Capítulo 20

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Dulce María

Eu me mexi e abri os olhos um pouco sonolenta, sentindo um perfume gostoso que era conhecido. Percebi que não estava no meu quarto e sentei na cama o mais rápido que pude. Minha cabeça latejou.

— Au! — levei as mãos às têmporas. — Droga de gin. — respirei fundo.

Observei todo o quarto e não o reconheci. Olhei para baixo e, ponto positivo, eu estava vestida, o que me fez agradecer mentalmente. Comecei a rezar, porque eu não tinha noção de onde eu estava. Levantei da cama e respirei fundo. Andei devagar até a porta e tudo estava escuro. Deveria ser madrugada ainda. 

— Ok! Hora de descobrir onde eu estou e achar meu celular. 

Sai do quarto pé ante pé. Eu não reconhecia aquele lugar, nunca estive aqui antes e nada fazia sentido. Passei em frente a uma porta entreaberta e ali meu coração disparou. A primeira coisa que eu quis fazer foi gritar, mas meu instinto me segurou. Enchi meu peito de ar e soltei de uma vez. Aquela cena era linda! Christopher estava deitado com uma coisinha minúscula jogada sobre ele. Naquele momento, meu coração se encheu de ternura e fechei a porta lentamente para não os acordar. Christopher, provavelmente, acordaria em algumas horas para levar Martín para a escola.

Fui para a sala e vi uma quantidade absurda de brinquedos e fotos espalhadas. Meu celular estava em cima do sofá. Quando o peguei, ele ainda tinha um fio de bateria e o relógio apontava 4h15. Passei a ajeitar as minhas coisas e sem querer eu chutei um dos brinquedos do pequeno.

— Merda!

Antes que eu pudesse fugir correndo dali, Christopher apareceu sonolento, usando apenas uma samba-canção e eu senti meu corpo inteiro esquentar.

— Fugindo? — ele perguntou com uma voz mais grave que o normal e senti os fios atrás da minha nuca arrepiarem.

— Deveria? — ele riu.

— Com certeza! — eu senti meu rosto esquentar. Com certeza eu falei demais na noite anterior. — Gostei de saber um pouco mais sobre... Paco? — assenti e ele fitou o relógio em cima do hack, arregalando os olhos. — Dulce, sei que não é nada educado, mas vou tomar um banho que eu tenho um... É... compromisso. — Christopher estava nervoso. 

— Às 4h30 da manhã? — ele concordou. — Não se preocupe, estou indo. 

— Me desculpa, tá? Mais tarde conversamos? Te explico tudo o que aconteceu com calma, se quiser vir jantar aqui em casa, não sei. Te apresento Martin e tudo fica tranquilo.

— Olha, Christopher, tudo foi um grotesco erro e eu preciso te pedir desculpas por te atormentar. — falei depressa me virando em direção a porta.

— Jantar, Dulce! Hoje, aqui em casa. — ele gritou e eu o ignorei. — Eu sei que Paco não existe.

Eu parei e não olhei para trás, com vergonha o suficiente do que poderia ter acontecido, e fui para minha casa. Eu jamais conseguiria dormir de novo.

Extraño-TeOnde histórias criam vida. Descubra agora