Capítulo 3

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Christopher von Uckermann

O Dr. Gutiérrez era um advogado absurdamente inteligente e respeitável. O cara era um gênio quando o assunto era direito civil, minha maior paixão, e tributário, o que me traria lucros.

Tirando meu quase desespero e a trombada com uma ruivinha muito bonita, mas extremamente estabanada — por sorte ela não sujou a minha roupa com aquele café — tudo estava sob meu controle. A entrevista tinha corrido tranquila e eu tinha mostrado o meu melhor. Então, a frase mais esperada saiu da boca dele.

— Senhor Uckermann, seja bem-vindo à nossa família! — ele se levantou e esticou sua mão.

— Obrigado, doutor! Prometo não decepcionar. — Me levantei também e apertei sua mão para selar o primeiro contrato entre nós.

— Bom, as coisas aqui são tranquilas, não agimos com superioridade e realmente somos uma família. Sei que você vai se encaixar e fazer bom proveito de todo o aprendizado. — Assenti com um sorriso presunçoso. O Dr. pegou o telefone sobre a mesa e apertou um botão. — Dulce, venha até a minha sala. Já temos um novo estagiário. — Eu estremeci. Ele contornou a mesa e se aproximou de mim. — De antemão, já aviso que o trabalho é árduo e pesado, senhor Uckermann. — Ele me fitou.

— Eu estou aqui para isso, Dr. Medo de trabalho é a última coisa que eu tenho. — Ele concordou discretamente com a cabeça e deu umas batidinhas de leve no meu ombro.

Sem demora, a tal Dulce entrou pela porta e eu me virei para encara-la. Fiquei um pouco surpreso ao descobrir que era a estabanada do café e contive um sorriso.

— Christopher, essa é a Dulce Maria, minha secretária. — Dr. Gutiérrez apontou na direção dela e a encarei como se não tivesse reparado antes em sua entrada na sala. Sorri largamente e acenei com a cabeça. — Ela vai te ajudar com o que você precisar durante os primeiros dias de adaptação. Dulce trabalha aqui há quatro anos e é uma das nossas melhores funcionárias, conhece tudo. — Ela forçou um sorriso e era nítido que queria me matar, então, permaneci com os dentes bem amostra.

Isso seria divertido. Tinha como o dia melhorar?

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Dulce María

Deus só podia estar brincando com a minha cara, não tinha outra explicação. Não estava acreditando que precisaria trabalhar com um imbecil que nem é advogado ainda e, para ajudar, age como se ele fosse o dono do mundo. Respirei fundo e encarei o tal estagiário que estava com aquele sorriso ridículo estampado na cara. E lá vamos nós!

— Senhor Uckermann, pode me acompanhar, por favor? Vou te apresentar a empresa e ao final do dia você vai passar no recursos humanos para acertarem tudo. — tentei ser o mais simpática possível, mas sentia que estava falhando miseravelmente.

— Tudo bem. — ele se voltou para o Dr. Gutiérrez. — Mais uma vez, doutor, muito obrigado! — disse cumprimentando o advogado, que sorriu para ele de maneira discreta.

— Me agradeça com seu trabalho. A confiança você já tem. Agarre esta oportunidade com unhas e dentes. — não pude evitar de soltar um riso discreto.

Nós saímos da sala e o meu tédio por ter que acompanhar o tal estagiário metido a advogado era nítido a quilômetros, vide por Anahí que ria da sua mesa mesmo sem entender o que estava acontecendo ali.

— Bom, Uckermann, essa é a minha mesa. Você vai passar muito tempo aqui. — ele franziu o cenho. — Ninguém entra na sala do doutor Gutiérrez sem passar por mim e digamos que essa é a primeira e última vez em que você o viu. — sorri debochada. — Ele passa tudo para mim, eu repasso para você, você me devolve e eu entrego ao doutor. Simples assim! Entendeu? É impossível de errar. — conclui com um sorriso forçado.

— Ótimo! Então, tecnicamente, você também é a minha secretária? — ele soltou isso de maneira natural e arrogante. Não consegui me controlar e gargalhei. — Não entendi a graça. — o garoto continuava sério e totalmente perdido.

— Eu... — apontei para mim. — Sou a secretária do dono deste escritório, não do... — medi ele de ponta a ponta. — projeto de estagiário. Se contente com a minha ajuda. — ele ia falar, mas o cortei. — Sua mesa fica naquele cubículo ali. — apontei para um espaço que continha uma cabine aberta de meia parede contornando uma mesa. — No recursos humanos eles vão te entregar a chave das gavetas e você terá liberdade de decorar o lugar como quiser. — ele respirou pesado e decidiu ficar mudo.

Depois de toda a apresentação do prédio, ele parecia animado, o que era ótimo e tornava meu trabalho três vezes mais fácil. O problema estava na sua prepotência e arrogância. Aquilo poderia fazê-lo tomar o maior tombo da sua vida e eu faria questão de assistir de camarote.

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