Extraño-Te

Capítulo 4

Christopher von Uckermann

A secretária do Dr. Gutiérrez era gata, mas também era debochada e um pé no saco. Não estava pegando nem um pouco leve comigo. Dulce tinha passado cinco pilhas de processos para eu revisar e dentre elas tinham algumas peças para que eu usasse como modelo. O prazo de entrega era no final do dia e o meu rendimento estava lento.

A minha nova rotina estava bastante puxada e eu me encontrava quase dormindo afundado em papéis. Já não tinha mais muito tempo de descanso entre um emprego e outro, os trabalhos da faculdade estavam começando a se acumular e o Martin sentia falta de passar algum tempo comigo. Mas, na medida do possível, eu estava conseguindo levar tudo bem. Os poucos momentos de descontração que eu tinha no escritório envolviam as trocas de provocações com a ruivinha. Ela ficava meio maluca, às vezes, e isso era divertido.

Quando deu o meu horário de saída, eu ainda não tinha terminado de revisar os processos, mas precisava devolvê-los de qualquer jeito. Então, juntei tudo e decidi deixá-los com Dulce como se estivesse tudo em ordem.

— Senhorita Saviñon? — ela girou na cadeira e me encarou. — Estão prontos. — larguei os processos em sua mesa.

— Ótimo! — ela olhou em seu relógio e sorriu. — Pontual! Merece uma estrelinha. — seu tom era infantil e eu revirei os olhos.

— Muito engraçado de sua parte. — sorri forçado. — Estou indo. Qualquer coisa, me liga. — pisquei para ela, que fechou a cara.

Saí em direção ao elevador e, quando a porta se fechou, um suspiro cansado saiu de mim. Hoje, eu tinha chegado a conclusão mais sincera e justa para mim e meu sono, mataria aula para descansar e seja o que Deus quiser! A porta se abriu e a felicidade de saber que eu estaria dormindo em meia hora encheu meu peito de alegria. Isso seria necessário.

Ao sair do prédio, ouvi meu nome soar em uma voz feminina e quando me virei, não evitei o sorriso.

— Uckermann! — Maite disse se aproximando.

— Olá, senhorita. — acenei com a cabeça.

— Como está o estágio? — ela soou tão simpática que chegava a ser cômico.

— Cansativo, porém produtivo. E as coisas por aqui? — tentei parecer educado, mas só queria sumir de lá.

— Entediantes, como sempre. — ela fez careta e eu assenti. — Ér... eu queria saber, se... É... Você topa sair comigo qualquer dia desses. — segurei a gargalhada e a substituí por um sorriso. A menina estava nervosa, mas tinha atitude. Isso era admirável.

— Claro! Podemos marcar, com certeza. — ela sorriu aliviada. — Mas agora eu preciso ir. Amanhã nos falamos melhor e marcamos isso, tudo bem? — ela concordou com um sorriso de orelha. Quando me inclinei para beijar seu rosto, vi a Dulce de longe nos encarando. Voltei a olha para Maite e ela estava levemente corada.

Comecei a rir discretamente, coloquei meu capacete e subi na moto.

— Graças a Deus! — falei, enquanto dava partida.

Chegar em casa e arrancar aquele terno era a coisa mais prazerosa da minha vida. Tomei um banho rápido e nem me atrevi a olhar para os armários e geladeiras. Eu sabia que ali não tinha nada. Aproveitei que o Martin ficaria na Allie até as 22h, então, me joguei na cama e apaguei.