Capítulo 1

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 Christopher von Uckermann

Cheguei em casa e me apressei para tomar um banho. Hoje teria uma entrevista de emprego em um dos escritórios de advocacia mais renomados da região e eu precisava estar impecável. O cargo era de estagiário, mas estava valendo. Qualquer trabalho na minha circunstância era bem vindo e um trabalho na minha área era como um presente do universo. Eu não deixaria essa oportunidade passar por nada!

Meus pais faleceram em um acidente de carro quando eu tinha 18 anos. Eles me ajudavam a pagar minha faculdade de direito, que por sinal é uma das mais caras da cidade. Desde então, pelos últimos dois anos, eu tenho trabalhado como um maluco para conseguir manter as contas e de quebra cuidar do meu irmão, que tem apenas 6 anos.

Todos os dias eu levantava às 4h da manhã, deixava o Martín na casa da Allie — nossa vizinha que me ajudava a tomar conta dele —, pegava a minha moto e ia ao trabalho. Eu fazia entregas diárias em uma padaria para algumas pequenas empresas da redondeza que faziam seus cafés da manhã, raras vezes algumas festas e, principalmente, para as senhoras da vizinhança que não conseguiam ou não podiam ir à padaria. Depois disso, eu voltava para o estabelecimento e ajudava em tudo o que era necessário atrás do balcão. Saía de lá às 14h e voltava para casa. Tinha algum tempo para descansar e passar com o moleque até dar a hora de ir para aula à noite.

Estava conseguindo manter o controle das coisas até que meu horário de trabalho foi reduzido para as dez e meia e junto com ele o meu salário, tornando impossível continuar pagando a faculdade. O dinheiro agora só dava para pagar as contas da casa, nada mais do que isso. Atrasei um pouco o pagamento do curso, mas não iria desistir do meu sonho.

Escolhi no meio das poucas roupas uma camisa branca, coloquei meu único terno e uma gravata preta, arrumei o cabelo e me olhei no espelho. Gostei da imagem refletida.

— Esse emprego vai ser meu! — falei para mim mesmo.

Graças a minha moto, cheguei no prédio da empresa às onze e dez e a minha entrevista estava marcada para às onze e meia. Encarei aquele lugar com uma única certeza, a certeza de que o estágio seria meu. Respirei fundo e ajeitei minha postura.

— Não vai ser dessa vez que eu vou trancar o meu sonho.

Entrei no lugar e ele parecia ainda maior por dentro. Era um prédio comercial que abrigava mais algumas empresas e isso tornava as coisas por aqui ainda mais interessantes. Parei na recepção onde uma morena estava me encarando firmemente como se fosse me devorar a qualquer segundo. Naquele instante tive uma outra certeza, a de que poderia me divertir bastante neste lugar, depois de efetivado.

— Olá... — disse tentando ler seu nome no crachá. — Maite! — ela sorriu e assentiu. — Me chamo Christopher von Uckermann. Tenho um horário marcado com o Dr. Gutiérrez. — meu tom de voz saiu levemente arrogante.

— Olá, senhor Uckermann! Preciso do seu documento, por favor. — ela disse exageradamente solicita.

— Ok. — respirei pesado enquanto pegava meu documento em minha carteira.

— Obrigada! — Maite pegou o documento e logo passou a digitar algo no computador. — Agora preciso de um sorriso. — eu a encarei com a sobrancelha arqueada. — É para registro de segurança, senhor. — assenti e encarei a webcam apoiada em cima da bancada. — Prontinho! Sétimo andar. — ela me entregou um cartão.

Passei pela catraca e fui em direção ao elevador. Fiquei aliviado por estar sozinho ali. Eu estava nervoso, mas a postura precisava ser mantida, era tudo ou nada.

Quando sai pelo elevador, dei de cara com um hall enorme que me deixou intimidado por alguns segundos. Antes que eu pudesse me perder em algum devaneio, me dirigi à mesa de outra recepcionista ou algo do tipo. A loira era linda e tinha um par de olhos azuis encantador, diria hipnotizante. Só tem mulher bonita nesse lugar.

— Olá! — ela disse assim que parei em sua frente e eu assenti. — Christopher von Uckermann? — a moça falou logo depois de ter mexido em seu computador.

— Exatamente. — falei áspero. — Tenho um horário com...

— O Dr. Gutiérrez. Sim, está escrito aqui. — ela disse com um leve tom de deboche. — Ele está em reunião agora. Sua sala fica seguindo no final do corredor à direita. Mas como você está levemente adiantado... — mais um deboche que me fez quase revirar os olhos. — Então, pode tomar um café à sua esquerda. Fique a vontade. — ela sorriu.

— Com certeza. — disse virando as costas.



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