma moça de dezessete anos. O dilema que ele enfrenta é que ela lhe disse que está interessada em ter aulas particulares com ele, em casa. Os pais dela estão fora da cidade naquele fim de semana e lá está ele, no terraço dos fundos da garota, às nove da manhã, enquanto sua esposa pensa que ele saiu para pescar. Ele sabe que, se bater à porta, estará enveredando por um caminho que talvez possa arruinar sua carreira e destruir seu casamento.

Acontece que sua aluna brilhante é incrivelmente sedutora. Tem seios perfeitos e uma bunda incrível e cabelos loiros naturais que cheiram como mel e olhos que o compreendem e lábios que ele está louco para sugar e ela tem dezessete anos e ele nunca fez sexo com uma moça de dezessete e ela diz que quer que ele lhe ensine tudo o que sabe sobre sexo. Tudo.

Quando foi a última vez que alguém falou isso para ele?

Certamente não sua esposa, que não faz sexo com ele há mais de três semanas e que mesmo quando eles transam é uma coisa mecânica e sem paixão. E ele quer paixão em sua vida. Ele precisa de paixão. E essa mocinha, sua estudante saidinha, com sua inteligência, esperteza e sua pele lisinha e seus lábios suculentos e sua voz macia, rouca, personifica a paixão. É tão decepcionante.

Procurando sua felicidade, quando a chave para encontrá-la reside dentro dele mesmo, em vez de no interior de uma garota de dezessete anos.

1) Pode se virar e ir embora, voltando para sua deprimente e desapaixonada vida com sua deprimente e desapaixonada esposa, e se mastur- bar todas as noites com a legalmente duvidosa pornografia que explora adolescentes.

2) Pode se virar e ir embora, decidido a renovar sua dedicação à sua esposa e à sua carreira, seguindo adiante razoavelmente feliz, pelo caminho que lhe foi predestinado quando nasceu.

3) Ele pode bater à porta, ter um caso apaixonado com sua bela aluna, e depois perder seu emprego, seu casamento e sua casa, começando por mergulhar na depressão e indo à falência.

Eu gostaria de ajudar. De lhe dar um empurrãozinho para que tome o rumo certo, dizer a ele que pegue o que está atrás da porta número dois, mas isso seria quebrar as regras.

Então eu simplesmente continuo sentado ali, comendo minha rosquinha, guardando meus conselhos para mim mesmo, observando aquele Darren Stafford, professor de biologia de quarenta e quatro anos, andar de lá para cá diante da varanda, tentando decidir o que deve fazer. Estou torcendo para que ele faça a escolha correta. Estou mesmo. Mas não tenho muita fé na sua capacidade de tomar essa decisão. Número um, ele é tarado. Número dois, ele é macho. E, número três, ele é humano. Ele bate à porta.

Em seguida estou em Compton, Califórnia, às sete da manhã, comendo outra rosquinha com glacê, do lado de fora de uma loja de bebidas quando um garoto de quinze anos paga a um mendigo para lhe comprar um litro de uísque e um par de garrafas de cerveja. O garoto está prestes a trilhar um caminho de drogas e álcool que vai conduzi-lo a entradas e saídas de reformatórios para jovens e depois à prisão por doze anos, condenado por ter roubado e dirigido bêbado, até que finalmente terminará atrás das grades até os trinta e cinco anos, culpado por homicídio não premeditado ao volante.

Não era essa sua sina ao nascer, mas eu não posso avisá-lo disso. O mendigo, por sua vez, ignora que se recusar o dinheiro do garoto vai melhorar tanto sua autoestima que deixará de gastar seus trocados com bebida. Depois de procurar a assistência social, ele vai finalmente encontrar o caminho de volta à sina que lhe foi atribuída, conseguirá um emprego no McDonald's, e, dentro de dez anos, estará administrando a sua própria franquia.

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