Capítulo-17

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Alguns dias depois, estou seguindo Sara enquanto ela mostra um apartamento de três quartos no Harlem para um casal que vai se divorciar e casar novamente, um com o outro, mais três vezes ao longo dos próximos dezesseis anos, quando tomo conhecimento de que Nicolas Jansen, o bom rapaz que eu provoquei até que me esfaqueasse naquele beco de Amsterdã, entrou para um monastério. Nossa!

Esse, definitivamente, não era o futuro dele, imediato ou qualquer outro, quando eu o encontrei. Supunha-se que ele fosse saltar das drogas para a prisão e repetir a dose. Talvez gastasse um pouco de tempo se alimentando de restos de comida de latas de lixo. Teria lesões. E piolhos na cabeça.

Ao se dar conta de que me esfaqueara e presumivelmente me matara, Nicolas se sentiu tão culpado e se cagando tanto de ser pego e mandado para a prisão que permaneceu sóbrio, esperando que a polícia o encontrasse. Mas, como as autoridades nunca apareceram nem o assassinato foi noticiado pela mídia, Nicolas viu isso como um sinal de Jerry e percebeu que tinha tido a oportunidade de começar uma nova vida, de maneira que resolveu entrar para

o Monastério Ortodoxo de Saint-Nicolas, localizado nas montanhas do sul da França.

Sua sina meio que mudou no momento em que me feriu, mas eu estava tão preocupado em consertar minha vestimenta humana e, depois, me apaixonando por Sara, que nem me dei conta.

Provavelmente, eu deveria ter ficado de olho em Nicolas Jansen para ver como as coisas iam se desenvolver para ele, mas apenas imaginei que ele fosse passar mais tempo na cadeia do que na reabilitação. Depois, não fico em constante e consciente observação ao que cada um de meus humanos está fazendo. Suponho que isso seja, em parte, o que Jerry estava Talando quando me disse para fazer melhor o meu trabalho, mas estou tão enjoado e cansado de ver a mesma história se repetir mais e mais vezes que tendo a não prestar mais atenção. Como eu faço com Redundância.

Então, hoje, faço um escaneamento rápido e descubro que aquele que seria meu assassino melhorou a sua sina. Ou melhor, eu melhorei a sina dele. Regra #2: Não melhore o futuro designado para ninguém.

Isso não vai exatamente ampliar minhas chances de ser eleito o empregado do mês.

Não que eu tenha feito de propósito. Foi um acidente. Uma reação. Um erro. Mesmo assim, espero que meu papel na melhoria da sina de Nicolas Jansen escorregue pelas fendas sem que Jerry tome conhecimento do que aconteceu. Além do mais, estamos falando em entrar para um monastério. Não é como se Nicolas Jansen estivesse prestes a ser canonizado.

Então, não há nenhuma razão para que Jerry perceba, não a menos que ele resolva fazer um controle de qualidade a esmo em seus balanços mensais de predeterminação. Mas Jerry está tão atrasado em suas tarefas que eu não deveria me preocupar.

Então, porque eu tenho a sensação de que algo está errado? - Ei, Fááááááááááááááááááááááááábio.

Um momento depois, Destino aparece ao meu lado, sua crina de cabelos vermelhos descendo pelas costas nuas.

Ela está usando um vestido de seda vermelha, que desliza até seus tornozelos, bem decolado na frente e atrás, e sapatos altíssimos, de bico e salto finos. Pelo tamanho de seu decote e ausência de marca de calcinhas, ela parece não estar usando nenhuma roupa íntima.

Não sei ao certo se é o calor sexual irradiado de Destino ou o fato de estar apaixonado por uma mulher mortal que está no caminho de um maníaco- sexual imortal e ambos estão no mesmo recinto, mas minha vestimenta mortal está começando a transpirar.

- O que a traz ao Harlem? - pergunto, tentando parecer casual.

Ela balança a cabeça em direção a Sara, que está mostrando ao casal condenado a repetir três vezes o mesmo erro as características da cozinha gourmet do condomínio. - Apenas verificando uma de minhas clientes. E você?

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